Arquivo da tag: amor

Mais do que imaginava amar

Era só mais um de nossos cafés-da-manhã, acompanhado de biscoitos e uma conversa trivial em mais um sábado qualquer. Aquela padaria vivenciava outra vezes nossos olhares de cumplicidade silenciosa. Olhares que muito dizia, mas apenas a nós. Você lendo algumas notícias, enquanto tomava sua xícara de café amargo acompanhada de um pãozinho de queijo quente e recheado, e eu lá planejando nosso dia, bebendo meu chocolate quente com uma tapioquinha. 

Era uma manhã fria de sol, mas meu coração estava quentinho em sua companhia. Não há pressa pra nada, pois sabemos que cada momento é único e pode ser aproveitado de distintas maneiras, mesmo que na sua forma mais tranquila e calma, pois já não somos aqueles adolescentes, que ainda vê no amor uma novidade e que perde todo o fôlego no primeiro olhar. O coração já não soa com o mesmo ímpeto, por conta de cicatrizes vindas de momentos em que rotulávamos como amor, mas ele ainda vibra e dança em sincronia quando se apaixona por uma nova história. 

E eu estava lá por completo desde o nosso primeiro instante, abraçado por um sentimento de felicidade impossível de se medir. E toda essa felicidade, que me envolve e segura firme minha mão para seguir em frente, contém você. 

Se eu pudesse repetir todo o ano que, juntos, vivemos, eu o faria. E em todos os 365 dias que reviveríamos, de novo, eu te amaria. Não mais e não menos, pois o amor que carrego é tão grande que já não cabe em mim, transborda. Ter você, em companhia à minha vida, é saber que serei bem cuidado, com todo o carinho que você me oferta. E eu te ofereço também meu amor, carinho e companheirismo. 
 
Se hoje, mais uma vez, há nossa breve e casual despedida, levo o coração cheio. Volto tranquilo sabendo que, algum dia, esses momentos se extinguirão, pois, algum dia, não muito distante, não apenas em seu coração, serei inteiro. 

 
Eu te amo. Até mais do que imaginava amar. 

Estranhos pelas ruas

Vim como um estranho para vagar pelas ruas, em busca de algum resquício de amor que possam me oferecer. Me prometeram que haveria algum por aí, mas vejo tudo cinza. Disseram que todos estavam prontos pra isso. Estavam? Pois o que vejo é indiferença espalhada pelas imensas obras monocolores de cimento impenetrados por qualquer afeto. 

Por que viemos espalhar amor se nada nos ensinaram? É um sentimento muito bonito para se compartilhar de qualquer jeito. Será que desistiram de seguir com sua missão? Será que é tão difícil para deixarem de se importar tão facilmente? Receberam em mãos uma quantia tão boa, mas deixaram-na se esparramar como areia, sem abraçar ninguém. 

Caminho sem esperanças por aí. Talvez alguns de nós tenha desistido por sentir que é tudo em vão. Eles não se importam com algo tão simples, é só detalhe. Correm por aí como loucos, por sempre estarem sem tempo. E o que fazem que o gastam tanto? É possível viver com sossego? 

Mas, mesmo que eu não encontre aqui nas ruas, há um pouco em meu peito, de estranhos, como eu, que me encontraram pelas ruas e seguem a meu lado para colorirmos um pouco o chão cinza com esse sentimento. E eu sorrio por terem me acolhido, mesmo conhecendo meus defeitos. Não precisa de muito, basta priorizar o respeito. 

Sente-se e espalhe o que você tem de bom aí dentro. Somos estranhos pelas ruas, espalhando cores pelos cinzas em forma de concreto. 

Image by min woo park from Pixabay

Naquele café

Frente a meu espelho, um sentimento estranho me bate. Um filme antigo se passa de leve em minha cabeça. Não, não parece que tudo se esqueceu. Ainda tenho vagas lembranças. Foi uma breve história, porém intensa e romântica. Hoje, apenas uma brisa amena que não mais me incomoda. 

Hoje, começo uma nova história. Não é estranho que, mesmo sendo a mesma pessoa, nem todos gostam de você? Lembro que era assim. Esse meu jeito simples não agradava aquela velha história que acabara de contar. Agora não. Sou o mesmo para outro alguém que vê com bons olhos quem vejo agora em meu espelho. 

Sabe essa música que está tocando? Ela toca em meu coração. Você a entende? E se eu te dissesse que nem sempre foi assim? Quando antes, em outro relacionamento, era comum eu ouvir coisas tolas sobre ela. Será que era tão difícil de entender o que sinto? Será que era tão difícil de entender que algo sinto? 

Combinamos de ir a um café para conversar. Imagino que você chegaria atrasado, mas não. Você me espera com um belo sorriso e se põe de pé ao me ver cruzar aquela porta. Sento-me ao seu lado e sou contagiado com essa sua alegria. Parece tão bobo, mas não sabe como me faz bem um pequeno gesto desse. Era a primeira vez que eu passava por momentos assim, tão belos. Tão singelos gestos que poderiam melhorar todo um dia. E eu não sei se você pode percebê-lo. 

Você me fala sobre sua família, sobre seu cachorro, sobre seus sobrinhos. Você me conta um pouco sobre sua vida e se interessa em descobrir a minha. Rimos por tantas coisas sem importância e isso me faz tão bem. 

E eu sei que pareço um pouco tímido, mas aquela situação é nova para mim. Ter alguém que possa se importar com algo que achava ser tão banal, pois me habituei a isso. Era assim no meu antigo relacionamento. Nada do que eu dizia parecia importante. Era um gesto egoísta, que só pude entender agora. Acreditava ser algo tão comum. Eu me perguntava: “Que droga! Por que relacionamentos são tão chatos e egocêntricos?” 

Mas você me mostrou que havia flores nesse jardim tão mal cuidado. Vi um pequeno botão se transformar num lindo girassol de esperança. Você se importa com o que eu dizia, você se importa com minhas aflições, você se importa em me ver sorrir. 

E nossos momentos me fazem tão bem que não quero que terminem tão rápido. Você me acompanha até o carro para que tudo se prolongue por alguns minutos. Você demora a se despedir. Quando nossos olhares se desencontram, vem-me, como um furacão, aquele sentimento de parar tudo e correr a seus braços e lhe abraçar para recuperar todo aquele tempo que perdi. Agora eu posso dizer, com toda a sinceridade, que aquele tempo ruim passou. 

Acreditei durante aquele tempo que a única coisa que o amor fazia era partir, queimar e acabar com nossos corações. Mas, foi depois que te encontrei naquele café, que vi que eu poderia recomeçar.

Créditos

Música de inspiração: Begin Again (Taylor Swift)

Imagem de destaque: Designed by ArthurHidden / Freepik

Partilhar com você

O pôr-do-sol estava lindo de se ver. Estávamos os seis sentados naquela areia frente ao mar. Com alguns instrumentos, tocávamos algumas canções que mais gostávamos. Entre uma música e outra, elevávamos o que dizíamos ser uma forte amizade que nasceu só pouco depois de nascermos. E, assim, nascemos. 

Éramos muitos ali, mas meu coração insistia em ouvir apenas a você. Meio a tantos timbres descompassados era o seu silêncio que me fazia sorrir. Sentados em volta da fogueira, sobre aquela areia, a conversa me vinha falha e as respostas me saíam trôpegas, só para não parecer distraído por você. Eu sorria, meio por descuido e olhava ao redor para saber se algum olhar havia percebido. Um sorriso discreto respondia que sim. Enrubesci. 

A noite ia caindo, as estrelas surgindo e o papo ia ficando, aos poucos, mais escasso. Ficamos só nós, dois bobos, sentados sob aquele céu brilhante e generoso. O sono ia me pesando, e meu corpo pedia leito em seus braços, mas você não me deixava dormir. Nem te culpo por querer esse tempo nosso, porque sua companhia era meu carinho e o único desejo que jamais faria era querer te ver aqui sozinho. 

E não me importa quanto tempo nos resta, importa agora só o que é nosso, esse momento que partilho com você. Pois amanhã, quando o dia acabe e for a hora de partir, meu pensamento ainda será você. E não importa se ficarmos distantes, se estivermos mais longe do que Rio e São Paulo ou se pudermos apenas nos falar por áudio, ainda quero estar com você. 

Quando tocar nossa canção, dance, mesmo que desajeitado. Quando tocar nossa canção, cante, mesmo que desafinado. Há lembranças que nos fazem bem, há saudades que valem a pena. Há histórias que ainda há muito que escrever. Porque, se algum dia for pra ser, mesmo que demore alguns anos, a nós a luz haverá de ascender. 

Preso ao que não sou capaz de amar

Por uma peça do destino, preso em meus músculos se fez um sentimento, sempre a tencioná-los quando lembrado. Guardo em mim por anos como um tão bem-guardado segredo, mas que se desperta, se move e se força a sair nos momentos mais profundos de pensamentos passados. Ele vive em mim como um parasita, sugando minh’alma, latendo forte, alimentado pelo meu lado obscuro.

É um sentimento forte que me carrega por todos os lados, que me dá insônia nas noites mais importantes, e que me traz intranquilidade nas horas que mais preciso de paz. Por causa dele, tomo decisões precitadas, por conta dele, lembro de pessoas que não sou capaz de amar.

Penso no perdão. Ele é preciso, quase impossível de ser conquistado. Não digo ‘ser perdoado’, mas perdoar. O rancor bate mais forte. Ódio guardado no fundo do armário, com forte cheiro de mofo, incomoda, de longe, eu, que não quero ser perturbado. O armário sou eu e o mofo me corrói. Vem até mim, segura minhas pernas e não me deixa fugir.

Palavras não ditas, desejos não realizados. Em minha garganta, tudo pra ser dito. Se há vida ou não no alvo, em mim encontra-se muito bem vivo, pois é o rancor quem o alimenta, é meu lado obscuro quem alimenta o rancor. Esse sentimento, ruim, lembre-se disso, é quem te traz à tona aquele que te fez mal, sugando-o para si, que te desperta o que há mais de nocivo em você. E aqui vai um segredinho: por quem você guarda tal ódio, nem mesmo se lembra de você ter nascido.

Agora, uma coisa é bem certa e te digo: o rancor não afeta teu inimigo. É um vírus que te ataca e te consome por dentro. Destrói você e mais ninguém. Não deixe que ele te impeça de viver, vá em frente, enfrente, sem medo. O rancor é uma dessas coisas que não deve vencer. O perdão é difícil, difícil de ser conquistado, mas não desista, meu amigo, pois é só o perdão, o verdadeiro perdão, aquele de coração limpo, é que pode curar você.

A novela de meus sonhos

Com a cara toda coberta de protetor, usando um chapéu estranhamente grande pra me proteger do sol, sujando meus pés naquela areia quente, despreocupando minha mente com aquele cenário maravilhoso de imenso azul onde avisto aquele belo corpo bronzeado se banhando naquelas águas salgadas.

Silenciosamente, vou te amando em minha mente, imaginando nosso casamento e pensando em vários nomes para nossos três filhos, enquanto você passa caminhando com sua prancha. E você nem me olha, como das outras vezes.

O corpo quente e a cabeça mais ainda, vendo a mesma imagem de hoje cedo. Na TV, passa uma comédia romântica em que estamos eu e você. Eu ainda nem sei seu nome, nem se você é herói ou vilão, mas já tenho toda uma imagem perfeita construída, num drama muito bem detalhado com o velho final clichê.

Mas só depois que consigo pegar num sono é que te vejo em meus sonhos. Você me envolve em seus braços e meu mundo fica de cabeça pra baixo. Sinto sua respiração forte em meus pescoços antes de seus lábios poderem tocá-lo, pois não é a primeira vez que te vejo por aqui, nem a primeira vez que te desejo.

E quando acordo, só eu consigo sentir seu cheiro, só eu posso ver sua sombra se movendo pela janela ou seu reflexo me abraçando no espelho, só eu posso sentir sua pele tocando a minha, quando na verdade nem aqui algum dia você pudesse imaginar estar, pois só em meus sonhos que podemos estar juntos, enquanto acordado vivo num sonho eterno.

Hoje  estou novamente no mesmo pedaço de areia quente, esperando você aparecer no imenso azul com sua prancha prestes a surfar. Já ligo meus pensamentos no final do último capítulo para dar seguimento próximo. A trilha sonora começa a tocar enquanto me perco em nossa vida, mas você simplesmente não aparece e uma tela sem sinal fica vagando. Essa telenovela precisou ser interrompida para sempre, pois não poderia continuá-la sabendo que nunca mais te veria.

Segurando suas mãos

Pequeno fio traçado numa folha em que se rascunhou tantos futuros. Frágil contra uma borracha, capaz de transformar tudo num borrão. Destino tão incerto como o curso de uma estrela cadente. Parece certo seu percurso unidirecional. Seria lindo se nenhum planeta entrasse em órbita naquele momento.

E nossa estrela cruzou pelo céu. Fizemos um pedido. Em seis meses, minhas mãos, vestidas de um azul escuro formal segurariam as suas em um vestido tão branco que jamais pude imaginar. Dia tão aguardando, com tantos olhos a nos acompanhar, um vinho, um bolo, um violino e flores pra tudo que é lugar.

Seu sorriso seria a última coisa que eu teria antes de selarmos nossas vidas com um beijo, suave, alegre, apaixonado. Seu perfume se encontraria com o meu e se faria presente por toda a eternidade. Eu teria o prazer de ver você e mais três outras pequenas criaturas feitas à semelhança de um casal feito sob medida ao outro.

Mas aquela estrela nunca chegou ao seu destino final e nosso pedido nunca foi ouvido. Estou segurando sua mão, mas não no contexto em que havia lhe prometido. Vejo as mesmas flores espalhadas, os mesmos olhares ali no recinto, mas não bolo nem vinho. Seus olhos estão fechados, não há perfumes, nem seus lábios estão sorrindo. Meu rosto está banhado por lágrimas. Onde tudo isso foi escrito?

Eu poderia viver por um milhão de ano e por um milhão de anos eu seguirei te amando. Sei que algo não nos queria juntos, mas, que raios, pela primeira vez, eu não queria seguir essa regra tão idiota. Queria eu borrar com uma borracha bem grande o que o lápis do destino escreveu por cima de nosso borrão.

Não, não era pra ter sido assim. Não houve um fim para nossa história, não foi esse final que pedi. Reescrevam essa história, anunciem outra temporada, eu quero, eu preciso, eu desejo você de volta para mim. Que seja aqui ou em outro plano, nossa história não termina assim.

A vida é um drink, o amor, uma droga

Oh, Anjo! Leia minha mente lotada de preces. Eu preciso de você, pois me sinto tão pesado. Esta correnteza me leva tão depressa e o fôlego parece tão distante de meu alcance.

Olho pra cima em direção a um céu claro, porém turvo. As pálpebras pesam e minha cabeça se descontrola. Parece que estou levemente mais quebrado que ontem ou serão as dores de minhas costas arranhadas? Não há como me livrar disso.

A vida é uma bebida, mas o amor é uma droga. Ele nos joga em mundo perfeito e relaxante. Nossas defesas se abaixam e nos entregamos. E nos deitamos. Sentindo a calma de um tapete de veludo, em que podemos nos esfregar como se fosse a melhor sensação do mundo. E o amor nos deixa ali, por um breve instante.

Oh, Anjo! Você já me levantou outras vezes, mas estou novamente nadando contra essa correnteza em vão. O amor me jogou de novo e eu não estou gostando disso. Mesmo acostumado, essa droga em demasia não é meu desejo. Faça-o parar antes que me leve daqui. Quero dizer adeus a esse vício, que me consome e bebe um pouco por dia de minha alegria, rasgando-me aos poucos até meu gélido descarte. E depois procura sua próxima vítima – quando esta não sou eu novamente.

E ele nem se importa com o estrago que faz.

Agora só preciso de um pouco mais dessa dose, mas não tenho ânimo de tomá-la. Tome um drink por mim e tente me fazer voar com outras asas, aquelas já estão velhas. Eu não sei nadar, então me ensine a voar pra bem longe e seguir para qualquer outro rumo melhor, antes que o sangue verde em minhas veias escape pelos meus dedos. A vida é um drink, mas o amor é uma droga. O vício não é uma escolha.

Que seja bom pra nós

Algo vem me despertar de um sonho bom que tive contigo. Olho para minha cama gigante e passo a mão num lençol frio e amarrotado. Meus olhos vão se abrindo lentamente à sua procura. Ao vencer a preguiça, finalmente, olho para o lado e me encontro sozinho, com os pés gelados. O cobertor está jogado no chão e lá fora chove. Levanto-me, vou à janela e vejo as gotas de orvalho escorregar pela vidraça. Ponho a mão e meu rosto contra aquela parede transparente que me separa do exterior de minha habitação. Minha mente viaja por um instante. Não, eu não devo partir.

Talvez fosse esta mais uma história de solidão, mas meu olfato sente o doce odor de um café sendo preparado. Meu sorriso se reflete naquela janela e o calor abraça meu corpo. Ouço gavetas se abrindo e talheres tilintando ao longe. Saio do quarto e fico ali, à espreita, observando quem abraçou minha solidão. Sorrio novamente, e, dessa vez, a imagem de alguém sorrindo reflete em meu coração. O mesmo sorriso que me despertou de uma lágrima, vestido com tão poucos trajes, preparando aquela bebida escura e amarga.

Devagar, me aproximo. Envolvendo aquele corpo num abraço, enquanto beijo sua nuca. Recebo novamente seu sorriso enquanto uma torrada nos é preparada. O silêncio não foi quebrado. O que nem era preciso, pois nossas almas se conectavam ali e um sabia o que no outro faltava.

E eu fiquei ali, sentindo seu cheiro, me perdendo em meus pensamentos, quando ainda éramos isolados pelo mundo. Você ali, sob o sol escaldante, o rosto sujo e o corpo suado e marcado pelas mentiras de quem um dia prometeu ser. Suas asas caídas e feridas não te permitiam mais voar.

Eu, em minha bondade, sentei-me ao seu lado e lhe disse algumas palavras. Alguma luz em mim me fez tocar seu coração. E você apenas me ouviu, com sua paciência. Eu nem sabia porque estava dizendo aquilo, mas sabia que era algo que você precisava ouvir. Pela primeira vez, você entendeu que sua asa quebrada não era sua culpa. E seu coração, tão quieto, me agradeceu.

Mas antes que seus lábios pudessem se mover, eu já estava de pé, caminhando para longe. Você, com o dom que alguém jamais teve, me viu de mãos dadas com minha solidão.

E você não me deixou partir.

Levantando-se em sua paz renovada, seguiu-me, cuidando de mim por alguns instantes. Quando me dei conta, estávamos frente ao outro, trocando um olhar sereno. E, no meio da multidão, naquela avenida barulhenta e lotada por pessoas sem cor, se fez nosso primeiro abraço. O que era breve, nos pareceu eterno.

Tomamos um café, trocamos nossos telefone, jantamos juntos. Dançamos muito naquela noite. Nunca mais nos separamos. Meu pensamento retorna, mas meu corpo continua ali, parado, sentindo seu cheiro e seu sorriso.

Vamos para a mesa de café e nos sentamos. “Como foi seu dia?” quebra nosso gelo. A conversa era animada e a refeição estava deliciosa. Nossas mãos esquerdas, onde reluz um pequeno aro dourado, se encontram. Se o tempo se abrir, será um belo dia para um passeio no parque.

Algo me veio despertar naquela manhã fria de domingo. Eu estava só na minha cama gigante e amarrotada. Procurei por você e não te encontrei. Mas você estava ali, na cozinha, preparando nossa primeira refeição. Não, não mais havia solidão. O que havia era apenas o caminho que nós dois escolhemos ser.

Para sempre e verdadeiro, o amor companheiro

O princípio de um amor inocente,

Pode ser um tanto bobo pra quem olha

Um sorriso, um gesto, um vinho, um poema

E o telefone que toca toda hora.

 

O amor inocente, sincero e verdadeiro

Não consegue se desgrudar por um ano inteiro

É primavera, no outono, no verão e até no inverno

É primavera de janeiro a janeiro.

 

O amor, feito de um sorriso,

Pode vir escrito na areia, num coração gigante

Pode vir em contos, música ou romance

Pode vir iluminado por um sol estonteante.

 

O amor, em outras palavras,

Inspira melodia, poema e até verso cantado

Mas o que importa com toda certeza

É quanto dele se tem guardado.

 

Mas o amor pode ter suas fraquezas

Repleto de algumas impurezas

Quando algo não vai bem, tem que ter paciência

Isso também faz parte de sua natureza.

 

Só que não é de qualquer amor que quero falar

Nem de livros, filmes ou romances de outrora

Sabe esses dois jovens que há pouco se casaram?

Pois é, conto aqui um pouco de sua história.

 

Ele, crescido na roça

Tornou-se um bom pescador

Com seu sorriso e sua simplicidade no anzol

Pescou pra sempre o seu amor.

 

Ela, com seus livros de capas tão belas

Apanhou aquele de suas mais adoráveis memórias

Era um livro com muito a se escrever

Era o livro para registrar suas felicidades em forma de história.

 

E eu vi esse amor crescer

Gritar, rir, fazer tudo a pena valer

Eu vi vocês dois sorrindo

Eu vi a felicidade florescer

Eu vi no brilho de seus olhos

Eu vi a primavera florescer

Eu vi o grafite desenhando

Eu vi um mar de peixes se encher.

 

E eu, com tanto carinho,

Escolhido para os apadrinhar

Peço, com fé em Deus,

Para esse amor inocente sempre abençoar.

 

Felicidades a vocês,

Bianca e Marcel

Do infinito ao além

Do mar até o céu.

Um Gesto Qualquer

Contrário ao velho ditado “Antes só que mal acompanhado”, ouço de minha prima que “a gente se acostuma a viver com a pessoa que está”.

Relacionamentos vazios, implantando a rotina, tornam-se normais. O que importa de verdade?

Conto-lhes o que a esta disse certa vez que, frustrada em meu ombro direito, pôs-se a reclamar por estar com alguém que pouco lhe despendia atenção.

Reflita comigo: Estou em um relacionamento agradável?

Olhe seu parceiro neste instante. Qual seu papel? Qual sua prioridade? Futebol, sexo e filmes de ação são as únicas coisas que lhe importam?

Solidão te impõe medo? Essa relação deveria te assustar mais. Quantas noites mais você pretende aguentar?

Você se queixa e sempre das mesmas coisas, todos os dias. Ele apenas “dá de ombros”. “Calma” e tudo volta ao normal. E assim, segue…

Você não o ama de verdade, você apenas se submete às suas vontades. Ele te dá carinho e o amor para conseguir o que quer. Quando não importa mais, você lhe abre um sorriso e lhe pede que estenda uma mão. Mendiga um gesto qualquer que ele ignora. Nada lhe importa mais. Talvez te procure amanhã para mais do mesmo.

Entenda sua situação e não se humilhe. O papel de um não pode ser apenas provisão. Respeito, cumplicidade, companheirismo. Ei, você sabe o significado dessas palavras?

Agora, me responda: É isso mesmo o que você quer para toda uma vida?

Longe de mim, encontrei o amor – Part III

            A natureza escutava umas palavras feias. O jovem rapaz se esbraveja ao gritar um palavrão numa estrada inóspita, num calor de 42º C. O motor do carro havia parado.            A cena que vemos é a de um homem nervoso saindo do carro, pisando fundo por aquela estrada de terra, enquanto sujava seu tênis branco, após bater furiosamente a porta do seu velho automóvel.

            − Essa lata velha tinha que me deixar na mão justo hoje? – Ele gritava enquanto abria o capô do carro, deixando uma fumaça preta se exalar do motor.

            De longe, notava-se a raiva de um homem se espalhar pelo nada. Nada. Absolutamente nada era o que tinha naquela estrada. Não havia um borracheiro, um posto de gasolina, um mecânico ou mesmo uma mercearia. Apenas nada. Um homem, sua raiva, seu carro parado e mais nada.

            − Você tinha que me deixar na mão justo hoje? Depois de viajar por tantos quilômetros nessa estrada esburacada, vendo tantos acidentes e torcendo pra não ser mais um deles, enfrentar toda uma família para, nos fim das contas, acabar só numa estrada como essa? – Ele bateu o capô ferozmente. Era notável que ele não falava do carro.

            E ele soltou um longo suspiro, enquanto passava suas mãos pelos cabelos tentando se acalmar. Chutou um pouco de terra. A poeira subiu até seus olhos e sua boca, o que o levou a uma incomodante tosse e a uma ardente coceira nos olhos.

            E ele tossia. E quanto mais tossia, mais palavrões se ouvia.

            Com a vista prejudicada pela terra, o rapaz virou de forma a chocar sua canela contra o parachoque.

            − O que mais falta agora? – gritou ele.

            De repente, um barulho ao longe. Parecia o motor de um carro. Ele tentava avistar o que vinha, mas sua visão ainda estava prejudicada. Aos poucos, percebia-se que não era um carro, mas vários deles. Sirenes também poderiam ser escutadas ao longe. Policiais se aproximavam.

            − Talvez eles me ajudem – pensou.

            Eles pararam suas viaturas próximas ao carro parado e saíram com suas armas nas mãos.

            − Parado! Mãos pra cima!

            Não era mesmo o seu dia. Nada havia dado certo e agora estava indo preso por um motivo que ele nem mesmo sabia. Se ao menos não tivesse saído da cama naquele dia de sua viagem, estaria muito melhor agora.

            O rapaz tentava pedir explicações, mas só ouvia um “calado” e um “você está errado, cara”. Para piorar, um dos policiais colocou uma venda em seus olhos enquanto outro segurava seus braços.

            − Fica quietinho que vai ser melhor pra você, rapaz!

            E durante meia hora, aquele tormento o dominou. Parecia uma estrada sem fim, onde só se escutava o barulho do motor, enquanto ele não podia fazer nada.

            Mas chegaram, finalmente. Um dos policiais o tirou a força da viatura e o fez caminhar, enquanto ele permanecia de olhos fechados. Seu corpo tremia, enquanto se imaginava vítima de tantas torturas. Poderia ser seu fim.

            Então, ele foi forçado a parar. Tiraram-no a venda e o soltaram. Aos poucos, sua vista foi entendendo a realidade. De princípio, não fugiu, precisava entender a situação em que se encontrava. Um salão, muitas pessoas, grandes corações vermelhos representados por balões e uma linda moça de cabelos encaracolados e olhos claros a lhe esperar. Uma faixa grande escrita SIM de vermelho. Era a mesma moça que lhe fizera perder horas de viagem.

            E, pela primeira vez naquele dia, ele não quis soltar nenhum palavrão. Apenas sorriu, enquanto seus olhos derramavam algumas lágrimas. Todos ao seu redor assobiavam, aplaudiam e gritavam por seu nome. Eles apenas pararam de fazer tanto barulho quando um rapaz cabeludo de terno e gravata se posicionou ao lado da jovem e, com seu violino, se pôs a tocar, enquanto ela pode declamar:

“Meu pequeno coração, de olhos tão belos.
De forma tão confusa, me desesperei,
Sem reação fiquei.
Deixando-te abalado,
Triste e tão solitário
Era meu pecado, deixá-lo naquele estado.

Mas pena minha essa não seria
Arrependida, uma atitude eu tomaria
E uma coragem de dentro sei que buscaria
Não quero te perder. Não poderia.

Apaixonar-me por ti foi inevitável
Agora, aos seus olhos, eu posso dizer
É certeza que ao seu lado desejarei sempre viver
‘Sim’, é o que eu deveria, desde o início, te responder”.

E ela pouco se importou com o estado sujo do rapaz. Num breve instante, já estava em seus braços, tocando-lhe os lábios, sentindo o doce sabor do seu beijo. E desde aquele dia, sob os gritos, aplausos e assovios de toda a plateia, o jovem casal tornou-se um só.

Primeira parte

Segunda parte

Foto de MART PRODUCTION no Pexels

Longe de Mim, Encontrei o Amor – Part II

Leia a primeira parte do conto clicando aqui

Talvez, você não saiba, talvez não tenha decifrado em meus olhos, talvez você não tenha certeza do que estou sentido, mas sei bem o que você deve estar pensando: “Por que ela fugiu dos meus braços naquela noite?” Agora estou aqui, em meu quarto, triste por uma atitude tão tola.

Fiquei nervosa, eu sei. Todos aqueles flashes e olhares para a minha pessoa. Ah, como eu fiquei tímida, como fiquei nervosa. Meu pensamento quis dizer “sim”, meu coração quis dizer “sim”, minha boca estava quase dizendo “sim”, mas meus pés foram mais rápidos e me fizeram fugir dali.

Devo ter partido seu coração. Não me leve a mal. Quando vejo seu rostinho tão fofo, sorrindo pra mim com o olhar mais inocente do mundo, percebo o quanto ganhei na minha vida.

Já procurei tanto, mas quando estava quase desistindo de lutar, veio meu cúpido e me flechou de tal forma que não pude controlar.

Estou pronta para entregar meu coração a você, pois sei que é digno de cuidar bem dele como cuida tão bem do seu e sei como está disposto a enfrentar tantas barreiras que te aflige para lutar pelo nosso amor. E você não lutará só, pois lutarei sempre ao seu lado.

E era exatamente assim que eu escreveria nossa história. Parece ser tão simples quando rascunhamos lindos desenhos deste maravilhoso conto, apenas desenhando nós dois sentados à beira do mar, vendo o sol se pôr, de mãos dadas, com tantos corações voando, enquanto tocamos os lábios do outro.

Mas eu falhei. E com apenas um tropeçar, deixei que essa folha caísse no mar e se molhasse e ao tentar pegá-la, ela se rasgou, deixando-nos uma lágrima.

Desculpe-me por ter fugido. Agora estou aqui no quarto, desejando que você me dê uma nova chance para que eu possa ver você novamente, com esse seu olhar puro e encantador que me faz apaixonar. Sinto tanto sua falta. Será que não há um meio fácil de dizer tudo isso? Eu me sinto tão mal de estar aqui sozinha, esperando por você…

Quando estava prestes a perder minhas esperanças, eis que uma luz surge e penetra em meu ser.

*

  • Ei, psiu, gatinha…

Escuto alguém me chamar. Olho pela janela e vejo aquele velho amigo seu.

  • Acho melhor você vir aqui agora. Seu namorado está partindo, não podemos perder tempo!

Sem ao menos ter tido tempo de pensar, troco de roupa e corro para seu carro. Ele me explica tudo pelo caminho:

  • Você deu mancada, o rapaz está pensando que você não o quer.
  • Eu não tive culpa, fiquei muito nervosa! Se ao menos pudesse voltar no tempo.
  • Não há com o que se lamentar. Ele ficou muito mal e pegou o carro com a intenção de voltar para sua terra. Pedi que fosse te ver antes para ouvir uma explicação sua, mas ele disse que não acreditava mais no amor.
  • Preciso reconquistá-lo, mas como? Ele deve estar longe agora!
  • Se eu perguntasse a alguns dos meus amigos policiais, talvez saberíamos por onde ele já tenha passado.
  • Você tem amigos policias?
  • Sim, tenho alguns!
  • Tive uma ideia! Por favor, deixe-me no hotel que ele se hospedou. Eu explico tudo pelo caminho.
  • Tem certeza de que isso pode dar certo?
  • Acredite em mim! É minha última chance de ser feliz ao lado dele.

Firework

Hoje acordei com mais uma missão: ajudar um grupo de pessoas abaladas pelo mal da sociedade: o julgamento. Ela não é feliz e quer que nenhum ser vivente seja. Mesmo que deem o seu melhor, sempre haverá algo de errado. Entenda: o erro está neles.

Quanta gente. Nenhuma alegria. Esses olhares tristes me dão certo frio na espinha.

“Vocês estão todos aqui pelo mesmo motivo?” – Perguntei.

A resposta foi única: Não! Cada um alegava uma dor diferente.

  • Minhas amigas são todas magras, saradas, enquanto estou 25kg acima de meu peso. Não consigo um namorado e todos me apelidam de algum animal pesado.
  • Tenho apenas 9 anos e tenho câncer. Meus colegas de escola têm medo de se aproximarem de mim, pois não querem se contagiar com minha doença incurável.
  • Todos os homens da minha família são bem-sucedidos. Eu não. Meu carro é antigo, ganho um salário que mal paga minhas contas, tenho quase 40 e não me casei.
  • Sou gay. Perdi meus amigos quando me assumi, minha família mal fala comigo e os que ainda tentam, dizem que devo me curar, se eu quiser ser salvo ou se eu não quiser apanhar pelas ruas.
  • Sou negra. Tratam-me como uma escrava, como um ser inferior. Já tentaram me estuprar, dizendo que eu vim a esse mundo apenas para servir.
  • Minhas tatuagens e meus piercings não me permitem arrumar um bom emprego, tratam-me como um criminoso, mesmo que minhas atitudes sejam executadas pensando no bem do próximo.

Eram problemas diversos, mas todos provindos de uma mesma razão: a sociedade não os aceitava por serem diferentes. Pressão, por não estarem num padrão. São tantas palavras ruins que é impossível não se sentirem como um frágil castelo de cartas, facilmente derrubado com um sopro.

Com alto e bom som, iniciei meu discurso:

“Prestem atenção no que tenho a dizer! Vocês estão se permitindo afundar num mar de sangue e lágrimas que lhes puxam sem qualquer piedade. Tem sido uma luta difícil com tantos obstáculos, já presentes numa velha rotina. Precisamos sair disso, juntos!

Fechem seus olhos. Tudo está tão escuro, não é? Se vocês repararem bem, perceberão um pequeno ponto de luz, ao longe. Caminhem até ele, façam-no crescer até que sejam capaz de senti-la.

Todos aqui tem algo especial que o torna único. Talvez você ainda não tenha descoberto qual o propósito de seguirem por essa jornada. Eu sugiro que tentem, quebrem mais a cara, arrisquem-se mais. Talvez vocês percam a fé por ser algo tão trabalhoso e não verem um resultado tão breve, mas sei que cada um de vocês aqui hoje, começando pequenos ou não, vão surpreender cada pessoa que teve a audácia de julgá-los, de desacreditarem e dizerem que foram fracos.

E quando vocês reencontrarem a fé, esse pequeno ponto os envolverá. Esse pequeno ponto é a luz que os faz brilhar, que os faz pessoas melhores, que os faz olharem nos olhos de cada um e dizer: eu sou capaz, eu sou vitorioso. E essa luz, brilhando em você, se explodirá no céu, como fogos de artifícios, admirando a todos esses olhos que não fizeram parte de sua luta.

Agora vão! Lutem! A vida é muito curta para vocês lamentarem seus fracassos. É hora de se desafiarem, é hora de conquistar seus troféus, é hora de vencerem.”

À sociedade julgadora, um apelo: vamos parar com as críticas e elogiar mais, ajudar mais, olhar o que há de melhor nas pessoas e fazer desse um lugar melhor para viver? Reflita sobre esses atos. Eu acredito que possamos mudar e fazer a diferença, então: vem comigo. Vamos limpar essa bagunça que deixamos em nossos quartos.

Longe de mim, encontrei o amor

Só mais esse nó na gravata e tudo pronto. O reflexo do espelho agora mostra um novo homem, seguro, forte, feliz e apaixonado. O espelho me apresentava aquele cara tão bem arrumado, tão bem vestido e tão bem penteado.

O frio na barriga me faz companhia, desde que de minha terra parti. Tantos quilômetros rodados só para ver aqueles olhos que me encantaram. Olhos que se fecham quando sorri, que se abrem quando se espanta, que se abaixam quando está triste, que se enrugam quando está brava. Decifro cada sentimento apenas com seu olhar.

Alguns só me fazem criticar. “Tantas mulheres lindas por aqui e você procurando tão longe?”. Eles não entendem que meu coração está lá, que partiu e me deixou pra trás. O que me resta é ir atrás dele, certo? “Você está se arriscando demais, pode partir seu coração e sofrer uma grande desilusão”. Sim, eu sei, estou me arriscando demais, mas, dane-se! Dane-se tudo! Eu vim aqui pra me arriscar mesmo, pra me arriscar por ela!

Pego meu carro, coloco uma música romântica no som e vou cantando com meus pensamentos nela. “Eu quero ser teu sol / Eu quero ser teu ar / Sua respiração” é a nossa canção, aquela que toca em meu coração.

Estaciono próximo ao seu portão. A campainha toca. Aquele velho frio aumenta. “Como você está tão linda”, é o primeiro pensamento ao te encontrar. Seus cabelos encaracolados, aquele vestido comprido e aqueles olhos, ah! aqueles olhos claros que me fazem pirar.

Eu a abraço, sinto seu perfume. Por um instante, fecho meus olhos e aprecio aquele aroma delicioso. Seu toque me faz perder em pensamentos tão profundos que se parasse o tempo naquele instante eu não me importaria. E novamente me pego admirando seu lindo rosto, tão mais belo quanto imaginava ser.

Abro a porta do carro, seguro suas mãos e a espero entrar. Vamos a um restaurante para um romântico jantar. À luz de velas e um violão, me ponho a cantar: “A fonte desse amor veio do seu olhar / Direto pro coração”, ela me fez apaixonar.

E da música no violão se teve um fim, ao contrário do meu coração que continuava a soar:

“Meu carinho, meu ar, meu desejo,
Sei que é um pouco cedo,
Mas algo aqui dentro,
Por ti me faz suspirar.

De terras tão frias
Parti e vivi
Nas estradas por dias
Até poder te encontrar

E Não há palavras que expresse
O que sinto sem medo
Ditas em bom tom
A quem queira escutar.

Me Bate um anseio,
É difícil, mas supero
Esse medo pequeno
Pois algo me faz acreditar.

Que o nosso destino
Você, eu e o carinho
Pra sempre juntinhos
Sei que vamos estar”

Então, segurando uma rosa, o salão se põe em silêncio, todos, na expectativa me vêem ajoelhar, olhar em seus olhos, até que finalmente me ponho a dizer:
“Quer ser minha namorada?”

Música citada no conto:

Conto de inspiração para Daniela e Ariston.

Das mais belas rimas nasceu você

Quando eu era garoto, um vazio sentimento de nome solidão se apossou de mim. Sentia, de longe, um vento gelado batendo em meu peito assim. Meu coração me apertava e aos poucos matava o que me restava enfim.

Parecia um sentimento inacabado, algo que já me fazia acostumado. Meus domingos, em minha cama deitado, apenas me faziam refletir sobre a vida a qual estava destinado.

Mas algo aconteceu naquele domingo tão diferente, tão empolgante. De longe, eu avistava uma bela dama com olhar distante. E com um brilho de esperança, meu coração confiante,  que seria o seu destino, a partir daquele instante.

Tímido e um pouco inseguro, admirei sua beleza até me dar conta de um olhar correspondido e penetrante. Um pouco vermelho, disfarcei com receio, algo nada preocupante. Segurando meus dedos, voamos sem medo por um desconhecido destino vibrante.

E, desde então florescia, o sentimento mais puro, mais belo, mais vívido, com tanta maestria. Tão próximo do meu amor, discreto e ofegante, a minha alma tão triste a sua invadia. Eu não imaginava, mas enfim acreditava: “Sem você nada seria”. O que era esse calafrio que, então, eu sentia?

Foi com você que vi tudo isso acontecer. Da mais triste solidão, eu vi o amor nascer, quando encontrei você. Foi do meu coração que essa rima se fez transcrever. Olho em seus olhos e te pergunto, com minhas mais sinceras palavras: “Pra sempre juntos, iremos viver?”

Quando eu era garoto, um vazio sentimento de nome solidão se apossou de mim. Com o passar do tempo pude perceber que o que me faltava era seu coração para nele por um fim.

Nossa Dança

No meio de um palco, os holofotes nos apontam. Estamos envolvidos numa dança muito apaixonante. Eu olho para seus lindos olhos castanhos e os vejo brilharem pelo meu coração. Seu rosto em minhas mãos, seu corpo próximo ao meu. 

Como você conseguiu estar mais linda do que normalmente é? Sinto seu aroma tão suave, capaz de estimular meus sentidos. A mulher que eu mais amo, não é perfeita, mas me faz completo e é disso que preciso.

Amor, há tanto tempo estamos juntos. Meus sentimentos de amor sincero e verdadeiro crescem a cada dia. Seu sorriso cativante me enche de felicidade. Seus lábios, tão doces, capazes de me provocar num beijo demorado.

Todos assistem à nossa dança, mas para mim somos apenas você e eu. Os holofotes não são nada, quando posso sentir seu coração iluminando o meu. Aproximo nossos corpos para senti-los tão suavemente e assim quero ficar até o fim de nossas noites.

“E se algum dia eu ficar velha? Se eu não puder ser capaz de caminhar sozinha, se minha memória falhar e meu cabelo não parar de cair?”, você me pergunta insegura. Carinho, minhas promessas não são suficientemente claras? Não é seu corpo, mas a sua alma pertence a minha. Juntas flutuam de mãos dadas pela eternidade. Segurarei sua mão para que minha presença se faça eterna. Um sorriso seu todos os dias é meu objetivo e o motivo de me fazer levantar todas as manhãs tão disposto.

Então, meu amor, me abrace agora. Deite-se sobre meu peito, enquanto te faço um carinho e bagunço seu cabelo. Beije-me sob a luz do luar. Faça minha cabeça flutuar e meu coração mais forte palpitar. Nosso amor era a chama que me faltava aqui dentro.

Foto de Polina Tankilevitch no Pexels

Correntes Invisíveis

O mundo ao nosso redor está se desmoronando. Vejo o chão empoçado de sangue. O sangue jorrado por tantas mentiras e injustiças que dominam todas essas pessoas que me cercam. 

Tento me manter forte, mas é psicologicamente impossível. Quase isso. Ataques em demasia provindos de lugares que menos espero querem me ver cair e implorar para que eu seja como eles. Eu me recuso todos os dias. 

Conheço-me bem. Viver todos os dias sob essa pele não é fácil. Minha insegurança me aterroriza, mas aprendo a vencê-la dia após dia para que nada possa me derrubar. 

Percebeu como sou? Sou como você, com medo de viver após cada manhã. Às vezes sinto meu coração quase parar de bater, mas deixo a emoção fugir e a razão fala mais alto. Não permitirei que me tirem a única coisa que tenho. Dignidade. 

Olhe agora nos meus olhos. Você me diz que quer morrer, pois esse seu mundo em que você se trancou está cada dia mais fraco. As trincas já se enferrujaram e a madeira já está toda corroída por esses cupins que nos enchem a cabeça de seus próprios fatos. “Você tem que ser como nós”, é como eles te falam, não é? Eu te entendo. 

Venha comigo, eu não permitirei que nossa morte venha tão prematuramente. Lutaremos juntos para encontrar nosso caminho e eles que se ferrem. Não nos subordinaremos, nem permitiremos que a tristeza nos visite. 

Quebre essas correntes invisíveis envoltas em suas pernas. Se não for capaz, eu até te dou uma mãozinha, mas sua ajuda é essencial.  Pare de se lamentar pelas coisas que você não consegue e pensar que pôr fim nisso tudo é a solução. Eu estou aqui, não estou? Sou a prova de que nós temos um espaço por aqui e invadiremos aqueles há quais ainda não pertencemos. 

Não temos que nos assemelhar a nenhum rótulo. Se somos tão parecidos, melhor caminharmos juntos, não? Portanto, vamos à luta. Não desista de mim. Luto a fim de aumentar minha força, mas se estivermos juntos, esse poder que carregamos se multiplica. 

Então, venha! É hora de recuperarmos nossas vidas e encontrarmos tantos outros que sofrem pelo caminho. Venha! Chegou nossa hora de vencer. 

Image by Comfreak from Pixabay

O Tímido

Sempre assim…
Tímido, quieto, bobo
Sempre na dele
Tão timidamente se esconde
De quem o quer tão bem.

Sempre a mesma história:
É pessimista, triste
E até tem um pouco de depressão.
Solidão?
Sua melhor companhia.

Enfrentar o mundo, é preciso
Mas enfrentar a si mesmo
É essencial
É seu próprio inimigo
E, na melhor das hipóteses, o seu melhor amigo.

Solitário, triste, bobo, tímido
Que seja, mas por dentro
Nós sabemos que é o dono do sorriso mais sincero
Da amizade mais confiável
Do segredo melhor guardado.

Portanto, tímido, não fique chateado!
Se parecer perdido, se o destino lhe parecer amargo.
Você sabe que sempre tem alguém
Que te quer bem
Que é tímido também
E desejaria lhe dar um abraço.

Naquele Café

Frente a meu espelho, um sentimento estranho me bate. Um filme antigo se passa de leve em minha cabeça. Não, não parece que tudo se esqueceu. Ainda tenho vagas lembranças. Foi uma breve história, porém intensa e romântica. Hoje, apenas uma brisa amena que não mais me incomoda.

Hoje, começo uma nova história. Não é estranho que, mesmo sendo a mesma pessoa, nem todos gostam de você? Lembro que era assim. Esse meu jeito simples não agradava aquela velha história que acabara de contar. Agora não. Sou o mesmo para outro alguém que vê com bons olhos quem vejo agora em meu espelho.

Sabe essa música que está tocando? Ela toca em meu coração. Você a entende? E se eu te dissesse que nem sempre foi assim? Quando antes, em outro relacionamento, era comum eu ouvir coisas tolas sobre ela. Será que era tão difícil de entender o que sinto? Será que era tão difícil de entender que algo sinto?

Combinamos de ir a um café para conversar. Imagino que você chegaria atrasado, mas não. Você me espera com um belo sorriso e se põe de pé ao me ver cruzar aquela porta. Sento-me ao seu lado e sou contagiado com essa sua alegria. Parece tão bobo, mas não sabe como me faz bem um pequeno gesto desse. Era a primeira vez que eu passava por momentos assim, tão belos. Tão singelos gestos que poderiam melhorar todo um dia. E eu não sei se você pode percebê-lo.

Você me fala sobre sua família, sobre seu cachorro, sobre seus sobrinhos. Você me conta um pouco sobre sua vida e se interessa em descobrir a minha. Rimos por tantas coisas sem importância e isso me faz tão bem.

E eu sei que pareço um pouco tímido, mas aquela situação é nova para mim. Ter alguém que possa se importar com algo que achava ser tão banal, pois me habituei a isso. Era assim no meu antigo relacionamento. Nada do que eu dizia parecia importante. Era um gesto egoísta, que só pude entender agora. Acreditava ser algo tão comum. Eu me perguntava: “Que droga! Por que relacionamentos são tão chatos e egocêntricos?”

Mas você me mostrou que havia flores nesse jardim tão mal cuidado. Vi um pequeno botão se transformar num lindo girassol de esperança. Você se importa com o que eu dizia, você se importa com minhas aflições, você se importa em me ver sorrir.

E nossos momentos me fazem tão bem que não quero que terminem tão rápido. Você me acompanha até o carro para que tudo se prolongue por alguns minutos. Você demora a se despedir. Quando nossos olhares se desencontram, vem-me, como um furacão, aquele sentimento de parar tudo e correr a seus braços e lhe abraçar para recuperar todo aquele tempo que perdi. Agora eu posso dizer, com toda a sinceridade, que aquele tempo ruim passou.

Acreditei durante aquele tempo que a única coisa que o amor fazia era partir, queimar e acabar com nossos corações. Mas, foi depois que te encontrei naquele café, que vi que eu poderia recomeçar.

-> Indicação: Gabriel Damasceno