Não me fales de flores, se não estiveres disposto a olhar meu jardim.
Zelo bem dele, com bom plantio, com a quantidade certa de regadas, com sementes de diferentes flores. Vejo o teu, diferentemente belo, digno de elogios. Tu olhas para o meu com desdém, fala como se soubesses tudo do assunto, mas não te importas em conhecer todo o carinho que tenho para o meu.
Não me fales de poesias, se a ti pouco importam meus poemas.
Escrevo os meus de forma sutil, com rimas simples e palavras fáceis, mas botando todo meu coração. Tento passar neles o que sinto para tocar outras pessoas, mas tu já discordas nas primeiras palavras e te faltando paciência para ler o resto, sem tempo para entendê-los. Teus textos são bons, mas não dizem nada sobre ti.
Não me fales de pinturas, se para ti apenas as tuas são artes.
Cores se movimentam numa dança de diferentes formas em diferentes significados, representando o mais belo olhar de alguém em que não se importa de se sujar de inspiração. Minhas telas não são como as de Dali, mas saem perfeitas para mim. Uma ajuda aqui, uma ajuda ali, um passo a mais à minha perfeição. Mas, pra ti é algo sem valor, impossível de ser lapidado. Talvez um dia serão como os teus, mas tu nunca tens tempo para ensinar.
Não fales comigo se não fores para ouvir, pois num diálogo não basta apenas falar, também vale ouvir. Se tu não te importas com minhas palavras, atropelando-as incontáveis vezes. Se para ti sou pobre de ideias, melhor gastá-las com outros pobres interessados a me ouvir.