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Retorno à leitura e às resenhas

Todo mundo sabe que, toda vez que vira o ano, nós, ou pelo menos, alguns habitantes da Terra, apenas, nos enchemos de promessas com o objetivo maior de nos tornarmos pessoas melhores.

Pois bem. Tendo abandonado o mundo da literatura por um tempinho, este ano, uma das minhas promessas foi voltar a ler livros e trazer resenha sobre eles aqui no blog. Até porque, muitos livros ainda seguem intocados em minha prateleira vasta de romances e ficções embrulhados em criativas e coloridas capas bem-planejadas.

Após ter retornado de minhas férias, eis que recebo a sugestão de ler um dos livros da prateleira de uma tia minha. Como se já não bastassem os milhões de livros próprios que preciso ler, ainda loto com mais um fora de minha propriedade. Por conta de conhecimentos prévios, resolvi escolher um livro da escritora Zíbia Gasparetto, “O Fio do Destino”.

Como eu sei que não terei muito tempo para ler um livro completo, vou me disciplinar para ler, pelo menos, um capítulo por semana. Este, por exemplo, conta com 17 capítulos e eu espero terminar tudo antes que maio comece.

Até o momento, já foram devorados três capítulos. Para que o post não fique tão grande, vou apenas resumi-los:

O Fio do Destino começa contando a história de Jacques Latour e sua família rica (pai, mãe e irmã). Jacques é um jovem bem mimadinho muito bem respeitado (claro, né $$$) pela sociedade, mas que se algo lhe é tirado, então ele fica meio bravinho e vai reclamar com quem possa para conseguir o que é seu de direito, como na vez em que ele foi ao teatro e uma mulher comprou o lugar dele (importantíssima, tratando-se de dinheiro).

Mas, tudo que é bom, dura pouco (ou quase isso). Ao descobrir que está falido e cheio de contas para pagar, seu pai ricaço vai de “arrasta pra cima” e deixa todas as dívidas para os filhos (e a esposa) com o risco de a família ir toda para o Serasa. Então o filho, mimadinho, vai correr atrás dos credores para negociar as dívidas, mas ele percebe que a galera só puxava o saco dele pela gigantesca quantia de dinheiro que ele tinha, por isso, as coisas mudam e todo mundo resolve dizer que quer seu dinheiro agora.

O que será que ele fará, agora que o cara que nunca teve uma carteira assinada, está sem dinheiro?

Veremos nas próximas resenhas.


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Segurando suas mãos

Pequeno fio traçado numa folha em que se rascunhou tantos futuros. Frágil contra uma borracha, capaz de transformar tudo num borrão. Destino tão incerto como o curso de uma estrela cadente. Parece certo seu percurso unidirecional. Seria lindo se nenhum planeta entrasse em órbita naquele momento.

E nossa estrela cruzou pelo céu. Fizemos um pedido. Em seis meses, minhas mãos, vestidas de um azul escuro formal segurariam as suas em um vestido tão branco que jamais pude imaginar. Dia tão aguardando, com tantos olhos a nos acompanhar, um vinho, um bolo, um violino e flores pra tudo que é lugar.

Seu sorriso seria a última coisa que eu teria antes de selarmos nossas vidas com um beijo, suave, alegre, apaixonado. Seu perfume se encontraria com o meu e se faria presente por toda a eternidade. Eu teria o prazer de ver você e mais três outras pequenas criaturas feitas à semelhança de um casal feito sob medida ao outro.

Mas aquela estrela nunca chegou ao seu destino final e nosso pedido nunca foi ouvido. Estou segurando sua mão, mas não no contexto em que havia lhe prometido. Vejo as mesmas flores espalhadas, os mesmos olhares ali no recinto, mas não bolo nem vinho. Seus olhos estão fechados, não há perfumes, nem seus lábios estão sorrindo. Meu rosto está banhado por lágrimas. Onde tudo isso foi escrito?

Eu poderia viver por um milhão de ano e por um milhão de anos eu seguirei te amando. Sei que algo não nos queria juntos, mas, que raios, pela primeira vez, eu não queria seguir essa regra tão idiota. Queria eu borrar com uma borracha bem grande o que o lápis do destino escreveu por cima de nosso borrão.

Não, não era pra ter sido assim. Não houve um fim para nossa história, não foi esse final que pedi. Reescrevam essa história, anunciem outra temporada, eu quero, eu preciso, eu desejo você de volta para mim. Que seja aqui ou em outro plano, nossa história não termina assim.

Roteiro do próprio fracasso

O mundo resolve dar toda a atenção, é hora de mostrar todo seu talento. Depois de ter ensaiado, preparado a voz e repetir, inúmeras vezes, o discurso, ele está pronto para declamá-lo em público. As cortinas se abrem, a plateia aplaude, ele dá pequenos passos, o auditório se cala e é a sua vez. 

Ele olha para todos os outros, nervoso, começa a suar frio, a voz não sai, o desespero aumenta. Seria melhor recuar ou nem ter subido no palco? A plateia ainda espera e ele não sabe o que vai acontecer se falhar. Imagina que todos vão desconstruir toda sua imagem naquele momento, pois este não é o seu lugar. 

Simplesmente, não é o seu lugar. 

Desesperado, foge dali, com seus medos e seus pensamentos negativos. Ele não consegue aceitar que falhou mais uma vez, mesmo ensaiando tanto. As risadas ecoam por sua mente, enquanto corre, aos prantos, sem destino a rumar. Não consegue ser mais um na multidão, é alguém que está aquém dos padrões da sociedade. 

Não consegue se lembrar de tudo de bom que já foi capaz de realizar, do que já fez pelos outros. Nunca parou para pensar nos êxitos que logrou, ou quase. Só pensa naquele momento, em todo seu fracasso, nas falhas que sempre teve. Não percebe que todos são assim, porque só se lembra do êxito deles. 

Não quer mais erguer a cabeça, não pensa em lugar, não pensa em gritar. Não quer saber mais de ninguém, por acreditar que não tem mais ninguém. Ninguém é capaz de tirá-lo daquele buraco que ele mesmo havia se jogado. A vida nunca te dá as mãos, só lhe dá as costas, só pensa em derrubá-lo. 

Não consegue contar seus problemas a ninguém, porque sabe que será motivo de piada. Mas, não permite que outras pessoas se afundem em seus próprios problemas, porque ele não quer ninguém como ele. Não permite que outros chorem, mesmo que lhe custe a própria felicidade. Sente-se sozinho por não conhecer quem o compreenda profundamente. 

Afasta-se dos mais próximos e os transforma em seus piores inimigos. Nada mais lhe importa, não quer mais saber de seguir assim. Continua a atuar pelos palcos da vida, sem ânimo, sem vontade, apenas com a ideia de que nada mais importa. 

Até que um dia, foge do roteiro para rascunhar o que, talvez seja, o fim de sua própria peça. 

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