Todos os posts de Áℓiѕѕση Suriani

Sabe aquele cara que gostar de jogar um videogame, ler um livro, vez ou outra ver uma série, anime ou filme, escutar uma boa música, viajar e relaxar com o verde da natureza? Este sou eu. Viaje comigo neste mundo nerd!

A Herança Mais Rica

Sou filho de um fazendeiro rico, renomado, cheio de terras e cabeças de gado. A mim, nunca faltou nada, sempre pude ter de tudo em minha vida, desde os tempos em que ainda dirigia um belo e luxuoso carro – de brinquedo. Sempre gostei de andar a cavalos, mas nunca tive paciência para alimentar ou cuidar de meus próprios animais, afinal, somos ricos, temos empregados para isso.

Meu pai, apesar de toda sua grana, sempre foi um homem bem humilde, de muitos amigos verdadeiros, tratava todos bem, independente de quanto tivessem dinheiro. Para ele, todos eram como seu igual, com todos possuía boa prosa e quando algum caboclo se fazia de humilde para conseguir alguma grana do velho, logo era embevecido das sábias palavras de meu pai.

Quando este meu pai saía de manhãzinha para tirar leite da vaca e cuidar de seu plantio – sim, apesar de inúmeros empregados, ele botava a mão na massa – chegava eu todo suado da balada regrada de bebidas e pessoas que eu sabia que não me amava. Pois o importante para mim era o status que aquela High Society me proporcionava, por conta dos louros que me eram herdados.

Como era filho único, não tinha com quem competir. Meu pai vivia por suas terras, por isso, restava a mim a parte mais chata da labuta – a de gastar o verde fruto que papai me dava. Ele olhava a toda aquela cena insatisfeito, mas preferia não me proferir uma só palavra, pois ele sabia que delas se faziam ventos e sumiam para o alto das montanhas nevadas.

Mas, um dia ele reuniu forças e me pediu alguns minutos, antes que pudesse sair para outra noitada. Apesar de sempre saber quais pontos tocar com suas palavras, ele sabia que seu filho era um bicho indomado, então aquele momento sempre foi evitado. Entretanto, meu pai já estava velho e cansado e já não sentia tão bem suas pernas, mas reconhecia que era hora de me olhar no fundo dos meus olhos e me dizer tudo que ali dentro estava guardado. Então, ele começou a dizer:

— Filho, ouve bem minhas palavras. Já não tenho mais tanto tempo nesta terra e só tenho a ti para tomares conta de tudo o que tenho. Conhecendo-te bem, sei que não farás jus à herança que te deixo, sei que seguirás com tua vida de bebedeiras, farras e pessoas vazias. Seguirás por esse caminho, enquanto deixarás nossas terras nas mãos de nossos empregados. Aos poucos, tudo se findará e não terás mais ninguém a quem possa te acompanhar. Por conta disso, quero te pedir um favor.

— Tudo o que você quiser, meu bom pai.

Mesmo tão sábio, acreditava que o fim da vida estivesse começando a afetar a mente de meu pai. Ele dizia aquilo como se eu fosse gastar tudo em tão pouco tempo. Sei bem o que estou fazendo, pois já sou um homem vivido e sei me cuidar. Ele foi rumo ao celeiro, onde já não havia galinhas. Entrou, mostrou-me uma forca presa naquele teto de madeira, posto há pouco pelos próprios empregados.

— Vês esta forca? Quero que a use quando te arrependeres de tudo o que perdeste, de não ter escutado teu pai, tão pouco de não teres aprendido as coisas que tentei te ensinar. Quero que me prometas como um último desejo que te faço.

Ria por dentro. Tinha certeza de que papai já estava se entregando a seus últimos momentos, mas prometi, pois sabia que nada aconteceria à fortuna que ele me deixara. Mas, apesar de tudo, eu o respeitava e lhe homenageei da melhor forma que pude dando-lhe um funeral digno, com todos que ele amava, com a melhor banda da cidade e com flores e adornos que ele colecionava. E quando o caixão se fechou, sabia que havia sido enterrada junto a minha melhor parte.

O tempo passou. Aos poucos, o que meu finado pai me disse, foi acontecendo. A grana já era escassa, os empregados já haviam partido, os amigos já não estavam comigo, as terras não eram tão férteis. Eu, antes um belo homem, fui me desleixando da aparência, tomado por uma preocupação gigante. Dormia inseguro, com medo de o amanhã me devorar. Já não via mais sentido no que antes eu acreditava.

“Poxa, pai, foi como o senhor me disse. Todos se foram e aqui vivo solitário, sem qualquer rumo pra tomar. Se tivesse te escutado em vida, talvez tivesse sido um grande homem como você foi. Talvez eu tivesse algo pra compartilhar”.

Então, lembrei-me da forca, posta no celeiro há alguns anos pelos nossos antigos empregados. Um pouco trêmulo, fui caminhando lento por aquele pasto. Olhei ao redor e parei por um tempo. Na fazenda, não havia horta ou flores ou bichos ou qualquer sinal de vida. Suspirei de lamento pelo que o único culpado ali presente havia feito. Então, de cabeça baixa, segui para o celeiro. Abri a porta e ali estava.

O coração batia forte e a forca me encarava. Peguei um banquinho e o posicionei logo abaixo. Então, fiz o que deveria ser feito e dali pulei. Senti um aperto, o corpo entrando em desespero. De repente, um estalo. A corda estava bamba e eu estava no chão. De repente, um monte de pérolas, diamantes, rubis, esmeraldas e outras pedras preciosas caíam sobre mim. Então, vejo um bilhete no meio de todas aquelas pedras, abro e o leio:

— Aqui está tua segunda chance. Faça valer. Te amo, meu filho. Seu já finado pai.

Abri um sorriso gigante enquanto uma lágrima caía. Esse era meu pai! Mesmo depois de ter partido, era mesmo um velho sábio.

 

Texto: “Pai nunca desiste” numa nova versão, numa nova visão

Figurante de seus pensamentos

Sem reação. Corpo paralisado, sem voz, sem visão. O vento canta em meus ouvidos e me recorda o filme que vivemos. Então acordo e entro em desespero. Você era a peça que se encaixava em meu peito, mas seus passos se distanciando me mostravam que, pra você, eu não era o mesmo.

Os amigos estão mais distantes, minha família já não se lembra de mim. Passei tanto tempo viajando em nosso plano, que outros mapas foram deixados de lado. Tracei as melhores rotas para juntos explorarmos, marquei os melhores pontos de um romance tão bem imaginado.

Aos poucos, fui me perdendo, encantado pelos seus braços. Parecia tão verdadeiro, será que havia eu sonhado? Você na carência de uma companhia, com palavras iludidas. Calor do momento ou receio de perder para sempre o desejado?

Você tão indecisa em suas respostas, mas em seu roteiro já vinha em letras garrafais a palavra NÃO. Você já estava com outro alguém, mas surgiu pra mim no intervalo longo de seu romance. Eu era o estepe, o figurante, o cara pra quando não se tinha mais opção. E quando foi embora, me deixou aqui confuso, sem saber pra qual direção.

Preciso de você, mas você prefere não se importar. Tento estender meu braço para segurar o seu, mas ele não se move. Eu quem deveria te prender em minhas asas, mas você prefere seguir com quem não aprendeu a voar. Você deixou meu peito marcado, assim como o seu também está. Você tenta se disfarçar, mas o tolo que você conheceu conhece bem o que você viveu.

“Sinto muito”, é o que você sempre dizia, não pelos seus erros, como eu acreditava, mas por sua incapacidade de me amar. Agora que tudo se esclareceu entre vocês dois, não importo mais. Seu rosto segue seco, diferente do meu e as palavras, um dia ditas, permanecem apenas em mim.

Grito forte de dentro, mas as palavras não saem. O silêncio abafa forte, pois estou paralisado. Meu coração está em chamas e esta não é a primeira vez, mas eu não aprendo, não entendo, mergulho de cabeça mesmo. Esse é o meu jeito de ser.

Corri atrás, implorando pra que você pudesse reconsiderar o tempo em que vivemos juntos ou apenas para ter uma explicação dos equívocos que com você cometi, mas eu não havia percebido de que seu coração nunca me quis e, como resposta, apenas recebi um frio “vá embora”. Foi então que compreendi, sozinho, que você só esteve comigo por não ter aprendido a caminhar sozinha. Algo nunca dito entre seus beijos, seus carinhos ou na paz que você me trazia.

Estou sem reação, paralisado, sem voz e sem visão. Estou no centro de um labirinto, sem destino. “Vá embora”, me repito. Aprenda! Não é assim que se trata um bom coração.

Preciso Respirar

O dia corre aos meus olhos e eu não consigo acompanhar
Mal pisco os olhos e já sobe o luar.
Suspiro assustado, tudo tão depressa,
Todos os dias a péssima sensação
Que não faço nada enquanto a vida está a passar.

Dormir parece tão inútil,
Mas o corpo já não tem energia para tudo realizar
A mente e alma almejam, almejam e almejam
Tanta tarefa procrastinada que me ponho em dúvidas
De onde começar.

Toda segunda já penso: vou começar a me exercitar
Chega a terça, uma matéria nova para estudar
Na quarta, um evento do serviço para participar
Quinta, então, minha dieta já era! Sem forças para continuar
Sexta, dia de sair, mas ficou tanta coisa acumulada da semana
Que fico entre curtir e por as coisas em seu devido lugar.

Aí chega o fim de semana. Muito pra fazer,
Mas nada que vou executar
E aí uma semana a menos,
Eu não sei onde isso vai parar…

E o tempo vai passando
E não me deixa em paz
Vou vendo os dias passando, e eu, confuso,
Não sei qual direção devo tomar.

É tanta coisa, tanta tarefa, 24 horas num dia, sério?
É muito pouco!
E o que fica é que não faço nada
E que não tenho tempo de apreciar mais nada
Sejam coisas grandes
Ou pequenas coisas da vida
Mundo, por favor, pare de girar.

E fica, fica…
O tempo passa
Minha alma fica
Um segundo, por favor
Preciso respirar

Castelo de recordações

Era perigoso andar por esses lados afastados da cidade, numa madrugada sombria, com um céu ameaçando chover enquanto clarões de raios iluminavam o céu, mas algo me levava até lá sob alguma proposta. Não precisei vir de carro, mas a caminhada foi longa. Não possuía qualquer mapa, mas algo me dizia ser aquele o caminho. Não tinha medo.  

No fim da estrada, havia uma casa gigante, que mais se parecia um castelo. Por ali, os raios eram mais agressivos e as trovoadas me ensurdeciam. Uma parte de mim me dizia para afastar, mas outra me encorajava pra ver o que mais tinha. Um terceiro sussurro, distante, tentava me contar que aquela não era a primeira vez que estava ali. Então, me aproximei de uma porta gigante de madeira, toquei o interfone e entrei assim que a porta se abriu sozinha, rangendo. 

A sala era pouco iluminada e os outros cômodos aparentavam ser da mesma forma. No cômodo seguinte havia janelas grandes, pareciam portas flutuantes, que deixavam a luz natural dos raios entrar, revelando alguns quadros presos na parede. Com uma visão um pouco turva e com um clarão que durava menos de dois segundos, via-os rapidamente. Pareciam monstros atacando suas vítimas, visão nada agradável. 

Entrei no terceiro cômodo. Uma cadeira de madeira num pequeno cubículo, a porta pesada de ferro e nenhuma outra saída. Próximo à cadeira, uma corda e algo que lembrava uma corrente. Vi algo pequeno e estranho se mexendo no chão. Talvez, minha imaginação. 

Saí de lá, havia outro cômodo. Correntes novamente, mas presas no teto. Peguei algo no chão que parecia ter sido confeccionado em couro. Era pesado, grosso e parecia ter um metro de comprimento. E em uma última sala, água em um reservatório gigante. 

Mais alguns passos e entro na cozinha. Lá já era melhor iluminado. Vejo uma mesa grande, sozinha, cheia de comida. Como adivinharam, eu estava com fome! Sento na ponta da mesa, arranco a coxa de um frango assado e começo a comer. Bebo um pouco de vinho, engulo uma uva, como um pouco de milho. A fome era tanta que quase não percebo algo gelado tocar meu ombro. Não dá tempo de virar, estou no chão, tossindo forte, sentindo a traqueia se fechar. Aos poucos vou perdendo o ar. Sou levantado bruscamente e levado contra a parede. Minhas costas sentem a dureza dos blocos de pedra e são empurradas contra ela, cada vez mais forte. Mal consigo ver o rosto do indivíduo. Minha condição física quase não permite, mas sou capaz de jurar que vi uma máscara escondendo sua identidade. 

Ele me solta e vai em direção oposta. Parece que vai em busca de algum objeto, disposto a arrancar minha própria vida. Tento me mover engatinhando, mas é difícil se arrastar naquele estado. A respiração cada vez mais difícil. Vomito, era o único jeito. Aos poucos, vou recuperando meu ar e saio atropelando meus próprios passos. Ele percebe e vem correndo em minha direção, segurando seu facão que ainda não estava totalmente afiado. Consigo energia de onde nem sei e vou correndo, até chegar ao salão principal do que se parecia um castelo. A porta estava fechada. Ele adentra o cômodo por outro lado e me olha pacientemente. Estou assustado, suando frio, imaginando o que poderá acontecer e por que tudo aquilo comigo. Ele continuava parado, observando meu arrepio. 

Mas, talvez, a cena mais assustadora que vi naquele dia, foi a que surgiu diante de mim quando uma festa de raios iluminou o céu naquela noite. Deixando totalmente clara aquela sala, finalmente pude observar melhor os quadros decorados naquele lugar. Aquelas salas que antes visitei, eram todas de tortura. Uma pessoa estava amarrada na cadeira com aquela corda, pernas presas pelas correntes e ratos próximos. Era uma pessoa de corpo esquelético e uma cara sempre assustada. Na outra, ela era açoitada por um chicote, de pé, mãos amarradas por correntes. Na última, afogada naquele tanque de água da outra sala. 

Era perceptível que aquela era uma casa de torturas, era perceptível que havia anos que aquela pessoa era torturada. Era provável que aquela tivesse sido a última vítima do monstro que me perseguia, e que seria eu o próximo. Olhei as fotos mais uma vez e vi o torturador e logo olhei para meu perseguidor, procurando certas semelhanças. Então, reparei seus braços marcados por correntes, reparei seus pés marcados por correntes. Reparei sua fisionomia esquelética. Quando dei por mim, estava olhando as fotos na parede mais uma vez. O monstro não se parecia nem um pouco com o meu perseguidor. O monstro, na verdade, era totalmente fiel à minha semelhança. 

Pequeno Foguete

Ninguém quer sair do conforto do edredom naqueles dias frios, não é mesmo? Ainda mais em seus dias de férias. Sair daquele colchão macio e quentinho, daquele escurinho e daquele silêncio, numa segunda-feira… Que dia eu teria outro vidão desses novamente?

Mas, eu me levantei. O chão gelado, meus pés descalços, corpo todo encolhido e o vento frio batendo em minhas pernas nuas. Ainda não entendo porque insisto em dormir apenas de cueca em tão baixa temperatura. Procuro pelo meu chinelo, está debaixo da cama. Ah não! Meus joelhos agora irão tocar aquele solo frio.

Corro para o chuveiro. Na temperatura inverno, espero a água esquentar. Preciso ser rápido entre desnudar-me e deixar aquela água fervente me aquecer. Ali é tranquilo, mas não posso ficar ali pra sempre. Dentro do box é tão quentinho, mas a toalha ficou do outro lado do banheiro. Putz, deixei minhas roupas limpas em cima da cama, que vacilo!

É hora de sair. O hotel está praticamente vazio. Na copa, quase ninguém. Pães, bolos, roscas, biscoitos… pães de queijo, hmm, meus favoritos. Tentei provar de tudo, mas era muita coisa. Um cafezinho e um chá quentinho com um pingo de limão, suficientes para finalmente me despertar. Bocejo. Bora, caminhar.

Ainda estava friozinho e era 9 da manhã. No saguão, um singelo bom-dia aos funcionários trocados com educação. Na TV compartilhada, frente ao sofá vazio, Modric é estrela contra uma seleção qualquer por aí. Me sento por alguns instantes naquele sofá gelado, mas não dá não. De bermuda e chinelo, que louco, naquela temperatura? Vou para fora, há um belo sol pra curtir.

Ali no jardim, duas pequenas piscinas – vazias, por opção, quem seria o louco? Aproveito para tomar um pouco de sol e tentar me esquentar meu corpo. O vento bate, mas agora não parece tão ruim. Olho em volta, uma bela paisagem verde, com uma bela vista para a cidade. Do bolso, pego meu celular, ajusto no melhor ângulo para bater uma selfie. Me sento no gramado, coloco meu celular pra cima e, de repente, sou derrubado. Sem entender, olho pros lados. Há um cachorro preto, com olhos manchados de marrom e a barriga branca, orelhas caídas, com a língua pra fora, abanando seu rabinho e olhando pra mim.

Dou um passo pra trás. Ele dá um passo pra frente. Dou outros dois passos e ele continua a vir em minha direção. Então, corro para um lado e ele vem junto. Jogo uma vareta e ele vai atrás, mas a perde. Fica confuso e me olha. Ergo os ombros como se dissesse “eu não sei”, depois me agacho e… lá vem o pequeno foguete de novo para meus braços. Então mais uma vez corro. Ele não quer me deixar pra lá.

Ah, pequeno Foguete. Pena estar eu longe de casa, e não poder te levar pra lá, você seria meu novo companheiro. Bom, ainda tenho alguns dias ‘de recreio’, por isso, vou aproveitar estes dias com meu mais novo amigo. Venha, Foguete, vamos tirar uma selfie pra eu poder te guardar pra sempre.

E ficamos ali, brincando por um bom tempo. Eu até gostaria de terminar esse conto, mas vou fazer algo bem melhor: Vou ali, brincar com meu novo amigo Foguete.

Preso ao que não sou capaz de amar

Por uma peça do destino, preso em meus músculos se fez um sentimento, sempre a tencioná-los quando lembrado. Guardo em mim por anos como um tão bem-guardado segredo, mas que se desperta, se move e se força a sair nos momentos mais profundos de pensamentos passados. Ele vive em mim como um parasita, sugando minh’alma, latendo forte, alimentado pelo meu lado obscuro.

É um sentimento forte que me carrega por todos os lados, que me dá insônia nas noites mais importantes, e que me traz intranquilidade nas horas que mais preciso de paz. Por causa dele, tomo decisões precitadas, por conta dele, lembro de pessoas que não sou capaz de amar.

Penso no perdão. Ele é preciso, quase impossível de ser conquistado. Não digo ‘ser perdoado’, mas perdoar. O rancor bate mais forte. Ódio guardado no fundo do armário, com forte cheiro de mofo, incomoda, de longe, eu, que não quero ser perturbado. O armário sou eu e o mofo me corrói. Vem até mim, segura minhas pernas e não me deixa fugir.

Palavras não ditas, desejos não realizados. Em minha garganta, tudo pra ser dito. Se há vida ou não no alvo, em mim encontra-se muito bem vivo, pois é o rancor quem o alimenta, é meu lado obscuro quem alimenta o rancor. Esse sentimento, ruim, lembre-se disso, é quem te traz à tona aquele que te fez mal, sugando-o para si, que te desperta o que há mais de nocivo em você. E aqui vai um segredinho: por quem você guarda tal ódio, nem mesmo se lembra de você ter nascido.

Agora, uma coisa é bem certa e te digo: o rancor não afeta teu inimigo. É um vírus que te ataca e te consome por dentro. Destrói você e mais ninguém. Não deixe que ele te impeça de viver, vá em frente, enfrente, sem medo. O rancor é uma dessas coisas que não deve vencer. O perdão é difícil, difícil de ser conquistado, mas não desista, meu amigo, pois é só o perdão, o verdadeiro perdão, aquele de coração limpo, é que pode curar você.

A garota que você ama

Cada palavra bem pensada, cada acorde composto no violão, a melodia impecável e a letra bem composta, tantas noites desperdiçadas, jogadas foras…
Pela garota que você ama.

O medo da rejeição, o desejo de não seguir na solidão, a timidez que não te deixava prosseguir, os momentos em que não conseguia agir, o motivo que te fazia sorrir…
E a garota que você ama.

Cada centavo gasto, flores, chocolates, até o perfume, por horas pensado. As viagens que não davam certo e os convites de amigos diversas vezes ignorado, um tempinho livre, só para ter a chance de estar do lado…
Da garota que você ama.

Relacionamentos não se faz de mãos separadas (são dadas), nem quando apenas para um, dois é igual a um (sejam os dois, um só), não vale quando apenas um mergulha tão profundo (quem realmente está perdendo?), nem há que ter medo pelo passado (cabe uma chance?). Talvez pode não ser você o problema, mas é você que no meu ombro irá chorar. Não se culpe por carregar tanto amor, não é você quem deve mudar.

A canção entregue não é recebida com o mesmo valor, o violão não é o instrumento favorito e a noites mal dormidas pouco importam…
À garota que você ama.

Ponto de interrogação.

“As flores não me cheiram bem, o chocolate não é o que eu gosto”. Das lutas internas, nem consideração. Ilusão, ilusão, desilusão…
Pela garota que você ama,

Ou talvez não

Seu peito, de amor solitário, inflado, procura pelo escape. Deixe-o ir. Há tantos outros sentimentos e momentos, há tantas outras amizades e felicidades, há mais vida, há mais família, há mais você que merecem um espaço aí dentro, impedidos, de certa forma, de crescerem. Deixe-o ir. Deixe o que é ruim sair. Algumas paixões e até amores, imaginados em óleo, não valem o que custou ser, não custam você feliz.

Sozinho em silêncio, na multidão

Estou sentado à mesa de uma lanchonete, bem na hora do jantar. Tenho fome e pouca vontade de cozinhar. Aqui não é tão longe de casa, por isso, vim a pé para tentar botar a cabeça no lugar, mas há tantas coisas martelando, que eu precisaria andar por horas, pra que tudo fosse embora e em paz me deixar.

Sozinho com meu celular, tentando me distrair por alguns instantes. Há famílias rindo, crianças brincando e garçons por todo lado. Tento procurar algum amigo em meus contatos, mas todos já têm seus compromissos, acompanhados de seus compromissados. Ou será que sou sem coragem para abordá-los? E como se faz isso? Não me ensinaram no colégio!

Já é uma luta sair sozinho de casa e pensar em comer algo com tanta gente reunida com sua família e seus amigos. Parece que todos me olham e, por alguma razão, me devem imaginar em uma vida cheia de solidão. Talvez, mas só talvez, eles estejam certos. Fico meio acanhado, um pouco sem jeito, olho pra baixo, procurando sossego.

O garçom chega, me mostra o cardápio, tantas opções e eu me enrolo, indeciso, pra escolher um único prato. Me atrapalho. E se eu escolher algo que alguém possa me olhar torto? Eu não sei, parece tolo pensar assim, mas não estou raciocinando direito. Ver tanta gente reunida assim, feliz, conversando, enquanto tenho apenas a tela preta do celular para fingir admirar, me transtorna a ponto de não entender que não tenho motivos pra me preocupar.

Elas não ligam pra mim, não há porque ligar, mas, em meio a pouco mais de dezenas de mentes distraídas, há aquela a cada uma observar. Não há rostos encarando o que não lhe importa, nem tampouco o que se segue ao seu redor. Eles ignoram, eles não se importam, eles não dão ligam a mínima.

Talvez seja eu, ali sentado próximo à parede, aguardando meu pedido, que esteja gritando por um mísero olhar, nem que seja de reprovação. Meu ego, talvez, ao contrário de mim, cansado da solidão, implora por alguém que venha falar com ele, mesmo com deboche, mas ele teria alguém pra quem falar, pra quem poder se explicar.

Sobraria pra mim, o cara sozinho e desiludido que não sabe se relacionar com ninguém. Seria eu, apenas eu, um tímido, calado, um objeto abstrato, despercebido, agradecendo por não ter que explicar nada a ninguém, mas lamentando por nunca ser escolhido. Seria eu, assim sem jeito, que tentaria, contra meu ego, falar com alguém, mesmo não querendo.

Seria eu, que difícil, meu pior inimigo. Prazer, esse sou eu.

O novo ser que desconheço

Por baixo de uma carapaça tão dura e um sentimento frio, há a verdadeira alma que um dia conheci. Alguém que vi chorar tantas vezes e que abriu seu coração para mim.

Procuro em seus verdes olhos, aquela pequena criança alegre que não me escondia nada. Aquela que sempre me confidenciava o quão profundo mergulhava nos sentimentos do amor, da tristeza, da felicidade, da solidão, da amizade e do perdão, agora velados pela indiferença.

Nem sempre era bonito te ver passando por tantas situações que te vi passar, situações em que ninguém deveria estar. Foi difícil, mas falei sempre tão sério e verdadeiro com você, pois sabia em quais pontos tocar. Muitas vezes, a dor te dominava e isso me machucava um pouco também, mas eu era forte e seguia firme e, mesmo você chorando, sabia que era forte também.

E uma coisa você me ensinou: aprendi a sentir. Muitos vão dizer que são fortes por conseguirem esconder a tristeza, mas forte sou eu que mergulho de cabeça, porque é isso que sou: um ser humano, dotado de emoções e vivências que levo e espalho para onde quer que eu esteja. Lágrimas também são sinônimos de força, como a alegria, a raiva e a esperança.

Lembra quando batíamos no peito para afirmar isso? Eu lembro, mas, talvez, o seu novo eu não se lembre. Esse novo eu que preferiu se revelar, depois de tanto o velho ser se machucar e eu nem te conheço mais, não sei quem você é, não sei o que dizer, não sei se amizade ali ainda está. Só sei que quem eu conhecia, não mais se encontra lá.

Mas tentei, juro que tentei. Tentei amar esse novo ser, mas foi tudo em vão. Porque esse novo que não conheço, não me deixa entrar. Estou aqui parado na porta, esperando-a abrir, nem que seja por uma fresta para saber se te encontro bem. Bato outra vez, mas você finge que não está. Então dou meia volta, abatido, talvez amanhã eu deva retornar

E não, não deixo de admitir, foi isso que aprendi, com aquele velho companheiro, que se foi, sem adeus jamais dizer. Volte logo, o mais depressa, antes que não voltemos mais a nos ver.

Não posso te esquecer

Um pouco fundo em meu coração
Habita triste tua doce voz
Que eu temo ser
O nosso adeus
Deixando-me abraçado à solidão.

Noites em claro, dias tão escuros.
Uma lembrança, uma lágrima
O que vou fazer? Pra me erguer de vez?
Sempre repito: “é a última vez”
Mas volto a cair, quando penso em ti…
Não tem como fugir.

Como vou te esquecer? Se te vejo em todos,
Se o último beijo te prendeu aqui dentro
Como vou te esquecer? Se em mim estás gravado,
Se o último abraço levou de mim um pedaço…

Me levou um pedaço,
Me deixou em pedaços,
Me levou, num abraço,
Me levou e não mais regressou…

Ainda encontro algum antídoto
E entendo, um dia, que tudo acabou.
Posso até sair e, então, permitir
Ao meu destino, uma chance mais
Mas volto a cair, pois não sei fingir…
Ainda há algo em mim

E como vou te esquecer? Se ainda há muito aqui dentro
Se em todos os meus medos, estiveste por perto
E não posso esquecer-te, não sei viver desse jeito
Se ainda há muito no peito, não se vai de repente…

E o que eu posso fazer?
Se não sei te esquecer…
E o que eu posso fazer?
Se já não sei mais viver…

Não sei como, não sei o quanto
Tuas lembranças, machucam tanto
Não sei como, não sei o quanto
Esquecer-te, machuca tanto…

Mas não posso esquecer-te
Não há como esquecer-te
Não tem como esquecer-te
Eu não sei esquecer-te…

(Minha versão de Y no puedo olvidarte – RBD)

Donkey Kong Country 2

Olá, pessoal, tudo bem com vocês?
Hoje iremos falar de um dos melhores jogos de Super Nintendo: DKC2

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Quando você é um pirralho catarrento no final dos anos 90 e início dos anos 2000, precisa se contentar com aquele seu velho super nintendo e apenas 3 ou 4 fitas jogadas de novo e de novo e de novo e de novo…

Isso, quando você não tem a sorte de encontrar um amigo que, gentilmente, te emprestava jogos, e você poderia desfrutar de horas e horas de nova jogatina, até devolver a fita para seu verdadeiro dono.

Além disso, cruzava os dedos e torcia para que ela pegasse. Se isso não acontecesse, o velho sopro era acionado para fazer a fita pegar.

Quando eu tinha meu super nintendo, no alto dos meus 9 ou 10 anos, eu tinha o clássico Donkey Kong Country 3. Apenas 17 anos mais tarde, fui dono dos outros 2 Donkey Kongs (agora, por ironia do destino, o 3 é o único que me resta).

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O primeiro não fez parte da minha infância, só tive a oportunidade de por as mãos nele 10 anos depois que vendi meu super nintendo, quando o emulei no Wii, como você pode ler nessa matéria de 2011 que eu escrevi no blog, e a segunda agora, no fim de 2017 (pensa numa dificuldade que tive com todas aquelas fases, apenas o Kaptain K. Rool que foi fácil).

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Diddy é meu personagem favorito, pois ele é rápido, você não sente o peso dele ao jogar, parece que a jogabilidade dele flui bastante. Entre os stages, o meu favorito é esse aqui (destaque para a bela trilha sonora):

Como o post é dedicado ao Donkey Kong Country 2 (Diddy Kong’s Quest), vamos dar uma ênfase maior (precisei dar um espaço para o primeiro, pois minha primeira matéria sobre Donkey Kong nem falava tanto dele).

donkey-kong-country-2.jpg

Donkey Kong Country 2 é, realmente, meu predileto entre a trilogia do Super Nintendo. Foram anos jogando, vendo a tela de game over, explorando cada centímetro de cada fase a procura de Bônus e DK (o que é um ponto negativo no primeiro, já que não possui bônus decente e nem uma moeda DK).

O meu personagem favorito continua sendo o Diddy Kong, mesmo que muitos contestem que a Dixie é melhor por conseguir planar por aí, mas convenhamos, o melhor ataque é do Diddy, quando ele segura um barril, ele o usa como defesa por carregá-lo na frente do corpo, diferente da Dixie que o carrega para cima, tornando-se vulnerável a ataques inimigos, sem contar que o Diddy é mais rápido (Diddy ainda consegue se sair muito bem em locais onde Dixie facilita o jogo exatamente por sua habilidade de voar).

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A trilha sonora é divertida, as fases são memoráveis e os bosses são carismáticos (diferente do primeiro, que mais parece um peso morto que só andam para lá e para cá)

Sério, galera, quem teve essa ideia? Depois dizem que os bosses do DKC – Returns é que são ruins

Após anos jogando, fica fácil zerar um jogo como esse em apenas uma tarde (não-inteira). É assim que descobrimos como um jogo de super nintendo é assustadoramente curto.

Quero destacar 6 trilhas sonoras que sou apaixonado:

Mining Melancholy:

Stickerbrush Symphony (essa não pode faltar):

Flight of the Zinger:

Snakey Chantey:

Haunted Chase:

Krook’s March

Nota: Na verdade, queria destacar mais, mas daqui a pouco eu coloco a trilha sonora toda do jogo.

Diferente do primeiro, onde o objetivo era salvar todas as bananas de Donkey Kong, no segundo, seu objetivo é salvar o próprio Donkey Kong das garras do terrível Kaptain K. Rool. Rola até uma troladinha no último mundo, onde os kongs realmente acreditam que vão salvar o gorilão:

Sério: Essa musiquinha dava um medo quando eu era criança

Donkey Kong Country realmente é um jogaço, o melhor dos três, na minha opinião. Se você não teve a chance de experimentá-lo, vá de cabeça. Com certeza você não vai se arrepender!

The_Flying_Krock_-_Arena_-_NTSC_Region_-_Donkey_Kong_Country_2

Imagem da capa: https://projectn.com.br/player-2-donkey-kong-country-2-muito-alem-de-bananas-e-kremlings-vingativos/

Limpe sua mente e não tenha medo de voar

Abra seus braços, sinta o vento te soprar, limpe sua mente, é hora de voar.

O tempo se renova, hora de respirar fundo os novos ares. Contemple o belo sol e a energia que ele te dá, molhe-se com a chuva, é preciso relaxar.

Tudo que te atrasou no passado, já tem o seu lugar lá no chão, longe de onde você está agora. O tempo é muito curto, pare-o apenas com o que valer a pena. Respire fundo tudo o que te fizer feliz e respire um pouco mais. É o que importa agora. Aproveite cada partícula de seu tempo!

Se as nuvens são seu objetivo, siga voando, sentindo a brisa em seu rosto, certo de uma sensação pura de liberdade. Você é livre, agora, você tem o controle em suas mãos. Seus pensamentos são seus, a vida é toda sua. Respire mais um pouco e voe o mais alto que puder. Feche seus olhos, limpe sua mente outra vez. Voe um pouco mais alto!

O chão agora está no passado. Desconecte-se. Se algo te prende com correntes, desvincule-se. Se há sempre um obstáculo, descomplique-se. Se algo perturba seu voo, desligue-se. Se há tranquilidade e outros bons ventos, desfrute!

Deixe o que for ruim pra lá e para de se prender ao que podia ter sido. Apenas pare! Há mais céu pela frente, há sempre uma nova oportunidade pra se fazer direito, há sempre uma nova oportunidade para se fazer diferente. Logo você encontrará novas águas em um novo riacho para se beber. É só não voltar atrás, saber o que se quer e dizer batendo no peito: “É isso o que quero!”

Vem, vamos voar! Não há tempo a se perder. Deixe seus braços bem abertos, sinta o vento te soprar pra longe e voe o mais alto que puder.

Respire. Relaxe. Respire um pouco mais.

Quem era ela

A casa nº 1 de Folgate Street é muito peculiar: com sua arquitetura minimalista, com poucos móveis e cômodos que ligam uns aos outros sem portas. Para morar nesse lugar, você não precisa de muita grana, mas é preciso responder a um questionário longo que deve estar de acordo com inúmeras cláusulas, que vão desde a organização do local até estudos do cotidiano do inquilino. A casa tem uma tecnologia incrível, que deixaria qualquer programador boquiaberto. Em “Quem era ela”, conhecemos a história de duas moradoras, em épocas diferentes, semelhantes em sua aparência física, mas distintas na personalidade: Emma e Jane.

O livro

Pra quem gosta de uma história de fácil compreensão, vai amar a escrita de “Quem era ela” – A leitura é fácil, os capítulos são curtos e a história não é maçante. O livro não é grande – com pouco mais de 300 páginas e possui uma linguagem atual (o que não se é de estranhar, já que foi publicado em março de 2017).

Foi minha última leitura do ano e confesso que me prendeu bastante – devorei tudo em 4 (quatro) dias.

O livro é um thriller psicológico (o primeiro que li do gênero) e te induz a acreditar em certos acontecimentos, como quem é o assassino ou porque uma casa tecnologicamente incrível possui tantas falhas.

Quem era o autor – JP Delaney

JP Delaney é o pseudônimo do escritor norte-americano Tony Strong que já publicou, sob outras identidades, diversas obras de ficção. Quem era ela é seu primeiro thriller psicológico. Pelo menos, assim me disse o Google.

Quem era Emma Mathews

Emma, a garota de antes, namorada de Simon, quer se mudar de seu apartamento depois de ter sido assaltada. Ela deseja morar em um local seguro, mas só encontram um lugar assim em Folgate Street. Simon reluta, pois acredita não conseguir viver em local com tantas restrições, mas acaba cedendo devido às maravilhas tecnológicas que ela oferece e, também, devido ao grande amor que sente por sua namorada.

Quem era Jane Cavendish

Anos mais tarde, uma jovem, muito parecida à Emma, porém sem namorados, perde sua filha Isabel antes mesmo do parto. Por conta disso, larga seu emprego de alta remuneração e começa a trabalhar numa instituição de caridades para natimortos ganhando apenas um salário mínimo. Por conta disso, precisa morar num local barato que condiga com sua nova situação financeira. Ela encontra isso em Folgate Street.

Quem era Edward Monkford

Monkford, um arquiteto minimalista, perdeu sua mulher e seu filho antes mesmo de terminar sua casa em Folgate Street. Após tentar recomeçar sua vida no Japão, ele retorna, destrói toda sua casa e a reconstrói como seus sentimentos: uma casa completamente vazia por dentro, ideia que funciona e ganha prêmios, fazendo-o se especializar no ramo – tornando-o o melhor arquiteto minimalista que existe.

Folgate Street

Para morar numa casa como essa, é sabido que o novo morador deve se encaixar em uma lista de restrições, provadas por meio de um questionário e aceitos após uma entrevista. Entretanto, não funciona assim. Monkford é conhecido por ser muito detalhista e severo, exige diversas características de seus moradores, mas aceita apenas mulheres (seu ponto fraco) morando naquela casa (algo não-declarado). Isso é provado em dois momentos no livro: Emma derruba café em seus projetos, durante a entrevista, mas ele continua calmo e a aceita (mesmo sabendo que ela vai morar com Simon). Já Jane, a entrevista tem um período extremamente curto.

Edward Monkford ou Christian Grey?

Após ler o último livro da saga “50 tons”, a última coisa que eu desejava era um livro como tal. Acabei indo ao encontro de Edward Monkford, que pouco difere de Christian Grey: Um cara bonito, extremamente rico, controlador, de hábitos minimamente trabalhados (como quando ele pergunta a Jane se seus temperos são organizados de forma alfabética ou data de validade), além de exigir que suas inquilinas tenham o mesmo hábito de organização. Dificilmente se irrita – sempre se mostra calmo, com palavras bonitas, prontas para seduzir seu alvo (ou seja, mulheres bonitas), mas quando não correspondem aos seus agrados (e isso vale pra qualquer personagem), irrita-se de forma exagerada e desnecessária.

Falando em mulheres, vemos novamente características semelhantes às de Grey – Todas as mulheres que ele se relacionava tinha o mesmo padrão físico. Ele possui um relatório sobre elas (alimentação, exercícios físicos, o que pesquisam na internet) e as controlas de forma que muitas vezes as fazem acreditar que elas é que estão erradas.

Também há conteúdo implícito de sadomasoquismo (na história de Emma).

Nota: a partir daqui, começam os spoilers

Vamos conversar um pouco sobre Emma

Emma é apresentada ao público como a coitadinha que foi assaltada e estuprada por Deon Nelson, que já foi condenado algumas vezes por roubo a residências. Por conta disso, ela começa a se tratar com a psicóloga Carol Younson para se aliviar do trauma. Infelizmente, há muita coisa por trás e Emma vai se revelando mais vilã do que heroína – Com o caso seguinte adiante, percebemos que boa parte de sua história é falsa e isso vai tomando proporções tão grandes que sua confiança se perde.

No princípio, ela namora Simon, um cara louco por ela que só falta beijar o chão que ela pisa. Mesmo ficando um pouco furioso com a história do estupro, ele continua ao lado dela, mas ela decide terminar o relacionamento, após a confissão dele de que no dia do assalto, estava numa boate de Strip com seu amigo Saul, casado com a melhor amiga de Emma, alegando que há muito tempo o relacionamento não estava dando certo.

Após isso, Emma e Monkford iniciam um relacionamento, tido como algo breve e descompromissado por ele.

Vamos conversar um pouco sobre Jane

Apesar de Jane ser fisicamente parecida com Emma, sua personalidade é diferente: Ela se mostra mais ponderada com as coisas e não tem um estilo tão sofisticado quanto o de Emma. Mentalmente, ela é mais forte também, e, apesar de também ter um relacionamento com Edward, não se rende a todos os seus caprichos.

Jane tenta descobrir mais sobre a vida de Emma e é aí que o livro se mostra incrível: ele conta as duas histórias de forma simultânea, para que o leitor possa acompanhar o progresso das duas.

Jane se aproxima de vários conhecidos de Emma que, por alguma razão, se deram mal nas mãos de sua “gêmea” do passado (Saul perdeu o emprego, Simon a própria namorada, o Detetive Clark perdeu seu emprego, entre outros). Cada um tem uma história e um ponto de vista diferente sobre Emma, o que acaba confundindo a protagonista e também nós, pobres leitores.

Paralelamente a essas pesquisas, Jane também tem sua história: como o caso em que sua filha morreu no parto e ela vai atrás do hospital junto de sua amiga Tessa, além de seu caso com Monkford, mesmo desconfiando que ele possa ser o assassino tanto de Emma quanto de Elizabeth (sua primeira esposa).

Conclusão

Posso ter dado alguns spoilers sobre a trama, mas quero deixar algumas coisas registradas a respeito:

1º Ler um thriller psicológico é maravilhoso: quando você pensa que está desvendando algo, vem o livro e te joga uma história completamente diferente na cara.

2º Jane é uma protagonista que me encantou (ao contrário de Emma), por conta de sua personalidade forte e por bater de frente com Edward em algumas cenas (torci muito pros dois não ficarem juntos).

(Alerta de spoiler agressivo) Alguns pontos, como a morte da mulher e do filho de Edward tiveram um desfecho muito idiota. A impressão que eu tenho, é que o autor quis colocar o milionário como um homem correto, mesmo que todos os personagens tenham apontado indícios para o contrário. É como se todos os defeitos dele fossem apenas decoração do livro.

4º A falta de pontuação nos diálogos da parte de Emma foram algo que eu não entendi (sinceramente, não fez nenhuma diferença na história).

5º JP Delaney e E. L. James trocavam figurinhas

Se você tiver a oportunidade, leia-o. Você vai se surpreender com a história!
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Desembarque da plataforma 2017

Minha mala de rodinhas faz um barulho sofrível pela calçada. Os vizinhos olham. Minha velha mala já suja e rasgada me acompanha nesses últimos minutos. Coloco a chave no trinco, giro e abro o portão. Não vejo a hora de me jogar na cama e dormir.

Mas, antes, desfaço a mala. Deito-a no chão, abro seu zíper e tiro de lá todas as roupas sujas e amarrotadas. Essas vão para o cesto, com certeza. Entre elas, alguns itens que trouxe da viagem. Tem lembranças de todo mundo que encontrei pelo caminho. Então, a fim de recordá-las, tiro uma a uma.

A viagem foi tão incrível, que parece que havia partido ontem. Antes de viajar, me arrisquei no cozinha para fazer um lanchinho da viagem longa que se seguiria. No meu ipod, já coloco a música da minha banda favorita que tive a oportunidade de ver tocar nos bares e nas hamburguerias, com tantos outros amigos. “Meu mundo vai girar, eu sei”, era ouvido pelas paredes, enquanto meus pés deslizavam pelo chão.

É chegada a hora. Antes de subir a bordo, dou uma última olhada no roteiro. A prima que nasceu em janeiro, aquele tio que há tempos eu não via, em seu aconchegante chalé. “As águas desse parque são uma boa ideia contra esse calor”, pensei ao ver uma deliciosa piscina.

E eu ainda nem comecei a desembrulhar meus presentes nerds da mala. Uma guitarra, alguns livros e videogames na mala. Aquele evento de games parecia um sonho e, quando entrei naquele mundo mágico de Harry Potter e vi tantos potterheads juntos, a alegria era tanta que não cabia. A minha companheira de sempre estava lá, a minha grande amiga, também da Corvinal, que não precisou me ensinar que é Leviosa e não Leviosá.

Também há uma quantidade considerável de areia em meus pés: aquela praia do nordeste era divina e eu não sei o que faria sem companhia. Aquela mesma companhia que esteve comigo quando fui receber um pouco mais da palavra do Senhor em um de seus templos. Difícil contar nos dedos quantos amigos fiz ali.

E se eu não falei de todos os meus amigos, é que tinham tantos que nem sei se vão caber aqui. Saber que um dia eu viajei por tantas horas sozinho por conta de 4 braços abertos a me receber, é mais gratificante do que você imagina: poder entender que, não importa onde quer que eu vá, sempre há um lugar em que eu possa ficar.

Vou dar uma pausa por aqui. Essa mala é grande e é tanta lembrança pra desfazer, que fica difícil caber tudo por aqui.

Gratidão por mais um ano, gratidão em saber que logo logo, há outra viagem pra seguir.

The Voice Portugal (Season 1) Pt. 3

Vamos conferir os destaques do terceiro episódio:

#TeamPaulo
Cantando a música de Jamie Cullum, e com três cadeiras viradas, destacamos Rui Pereira

#TeamAnjos
Encantando dois dos quatros mentores com a música “Bleeding Love”, Vânia Osório

#TeamMia
A leveza da voz de Daniel Moreira fez os Anjos voarem. Como eles disseram, ele consegue uma voz que poucos conseguem. Apesar do elogio, o praiano preferiu ficar na equipe de Mia.

#TeamRui
Ricardo Martins me ganhou só pela música agitada. Nesse post, também nunca colocamos nenhuma música de artista português. Mas o cara também é bom, chamando a atenção do mentor Rui.

#TheBestofTheBests
Nesta categoria, apenas quem teve as 4 cadeiras viradas que podem participar. Neste episódio, apenas Bianca Adrião conseguiu tal feito. Vamos fazer uma observação: Apesar de ter sido ótima no vocal, um dos irmãos Anjo, cativado pelo incrível vocal, que apertou os botões de Mia e Rui, mas é nítido que todos curtiram. Apesar do gesto, a garota escolheu Paulo como seu mentor

#EscolhadeMúsica
A música que escolhi deste post foi de Leona Lewis, Bleeding Love

The Voice Portugal (Season 1) Pt. 2

E aí, pessoal!

No post sobre The Voice de hoje, iremos destacar alguns competidores do segundo episódio.

#TeamRui
Ana Rita Inácio arriscou uma música de Amy Winehouse e acertou. Teve duas cadeiras viradas. Apesar dos elogios tecidos pela mentora Mia, ela preferiu entrar na equipe de Rui

#TeamMia
Rui Sirgado, um cara humilde como é dito, consegue todas as cadeiras para si. O jovem suíço recebeu elogios quanto à sua voz e sua performance. Apesar de tantos elogios e algum apelo por parte de seu xará, ele preferiu Mia como mentora. A música escolhida é de Adam Lambert, que ganhou um toque mais roqueiro

#TeamAnjos
Escolher um só da equipe dos gêmeos neste episódio foi sacanagem. Tanto talento, que ficou difícil por um só. Por fim das contas, escolhi esse rapaz Bruno Francisco que cantou um sucesso da banda do senhor Bolacha Bono Vox (ou seria Biscoito?). O rapaz recebeu elogios como voz muito afinada e de possuir uma característica única

#TeamPaulo
Joana Oliveira foi a única que escolheu Paulo no episódio inteiro. Para sua sorte, a pequena garota tem um vozeirão que não condiz com seu tamanho. Elogiada como alguém que tem muita experiência, os candidatos ficaram impressionados com sua performance. A música, de Gnarls Barkley, não é fácil, mas ela, simplesmente, arrasou!

#TheBestofTheBest
Para esta categoria, selecionamos apenas um entre os que tiveram todas as cadeiras viradas. Neste episódio, tivemos 4 competidores, sendo 3 da equipe dos anjos. Carla Ribeiro recebe o destaque nesta categoria pela afinação, pelo tom que alcança e pela maravilhosa música

#EscolhaPessoal
Com tantos talentos, precisei destacar mais um que, na minha opinião, foi excelente em sua apresentação. Um não, duas! As irmãs, que também estão no time dos Anjos, surpreendeu com suas vozes semelhantes, fazendo os jurados acreditarem que eram só uma, até cantarem simultaneamente. Grande talento dessas mulheres

Ouvindo a canção
Finalizamos o post com uma das 13 músicas todas no episódio. Vamos deixar essa divertida que as irmãs cantaram, performada pelo no seriado Glee

Perdeu o primeiro episódio? Veja aqui:
The Voice Portugal (Season 1)

Anastasia (filme)

(Contém spoilers)

“E a canção de alguém foi no mês de dezembro…”

Intro
Anastasia é um filme de animação americano de 1997, em formato musical, produzido pela Fox Animation Studios e distribuído pela 20th Century Fox, dirigido pela Walt Disney Animation Studios. O filme conta a história da família russa Romanov, tendo como protagonista a jovem Anastasia.

O gatilho
No baile de comemoração dos 300 anos da Família Romanov, surge Rasputin acusando o Tsar Nicholas II de traí-lo (na verdade, um acusa o outro, mas tudo bem). Rasputin amaldiçoa toda a família em troca de sua alma. Entretanto, para seu desgosto, um dos membros da família consegue fugir com a ajuda de um garoto que trabalha na cozinha do castelo, junto de sua avó. Por não ter conseguido completar a maldição, Rasputin se vê no limbo, local entre os vivos e os mortos, portanto, sua missão passa a ser matar Anastasia para que possa descansar em paz, finalmente.

Um pouco do que se passa
Quando conseguiu escapar, Anastasia tinha apenas 8 anos. Ela passa a viver num orfanato, tendo perdido sua memória. Seu desejo é poder saber se ela realmente tem alguma família. Sua avó sempre viveu em Paris e, no dia da maldição, acabou escapando também. Seu desejo é encontrar sua neta. Ela oferece 10 milhões de rubles a quem encontrá-la, o que atrai muitos golpistas.

O ex-cozinheiro do castelo que a ajudou a fugir, Dimitri, se junta a Vladimir. Eles tentam encontrar uma moça parecida à Anastasia, para por às mãos no dinheiro. Quando veem a semelhança de Anya (que na verdade é Anastasia, porém sem memória) resolvem levá-la para sua avó em Paris com a promessa de que ela é sim a verdadeira alteza, algo que eles também não sabiam.

Filme pra criança?
Pode ser um pouco clichê isso que vou falar, mas se tirarmos todos os elementos malígnos do filme, com certeza vira um filme bonitinho para crianças, com princesa, música, uma bela história, etc.

O problema fica a cargo de Rasputin. Como ele não estava morto, o vilão sofre com alguns problemas bizarros: suas partes anatômicas saem de seu corpo, como mãos, olhos e boca, sua cabeça entra em seu corpo, mostrando ossos, e se ouve muito expressões como “vou matá-la”, “maldição”, “vender a alma”, além de elementos que remetem ao inferno.

Referência de outro filme
Anastasia, antes de encontrar sua avó, assiste à Cinderela em uma peça de teatro.

Encontro
A avó de Anastasia se recusa a encontrar mais alguma garota, depois de tantos anos desiludida, mas Dimitri é persistente (ele acaba descobrindo que Anastasia é a verdadeira princesa) e forja um encontro entre as duas. A avó e Anastasia conversam por um bom tempo, até que elas revelam dois itens que as duas mantinham em segredo: Um colar (que Anastasia usava com os dizeres “Juntas em Paris”) que abria uma caixinha de músicas, dada por sua avó. Por fim, Dimitri recusa o dinheiro e resolve partir.

Final
Final feliz e um pouco clichê. Pode assistir sem medo.

Como enfrentar Thor

A festa inclinou-se e balançou, fazendo com que todos cambaleassem, exceto Thor
e exceto Arthur, que olhava, tremendo, dentro dos olhos negros do Deus do Trovão.
Lentamente, inacreditavelmente, Arthur levantou o que pareciam ser seus pequenos
punhos magrelos.
― Vai encarar? ― disse ele.
― O que disse, seu inseto nanico? ― trovejou Thor.
― Eu perguntei ― repetiu Arthur, incapaz de manter a firmeza na voz ― se você
vai encarar? ― Moveu ridiculamente seus punhos.
Thor olhou para ele com total incredulidade. Então uma pequena nesga de fumaça
subiu, saindo de sua narina. Havia uma chama bem pequena lá dentro também.
Colocou as mãos no cinturão.
Encheu o peito, só para deixar bem claro que aquele era um homem cujo caminho
você só ousaria cruzar se estivesse acompanhado por uma boa equipe de Sherpas.
Desprendeu o cabo de seu martelo do cinturão. Segurou-o em suas mãos, deixando
à mostra a maciça marreta de ferro. Dessa forma eliminou qualquer dúvida eventual de que
estivesse apenas carregando um poste por aí.
― Se eu vou ― disse ele, sibilando como um rio correndo pelo alto-forno de uma
refinaria ― encarar?
― Sim ― disse Arthur, com a voz súbita e extraordinariamente forte e belicosa.
Sacudiu os punhos novamente, dessa vez com firmeza.
― Vamos resolver isso lá fora? ― rosnou para Thor.
― Tudo bem! ― tonitruou Thor, como um touro enfurecia (ou, na verdade, como
um Deus do Trovão enfurecido, o que bem mais impressionante), e saiu.
― Ótimo ― disse Arthur ―, ficamos livres dele. Slarty, nos tire daqui.

 

Retirado do livro “A vida, o Universo e Tudo Mais”, de Douglas Adams (3º livro da série “O mochileiro das galáxias”)