Todos os posts de Áℓiѕѕση Suriani

Sabe aquele cara que gostar de jogar um videogame, ler um livro, vez ou outra ver uma série, anime ou filme, escutar uma boa música, viajar e relaxar com o verde da natureza? Este sou eu. Viaje comigo neste mundo nerd!

28 dicas de como escrever melhor

As dicas abaixo trazem de forma, cômica, dicas de como se escrever bem.

  1. Vc. deve evitar abre., etc.
  2. Desnecessário faz-se empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado, segundo deve ser do conhecimento inexorável dos copidesques. Tal prática advém de esmero excessivo que beira o exibicionismo narcisístico.
  3. Anule aliterações altamente abusivas.
  4. “não esqueça das maiúsculas”, como já dizia dona loreta, minha professora lá no colégio alexandre de gusmão, no ipiranga.
  5. Evite lugares-comuns assim como o diabo foge da cruz.
  6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
  7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
  8. Chute o balde no emprego de gíria, mesmo que sejam maneiras, tá ligado?
  9. Palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa merda.
  10. Nunca generalize: generalizar, em todas as situações, sempre é um erro.
  11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.
  12. Não abuse das citações. Como costuma dizer meu amigo: “Quem cita os outros não tem idéias próprias”.
  13. Frases incompletas podem causar
  14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo a mesma idéia.
  15. Seja mais ou menos específico.
  16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!
  17. Em escrevendo, não se esqueça de estar evitando o gerúndio.
  18. A voz passiva deve ser evitada.
  19. Use a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém sabe mais usar o sinal de interrogação
  20. Quem precisa de perguntas retóricas?
  21. Conforme recomenda a A.G.O.P., nunca use siglas desconhecidas.
  22. Exagerar é cem bilhões de vezes pior do que a moderação.
  23. Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá- las-ei!”
  24. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
  25. Não abuse das exclamações! Nunca! Seu texto fica horrível!
  26. Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da idéia contida nelas, e, concomitantemente, por conterem mais de uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçando, desta forma, o pobre leitor a separá-la em seus componentes diversos, de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
  27. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língüa portuguêza.
  28. Seja incisivo e coerente, ou não.

Músicas novas, bandas velhas

Vamos pra uma baladinha hoje, mas sem sair de casa? Para esta semana, vou indicar músicas lançadas do ano passado para cá, porém de bandas consagradas há mais de 10 anos. Vamos lá?

1 – Wasted on you (Evanescence)

Vocês se lembram de Evanescence, que se consagrou com músicas como ‘My Immortal’, ‘Bring me to life’ e ‘Call me when you’re sober’. Este ano, eles lançaram um clip bem caseiro de Wasted on You. Batida boa, letra boa. Vale a pena conferir:

2 – Dead Horse (Hayley Williams)

Ela é linda, já teve seu cabelo pintado de diversas cores e comanda uma banda chamada Paramore. Atualmente, está cantando em um projeto solo (diz ela que é paralelo e que isso não coloca fim em sua banda). Com vocês, Dead Horse.

3 – Submersa (Pitty)

Com singles inesquecíveis como Equalize, Na sua estante e Me adora, Pitty está em seu quinto CD de estúdio, uma filha e um canal na Twitch.TV. Agora, anuncia como seu próximo single, em seu twitter, a música Submersa.

4 – Save Me (Skillet)

Quando me tornei fã de Skillet, eles já estavam numa pegada um pouco diferente do que foram consagrados (passei batido singles como Comatose). A fase de Unleashed foi a que me ganhou de vez, um álbum incrível com letras fortes que te fazem levantar de qualquer onda negativa. A fase mudou, chama-se Victorious, mas eles continuam incríveis.

5 – Calcanhar (Elba Ramalho)

Essa música eu conheci muito por acaso. Elba Ramalho é aquela cantora que todo mundo já ouviu falar, mesmo que nunca tenha ouvido nenhuma música, porém, tenho certeza de que vocês nunca ouviram um Forró Roqueiro como este. Participação da banda “Barca dos Corações Partidos”

Por hoje é só. Um abraço.

A experiência de mochilar

Talvez fosse mais divertido sair por aí, viajando de planeta em planeta, pegando carona pelas naves, com um amigo que tenha vindo de um pequeno planeta próximo de Betelgeuse, carregando apenas sua tolha e um guia. Conhecer lugares impressionantes, povos interessantes e culturas diferentes, com crenças, línguas, sotaques e paisagens diferentes. O único revés seria nosso planeta destruído, mas aí seria mero detalhe.

Mas para mochilar, não é preciso sair de nosso planeta – pode-se fazer por este aqui mesmo (eu sei que você queria outras opções, mas vamos enaltecer aquilo que é nosso). E você pode encontrar povos, culturas, histórias, sotaques, tudo por aqui mesmo, sem precisar esperar uma nave Vogon para ser invadida.

Mochilar requer enfrentar certos desafios. É preciso ter coragem (ou enfrentar o medo), é preciso disciplina, algum dinheiro no bolso e vontade de conhecer o novo. Lembre-se de que estamos falando de mochilar, não de viajar, que tem certa diferença. Mochilar é colocar a mochila nas costas e partir, algumas vezes sem rumo, a fim de novos desafios.

Confesso que, apesar de precisar de algumas skills para tal quest (aspirantes de RPG entenderão), muitas eu tive que adquirir na marra, como a coragem (ter um nível aceitável de segurança nunca foi meu forte), disciplina então nem se fala (eu estava mais para ‘vamos ver no que vai dar’) e, apesar de ter economizado alguma grana, certas ocasiões na viagem eu preferi abrir mão para não gastar um pouco mais de dinheiro. Então, depois de ter prometido pra mim mesmo que algum dia faria uma viagem sozinho, resolvi fazer meu primeiro mochilão, passando pelo sul do Brasil, partindo de São Paulo.

Viajar por lugares desconhecidos gera muitas dúvidas. Você fica se perguntando o que irá acontecer, quais histórias acontecerão, quanto dinheiro irá gastar, quem você irá conhecer. Por tantas questões é que me batia certa insegurança.

Cada qual tem sua experiência e eu considero que ainda não tenho certa maturidade para dar dicas e sugestões para quem quer sair desbravando por aí, mesmo que tenha passado quase 30 dias fora, entre 8 cidades (apenas). Porém, posso dizer que a experiência é incrível.

A parte mais interessante foi de conhecer novos amigos e suas histórias, partilharmos momentos mágicos e únicos para cada um de nós, mesmo partindo de modos diferentes. Mesmo que eu tenha viajado sozinho, nunca estive sozinho, independente de qual destino. Entre tantas cidades, cheguei a dormir em 3 hostels (é esse o plural de hostel?) que são aqueles albergues em que você aluga uma cama apenas num quarto onde dormem muitos desconhecidos, o que me proporcionou essas amizades. Sim, pra quem gosta de sua privacidade ou de manter sua intimidade intacta, sugiro que evite a ocasião, mas pra mim valeu a pena.

Não se trata apenas de estar solteiro, é preciso ter um espírito aventureiro, como um casal mexicano que conheci em uma dessas viagens que resolveram se unir para desbravar toda a América Latina (achivement que ainda almejo). Eles buscavam hostels ao redor do mundo que trocavam sua mão-de-obra por um lugar para se hospedarem (com direito a comida, banho e cama). Se eu tenho coragem de fazer isso? Não ainda. Mas sei que muitos casais sequer se arriscariam, por ser uma realidade livre demais (e nômade). Agora, se você já tem toda uma vida já construída, com sua casa, seu emprego fixo, sua família e seus amigos e queira mochilar por um período muito longo, só será possível deixando tudo pra trás e dando a cara a tapa (exceções existem, porém ainda desconheço).

Quando voltei da minha longa viagem, os comentários que eu ouvia eram: “eu queria muito fazer isso que você fez, mas:
1 – isso não é pra mim
2 – não tenho coragem
3 – preciso ter minha privacidade
4 – meu(a) marido/esposa não gosta desse tipo de coisa”.
Percebi que sempre havia algum motivo que impedisse tais pessoas. Tudo bem, cada um tem seu motivo e é algo que eu não indicaria para todos, mas quem quiser fazer, faça, mesmo que por pouco tempo, como no meu caso. Você traz uma bagagem muito maior do que levou, de uma forma que a metáfora me permite dizer.

Este texto está um pouco genérico e, talvez alguns tenham ficado curiosos para mais detalhes de como foi minha viagem, porém como este é um texto um pouco longo, vou discorrendo um pouco mais das minhas experiências ao longo de outras postagens, não só desta viagem, como de outras que fiz. Mas deixo aqui uma dica simples, porém valiosa: mesmo que seja apenas para sua cidade vizinha, viaje! Você pode se surpreender.

Um abraço.

Créditos da imagem: Image by Free-Photos from Pixabay

O filme do mochileiro das galáxias

Foram os golfinhos que tentaram nos alertar da destruição prévia do planeta terra, mas nós nunca entendemos a mensagem. Por isso, eles nos deixaram e junto, uma mensagem: “Até mais e obrigado pelos peixes”.

Introduzindo

Em 2005, a série de rádio de sucesso e, posteriormente, série de livros de Douglas Adams, o Guia do Mochileiro recebe sua versão em filme homônimo dirigido por Garth Jennings, produzido pela Walt Disney Pictures em outubro de 2003, dois anos após a morte do escritor. Mesmo sabendo que filmes geralmente não seguem a risca dos livros, o filme deixou muito a desejar e eu te digo o porquê.

Piadas sem sentido

Se você leu o primeiro livro, consegue entender bem o que se passa em cada cena. Porém, se você apenas assistiu ao filme, creio que muitas interrogações pairam em sua cabeça. O filme começa com a destruição da terra, após uma conversa entre Arthur Dent e Ford Prefect, regrada de 3 canecas de chopps (alguém reparou numa senhora que fica parada olhando para o rumo dos protagonistas sem motivo aparente?), mas a conversa toma outro rumo quando Arthur, sem prévio aviso, começa a contar sobre como conheceu Tricia Mcmillan.

Já de cara, é perceptível como o filme perde muito do humor do escritor, como na parte em que Ford apenas oferece cerveja para os operários que querem destruir a casa de Arthur, ao invés de confundi-lo. Na obra, há todo um diálogo sobre como não há diferença se for Arthur ou qualquer outra pessoa (inclusive, o próprio operador de trator) que ficasse ali deitado, enquanto eles vão tomar uma cerveja no bar ali do lado. Arthur ainda vai sem problemas com Ford, sem esboçar qualquer sinal de preocupação, seja porque vai perder sua casa ou o seu planeta.

Outro ponto: se a toalha é um item tão importante, tanto que ganhou uma página exclusiva no livro e um dia a ser comemorado em nosso ano, por que no filme sua importância foi resumida a uma fala de Ford? “Cadê a toalha?”

Também fica a dúvida: como Ford foi parar na Terra e o que ele estava fazendo lá? Outras piadas que envolvem deixar seres intergaláticos confusos, como na cena em que os seguranças dos Vogons vão expulsá-los da nave e a única frase que eles dizem é “Resistir é inútil” (poxa, gente, tinha toda uma questão filosófica aí).

Uma das melhores partes

Confesso que adoro o fato de transformarem a cena de revelação da pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais em um grande evento: com um grande público que vibrava a cada sentença que o super computador diz: “A resposta para a questão fundamental da vida, o universo e tudo mais é…”

(Pausa dramática)

42.

MagratheaA origem de tudo

O grande computador diz aos criadores que, não basta saber a resposta, é preciso entender qual a pergunta fundamental para a vida, o universo e tudo mais. Por isso, eles precisam construir um supercomputador de 10 milhões de anos para a questão. Entretanto, dois dias antes de encontrarem a resposta, os – transformados em – ratos (a primeira espécie mais inteligente da terra, seguido dos golfinhos e depois os humanos) veem a Terra ser destruída pelos Vogons. Por isso, eles precisam partir para Magrathea, um planeta onde ricos podem encomendar seu próprio planeta (alguém encomenda a segunda Terra).

Finalizando

O filme é mediano, mas ilustra boa parte do livro, para quem precisa de um reforço, visto que o livro precisa de uma atenção um pouco maior para aqueles que não estão acostumados com o humor no estilo britânico de Douglas. Entretanto, muitas piadas se perdem, pois muitas frases soltas são jogadas do nada no mesmo filme (como a cena em que Ford começa a girar uma manivela na nave Vogon e apenas diz que nada está acontecendo ou quando Arthur aperta um botão e apenas aparece a mensagem: “não aperte este botão novamente). Neste caso, a ordem é ignorar a piada (qual?) e seguir vendo o filme.

6 jogos nerds para quebrar a cabeça

Se você, como eu, se interessa pelo mundo nerd (a ponto de ler a séria “o mochileiro das galáxias), confira esses jogos que separamos para você. Mas, antes, pegue sua toalha para evitar o olhar da terrível Besta Voraz de Traal.

1 – Letroca
Site: Letroca

Letroca | Jogos | Download | TechTudo

Lembrando um jogo de forca modernizado, em letroca, você precisa desembaralhar algumas letras para poder formar o máximo de palavras possíveis em um determinado tempo. Não é necessário usar todas as letras, mas todas palavras devem existir no dicionário português.

2 – Racha Cuca / Lógica – Teste de Einstein
Site: Racha Cuca

Com apenas algumas dicas, você precisa descobrir se o cara de camisa azul é norueguês ou alemão, se bebe cerveja, leite ou café, se o seu site é ueba.com.br e se seu animal de estimação é um peixe ou um cachorro. Para encontrar as respostas corretas, é preciso ir decifrando e eliminando todas as possibilidades por meio das dicas. No site do racha cuca, há vários destes testes.

3 – Peak
Plataforma: Mobile

In Peak Condition | A Peak Review - ReRaise

Peak é um app que desenvolve habilidades de memória, foco, agilidade mental e linguagem do usuário em diversas áreas de interesse. Existe tanto a versão Free quanto a versão Premium.

4 – Duolingo
Plataforma: Mobile

Duolingo apresenta recurso para interações sociais

Se você quer aprender uma nova língua de forma prática e divertida e sendo desafiado em todas as semanas por sistema de ranking com diversas pessoas ao redor do mundo, Duolingo é o App Ideal para você. Com exercícios de áudio, escrita, desenhos, entre outros, o app te ajuda a aprender frases para você usar no dia-a-dia. Mas, não espere um aprendizado avançado na língua em que deseja.

5 – Brain Age
Plataforma: Nintendo

Brain Age 2: More Training in Minutes a Day - Voxel

Lançado para várias plataformas da Nintendo, o Brain Age segue na mesma linha do App Peak (ver acima), com diversos minigames e mostrando ao usuário seu progresso. Tem que ser rápido e resolver todos os puzzles para obter uma pontuação maior.

6 – Gênio Quiz
Plataforma: Mobile

Gênio Quiz 1 – Gênio Quiz

Esse jogo eu conheci por um vídeo do canal “Coisa de Nerd”. Desenvolvido por um gaúcho, o jogo traz várias perguntas de lógica, conhecimentos gerais, problemas pra rachar a cuca, entre outros. São 50 perguntas e, se você errar uma, precisa voltar à primeira.

Leve sua toalha

Era aquele terrível ruído que não parava de gritar. Aos poucos, vou sentindo meu corpo, resistente a acordar, enquanto minha pele se arrepia pelo vento frio que entra pela pequena fresta da janela. Esfrego meus pés cobertos para que eles não se entreguem àquela temperatura gelada. Abro os olhos, mas ainda vejo muita escuridão no ar. Quem é que está me gritando a essa hora da madrugada?

Meus olhos mal conseguem se manter abertos. Sob o edredom, acendo a luz do relógio. “Cinco”. Fecho os olhos. Abro. Acendo novamente a luz. “Três”. Volto a fechar. Me aconchego no travesseiro. Abro os olhos novamente, com dificuldade. “Nove”. “Cinco, três, nove”. As três palavras ecoam na minha cabeça por um tempo. “Cinco, três, nove, cinco, três, nove. Cinco e trinta e nove”. Dou um salto da cama.

– NOVE E TRINTA E CINCO.

Bum! Do andar de baixo da minha casa, ouve-se um estrondo. “Será que o teto vai rachar?”, pensam os ratos. No andar de cima, um corpo caído no chão. Imóvel. Estaria morto? Não! Apenas um adulto num corpo velho que não conseguia se mexer por conta da coluna.

– Nove e trinta e cinco – é a única coisa que penso, enquanto gemo de dor.

Era segunda-feira. Fazia frio enquanto, aos poucos, meu corpo gelado se levantava do chão gelado procurando um agasalho. Me visto conforme manda a festa de um inverno matutino, logo após derrubar meu despertador que não paro de gritar.

Nove e quarenta e dois. Trabalho. Ligar. Chefe. Arrumar desculpa. Não posso trabalhar hoje.

– Não era seu dia de folga hoje? – Ele pergunta.

Desligo, constrangido. Termino de me vestir. Do lado da cadeira, cuja a única função era servir de arara para minhas roupas já usadas, uma toalha. Olho confuso para o calendário e abro um sorriso.

“É hoje”.

No celular, três chamadas perdidas. Era Forge, meu melhor amigo. Olho as mensagens e lá estava: “Estarei te esperando às 10 no mesmo bar de sempre. Preciso te contar algo importante”.

Desço correndo os 42 degraus da minha casa. O barulho dos meus passos assustam os ratos da sala. Antes de sair, na tela do meu computador, uma animação em que o planeta terra se explodia, dando lugar a uma via inter-espacial.

“Estranho, não me lembro de ter deixado o computador aberto”.

Saio de casa. Do lado de fora, tratores amarelos e um cara deitado na grama de frente para eles. Não dou a mínima, pois meu único pensamento que tenho é “quem bebe a essa hora da manhã?”.

Entro no bar. Tudo aparentemente normal. Forge possuía um rosto assustado, estava bem-vestido, guardava uma mala do lado de sua cadeira e terminava seu terceiro copo de cerveja. Após nos cumprimentarmos e ele me servir o segundo copo (tomei rápido o primeiro pra ver se me despertava), olhei para ele e lhe perguntei:

– O que é tão importante?

– Precisamos sair desse lugar. Ele está prestes a ser demolido.

Algumas pessoas do bar o olham assustados.

– Tudo bem, podemos ficar lá em casa.

– Não, você não está entendendo. Tudo aqui será destruído. Este bar, seu quarto, sua casa, esta rua, todo o planeta terra.

O bar fica um pouco mais alarmado. Ainda imaginando que fosse o efeito do sono misturado ao da cerveja, dei de ombros e voltei para meu copo. Ele, incrédulo com minha indiferença, me agarra pelos braços, olha nos meus olhos e aumenta seu tom de voz.

– Você não acredita não é? Escuta, eu sei o que eu estou falando. Eu nunca te disse isso, mas eu não sou da Terra. Eu vim de um pequeno planeta chamado Betelgeuse para espionar o modo de vida dos terráqueos e poder salvar vocês de uma terrível destruição do planeta Terra pelos Vogons para construírem uma via expressa intergalática. Não há tempo para nada. Apenas pegue sua toalha e vamos esperar do lado de fora por nossa carona espacial.

Todos do bar saem correndo, exceto eu e ele (o dono do bar já estava dobrando a esquina). Demorei a assimilar sua mensagem. Pensei em agir de muitas formas diferentes, enquanto continuávamos nos olhando sem que um dos dois pudesse reagir. Então, após ele dar uma boa gargalhada e eu notar que ele também estava usando sua toalha em volta de seu pescoço, me dou conta do ocorrido. Dou-lhe um empurrão e sorrio.

– Você quase me pegou, Forge.

– Feliz dia da toalha, Arthur.

Memes antigos

Oi, galera =)
Bora ver uns memes antigos?

  1. Fazendo anjo, manda pra mim

2. Minha casa, minha vida – e eu decoro como eu quiser

3. Entendendo a piada – é, eu demoro

4. Chove lá fora, aqui dentro…

5. Só quem é pai ou mãe que entendem

Um ótimo fim de semana pra todos!

The Climb

Cenário: A formatura

Se você está cursando alguma faculdade ou já a completou, sabe como a escalada dessa montanha é árdua e cheia de obstáculos. Olhamos do chão até o topo e pensamos: Poxa, a montanha é alta, mas estou empolgado em seguir por este caminho. Subimos um pouco, vem as matérias complicadas, as notas vermelhas, os trabalhos, apresentações em grupo, estágios e tudo mais. O que passa na sua cabeça?

Você já pensou em desistir alguma vez? Mesmo que já estejamos nos últimos semestres e enxerguemos nosso diploma, muitas dúvidas nos pairam. Nos perguntamos se estamos no curso certo, pra onde iremos depois, ficamos perdidos no meio do caminho e o stress de tanta atividade para tão pouco tempo nos atormenta.

No meio do caminho, perdemos colegas e amigos para as desistências e reprovações, também perdemos momentos, viagens, namoros e muito do que possa abalar nosso emocional. Então, vem a formatura e percebemos que tudo ao fim valeu a pena e que, mesmo que tenhamos que escalar novas montanhas, já temos a experiência da primeira.

Para a nossa playlist de hoje, vou recomendar a música “The Climb” da Miley Cyrus. A eterna Hanna Montana lançou essa música em 2009 com uma letra que diz o que escrevi acima.

E por quê justo ela?

Esta semana, Miley postou em seu twitter essa música em homenagem aos graduando deste ano. Uma bela canção com uma letra forte que passa uma mensagem de motivação e superação para todos que estejam enfrentando, não só a faculdade, mas um grande desafio. Independente de gostarem da cantora ou não, vale a pena conferir a letra.

A primeira vez – De tudo

Quando se é tímido, tudo talvez fique duas ou três vezes mais difícil do que o normal. Falar ao telefone, falar em público, começar numa nova escola ou na academia, ingressar num grupo qualquer. Tudo isso (e um pouco mais) é algo que nos faz perder o sono por dias.

Ok, hoje vamos falar sobre a primeira vez de tudo, de uma forma geral. Enfrentar o desconhecido, sabendo pouco ou quase nada daquilo que se enfrenta pela primeira vez.

Pensa só: você se matricula numa faculdade ou numa academia, vai fazer entrevista de emprego, vai se mudar de cidade ou até mesmo vai a um show de rock sozinho. Antes de ir, aposto que seus pensamentos se multiplicam (muitos deles são negativos) e te atormentam por dias.

Você se identificou com as questões acima ou acha que a maioria só é difícil por conta das novas mudança? Se você respondeu “sim” para a segunda, então talvez você não entenda o peso de uma timidez, pois, além do “medo” tradicional do novo, há um “medo” maior por não sabermos o que ou quem encontraremos. Se passaremos vergonha, por exemplo, de levantarmos um peso de 5kg perto dos nossos colegas marombas (que levantam 10 vezes mais) ou de um professor nos perguntar algo que ainda não sabemos sabemos, enquanto todos na sala aguardam, em silêncio, por uma palavra nossa.

E que tal ficarmos em trajes de banho na aula de natação ou sermos arrastado para uma balada indesejada? Aí a gente enrubesce, trava, tropeça, não sabe o que fala e, cada risada ao fundo, é como se fosse uma ofensa que nos machuca.

Sabe, talvez a timidez seja um bloqueio invisível, que só nós enxergamos. Por vezes, as pessoas nem se preocupem com o que estamos fazendo (quando na mais simples ação) e, muitas vezes, quem nos atende já viu coisa pior (e o nosso nervosismo seja apenas algo trivial). Quem nos vê nessa situação (que apontamos como constrangedora, mesmo que não seja), talvez não saiba lidar com tímidos, talvez não se importe, talvez não tenha tato para a situação que estamos passando ou talvez também seja tímido.

Sim, amigo tímido, é difícil fazermos algo pela primeira vez (segunda, terceira, quarta, quem sabe), mas se nunca enfrentarmos o que nos atormenta, jamais sairemos do lugar, jamais amadureceremos. E sabe como a gente enfrenta? Com pensamento positivo e um sorriso no rosto? Talvez, mas também precisamos de treino. É hora de olharmos para o espelho e mandarmos aquele discurso, como se estivéssemos apresentando um trabalho para milhares de pessoas, é dividindo o nosso “monstro” em pedaços para atacarmos cada parte do seu corpo até que ele possa ser completamente derrotado, simulando pequenas ações que iremos enfrentar mais tarde. E, se possível, pedirmos ajuda, conselho ou até mesmo a companhia de alguém que conhece ou que já passou por algo semelhante. Você não está só e nem será o primeiro (ou o último) a enfrentar esse mal.

Agora pense: um jogador não treina sempre, mesmo tendo disputado milhares de partidas profissionais de futebol? Então porque crermos que estamos prontos para todas as situações? Somos propensos a errar, mas também propensos a acertar. Basta tentarmos.

Vai ser difícil, sim! Em todas as vezes. Mas, e aí, vamos deixar esse monstro da primeira vez nos vencer sempre?

Um forte abraço a todos os meus amigos tímidos.

Naquele café

Frente a meu espelho, um sentimento estranho me bate. Um filme antigo se passa de leve em minha cabeça. Não, não parece que tudo se esqueceu. Ainda tenho vagas lembranças. Foi uma breve história, porém intensa e romântica. Hoje, apenas uma brisa amena que não mais me incomoda. 

Hoje, começo uma nova história. Não é estranho que, mesmo sendo a mesma pessoa, nem todos gostam de você? Lembro que era assim. Esse meu jeito simples não agradava aquela velha história que acabara de contar. Agora não. Sou o mesmo para outro alguém que vê com bons olhos quem vejo agora em meu espelho. 

Sabe essa música que está tocando? Ela toca em meu coração. Você a entende? E se eu te dissesse que nem sempre foi assim? Quando antes, em outro relacionamento, era comum eu ouvir coisas tolas sobre ela. Será que era tão difícil de entender o que sinto? Será que era tão difícil de entender que algo sinto? 

Combinamos de ir a um café para conversar. Imagino que você chegaria atrasado, mas não. Você me espera com um belo sorriso e se põe de pé ao me ver cruzar aquela porta. Sento-me ao seu lado e sou contagiado com essa sua alegria. Parece tão bobo, mas não sabe como me faz bem um pequeno gesto desse. Era a primeira vez que eu passava por momentos assim, tão belos. Tão singelos gestos que poderiam melhorar todo um dia. E eu não sei se você pode percebê-lo. 

Você me fala sobre sua família, sobre seu cachorro, sobre seus sobrinhos. Você me conta um pouco sobre sua vida e se interessa em descobrir a minha. Rimos por tantas coisas sem importância e isso me faz tão bem. 

E eu sei que pareço um pouco tímido, mas aquela situação é nova para mim. Ter alguém que possa se importar com algo que achava ser tão banal, pois me habituei a isso. Era assim no meu antigo relacionamento. Nada do que eu dizia parecia importante. Era um gesto egoísta, que só pude entender agora. Acreditava ser algo tão comum. Eu me perguntava: “Que droga! Por que relacionamentos são tão chatos e egocêntricos?” 

Mas você me mostrou que havia flores nesse jardim tão mal cuidado. Vi um pequeno botão se transformar num lindo girassol de esperança. Você se importa com o que eu dizia, você se importa com minhas aflições, você se importa em me ver sorrir. 

E nossos momentos me fazem tão bem que não quero que terminem tão rápido. Você me acompanha até o carro para que tudo se prolongue por alguns minutos. Você demora a se despedir. Quando nossos olhares se desencontram, vem-me, como um furacão, aquele sentimento de parar tudo e correr a seus braços e lhe abraçar para recuperar todo aquele tempo que perdi. Agora eu posso dizer, com toda a sinceridade, que aquele tempo ruim passou. 

Acreditei durante aquele tempo que a única coisa que o amor fazia era partir, queimar e acabar com nossos corações. Mas, foi depois que te encontrei naquele café, que vi que eu poderia recomeçar.

Créditos

Música de inspiração: Begin Again (Taylor Swift)

Imagem de destaque: Designed by ArthurHidden / Freepik

Como Enfrentar Thor

A festa inclinou-se e balançou, fazendo com que todos cambaleassem, exceto Thor e exceto Arthur, que olhava, tremendo, dentro dos olhos negros do Deus do Trovão.

Lentamente, inacreditavelmente, Arthur levantou o que pareciam ser seus pequenos punhos magrelos.

― Vai encarar? ― disse ele.
― O que disse, seu inseto nanico? ― trovejou Thor.
― Eu perguntei ― repetiu Arthur, incapaz de manter a firmeza na voz ― se você vai encarar? ― Moveu ridiculamente seus punhos.

Thor olhou para ele com total incredulidade. Então uma pequena nesga de fumaça subiu, saindo de sua narina. Havia uma chama bem pequena lá dentro também. Colocou as mãos no cinturão. Encheu o peito, só para deixar bem claro que aquele era um homem cujo caminho você só ousaria cruzar se estivesse acompanhado por uma boa equipe de Sherpas.

Desprendeu o cabo de seu martelo do cinturão. Segurou-o em suas mãos, deixando à mostra a maciça marreta de ferro. Dessa forma eliminou qualquer dúvida eventual de que estivesse apenas carregando um poste por aí.

― Se eu vou ― disse ele, sibilando como um rio correndo pelo alto-forno de uma refinaria ― encarar?
― Sim ― disse Arthur, com a voz súbita e extraordinariamente forte e belicosa.

Sacudiu os punhos novamente, dessa vez com firmeza.

― Vamos resolver isso lá fora? ― rosnou para Thor.
― Tudo bem! ― tonitruou Thor, como um touro enfurecia (ou, na verdade, como um Deus do Trovão enfurecido, o que bem mais impressionante), e saiu.
― Ótimo ― disse Arthur ―, ficamos livres dele. Slarty, nos tire daqui.

Créditos

Trecho retirado do livro “A vida, o universo e tudo mais”, terceiro da série “O mochileiro das galáxias”, de Douglas Adams

Uma geladeira que abre assim

Essa história aconteceu há milhares de anos, mas vou recontá-la como se fosse natal de 2019.

Natal, eu e mamãe andando pelas ruas da cidade.

Nenhuma dessas pessoas é minha mãe. Eu tô ali

Procuramos por uma geladeira que ela queria (juro, gente, descobri o que era Fost Free nesse dia, aheuaehuae)

E aí, ela para na frente de um vendedor, completamente sério, que estava de costas para uma fileira de geladeiras:

– Moço, eu quero uma geladeira que abre assim…

Terminou de falar e fez o movimento de como se abre uma geladeira qualquer.

O vendedor, ainda muito sério, fixou-se em frente à geladeira mais próxima (que era dessas duplex bastante comum) e abriu a geladeira da mesma forma que ela havia feito com o movimento. Neste instante, minha mãe fechou a geladeira com toda a força, mais do que o vendedor, aparentando um movimento brusco e grosseiro.

– Não, não é dessas que estou falando.

Neste instante, não me aguentei de tal cena e comecei a rir, de forma que eu não pudesse parar tão fácil. Tive que sair de perto para que o vendedor não percebesse minha falta de educação. Neste momento, minha mãe explicava, exatamente o que ela queria. E, então, voltei ao normal.

No fim, ainda tive que me deparar a outra cena protagonizada por minha mãe: ela havia se esbarrado em outro vendedor, distraído, e quase caiu no chão.

Bom, não vou dizer que ela só foi comprar essa geladeira anos mais tarde

Partilhar com você

O pôr-do-sol estava lindo de se ver. Estávamos os seis sentados naquela areia frente ao mar. Com alguns instrumentos, tocávamos algumas canções que mais gostávamos. Entre uma música e outra, elevávamos o que dizíamos ser uma forte amizade que nasceu só pouco depois de nascermos. E, assim, nascemos. 

Éramos muitos ali, mas meu coração insistia em ouvir apenas a você. Meio a tantos timbres descompassados era o seu silêncio que me fazia sorrir. Sentados em volta da fogueira, sobre aquela areia, a conversa me vinha falha e as respostas me saíam trôpegas, só para não parecer distraído por você. Eu sorria, meio por descuido e olhava ao redor para saber se algum olhar havia percebido. Um sorriso discreto respondia que sim. Enrubesci. 

A noite ia caindo, as estrelas surgindo e o papo ia ficando, aos poucos, mais escasso. Ficamos só nós, dois bobos, sentados sob aquele céu brilhante e generoso. O sono ia me pesando, e meu corpo pedia leito em seus braços, mas você não me deixava dormir. Nem te culpo por querer esse tempo nosso, porque sua companhia era meu carinho e o único desejo que jamais faria era querer te ver aqui sozinho. 

E não me importa quanto tempo nos resta, importa agora só o que é nosso, esse momento que partilho com você. Pois amanhã, quando o dia acabe e for a hora de partir, meu pensamento ainda será você. E não importa se ficarmos distantes, se estivermos mais longe do que Rio e São Paulo ou se pudermos apenas nos falar por áudio, ainda quero estar com você. 

Quando tocar nossa canção, dance, mesmo que desajeitado. Quando tocar nossa canção, cante, mesmo que desafinado. Há lembranças que nos fazem bem, há saudades que valem a pena. Há histórias que ainda há muito que escrever. Porque, se algum dia for pra ser, mesmo que demore alguns anos, a nós a luz haverá de ascender. 

O Vazio de Anos

A rotina era a mesma. Eu continuava a morar na mesma casa já há mais de 10 anos. Como todos os dias, acordo às seis horas da manhã, escovo meus dentes, tomo meu banho, coloco meu uniforme de trabalho e tomo meu café. Olho para frente, vazio.

Às sete, tiro meu carro da garagem, vou para o serviço. Chego faltando cinco minutos para às oito. Trabalho, meus colegas estão ali para me ajudar e, vez ou outra, jogar uma conversa fora. Ao meio-dia, almoço. Volto à tarde. Antes das dezenove, estou em casa.

Chego em casa cansado, mas ainda coloco uma roupa leve para fazer uma corrida na rua. Depois de meu exercício, volto para casa, tomo um banho, preparo o jantar. Na mesa, dois pratos. Olho para frente, vazio.

Uma troca de meias palavras, mas o olhar segue vazio. Alguém à frente, mas continua vazio. Dez anos morando na mesma casa, mas há algum tempo, ela já seguia vazia. O silêncio reinava em minhas noites e em meus dias. Eu me deitava na cama, virava pro lado e apenas dormia.

Somos duas pessoas estranhas sob o mesmo teto, mas estranhos, compartilhando a mesma rotina. O anel de ouro diz que somos casados, mas o coração diz o contrário. Há um vazio tão profundo que não perturba.

Tudo continua como sempre, mas o amor foi embora há tanto tempo que já não me lembro quando foi. Deixamos ir e não resgatamos o que era nosso. Agora é tarde para voltar. Não há carinho, não há sentimento, não há amizade, não há troca de olhar. Só há um silêncio em que ambos preferiram adotar.

Tudo está tão cômodo que penso em continuar assim como estamos. Não foi o que pedi, mas não tenho outros planos. Assim sigo, vazio, com alguém que me é estranho. Seria este o caminho que escolhi ou o caminho que deixei ficar?

Contra quem se briga

Eu já estava tremendo de tanto gritar. Aquela discussão não estava fazendo nada bem a mim. Eu repetia com veemência tudo aquilo que acreditava e nem me importava se a outra pessoa estava prestando atenção, se tentava manter a calma ou se gritava o oposto pra mim de volta. Eu só queria extravasar.

Discutir com alguém que temos um sentimento forte (seja ele qual for) machuca de duas formas. Primeiro, saber que alguém que temos grande consideração ter um pensamento completamente oposto ao nosso (e eu não digo apenas de preferências, mas de atitudes e pensamentos que julgamos errado por nossa vivência), princípios estes que lutamos anos para vencê-los e que hoje sabemos que é errado, mesmo que outras pessoas não vejam um problema sequer nisso. E segundo, pela própria briga.

Não é de lágrimas que firmo essa conversa, mas do quanto fiquei inquieto. Eu não dormi por dias, eu não me concentrava nos meus serviços, eu mal respondia direito às perguntas comuns que outras pessoas me faziam. A comida ficava ali parada no prato por minutos. Até o peito batia mais forte e me deixava descontrolado, sem ar.

Foi por meio de outro amigo, comum entre nós, que voltamos a nos falar. Ele me tratou como se nunca houvesse brigado comigo, e nossa amizade seguiu como sempre foi.

E, realmente, a briga realmente nunca aconteceu, pelo menos não com ele. Montei todo um espetáculo em minha cabeça onde desabafei tudo aquilo que eu queria – de uma leve “discussão” que realmente tivemos, mas que nem durou 5 minutos, mas que fiz questão de estender em meus pensamentos. Era aquela máxima de pensar que tudo o que me incomoda deveria externado – e, sim, deve! Mas para além de meus pensamentos, de outras formas e, de preferência, sem machucar alguém – mas eu insisto em criar uma tempestade em minha mente, a partir de uma chuvinha de primavera.

É isso que nos adoece – por dentro. A cabeça pesa, sente o ódio que corre nas nossas veias, nos anseia, nos deprime. É a briga que parte de nós e morre em nós, deixando alguma cicatriz. Não quer nos deixar em paz. Enquanto isso, há alguém do outro lado que poderia nos ajudar, mas insistimos na teimosia. Não seria melhor conversar de forma saudável pra tudo ficar bem?

Talvez não, talvez isso fosse pacífico demais quando somos a própria guerra.

Liberte-se dos pensamentos que te matam e deixe que seus olhos vejam que há menos importância naquilo que não nos fazem a pena.

Quando continuar não é uma opção

Parece que o coração fica um pouco apertado quando falamos de despedidas. Passa um filme em nossas cabeça recontando todas as histórias boas (e ruins também, claro) do que temos vivido. Bate aquela leve tristeza e, quando nos damos conta, não é só nós que estamos com os olhos mareados.

Já sabemos que despedidas nunca são boas e, ao longo da vida, passaremos por muitas delas. Seja com qualquer tipo de relacionamento, amizade, namoro, familiar, musical, de lugares, viagens e até mesmo daquele livro que você está lendo.

Há despedidas de várias formas. Há aquela em que vocês organizam toda uma festa, porque alguém vai se mudar, aquela em que os sentimentos vão embora antes de outras pessoas e vocês param de se ver mutuamente, devagar e sem perceber, há aqueles momentos em que você é obrigado a se despedir e outros em que um diz adeus e a você só resta aceitar.

Lembra quando uma de suas bandas favoritas encerrou os shows?

O que eu mais vi foram bandas minhas se desfazendo. Seja para se separarem e cantarem individualmente, seja pela morte de alguém ou pela vontade de um deles seguirem por outros caminhos (às vezes seguem e se esquecem de avisar que sua carreira musical acabou). Para mim, recentemente, a banda Skank (banda que curto há mais de uma década) anunciou sua turnê de despedida (nem imaginava que um dia fosse acontecer).

Sobre despedidas mais leves, há certas pessoas que chegam com uma intensidade muito grande em nossas vidas. Temos aquele coração quente e queremos fazer de tudo, aproveitar cada segundo. Você passa dias, meses e até anos grato por estar ao lado daquela pessoa e se sente o mais sortudo de todos. Mas, em algum momento, os sentimentos esfriam, de ambas as partes. Um volta a ser estranho para o outro (o que, no mínimo, é curioso) e os corações se afastam. Vocês entendem que aquilo acabou e se separam, sem rancor, sem tristeza, sem sentimento. Se vai assim mesmo, tão frio quanto um dia foi quente.

Bem, nos próximos dias, quero voltar a esse assunto de despedida, pois o post aqui está ficando longo. Quero conversar um pouco com vocês sobre as várias despedidas que enfrentamos pela vida. Falar de cada uma, com a riqueza de tudo o que já pude sentir ao longo dessa vida. E falar também de bandas que algum dia já gostei. No mais, longe da despedida, fica esse post de retorno, depois de um ano de hiato desse blog. Só espero não ficar tão longe daqui como um dia fiquei.

Um abraço a todos.

Parte de mim sombra

Depois de tanto caminhar, finalmente o encontrei. Ele se sentia só naquela rua sem movimento, numa noite fria e chuvosa. Estava usando uma jaqueta de couro branca, com uma camiseta branca, calça branca e o tênis branco. Seus cabelos tão bem alinhados, mas seu olhar se colocava assustado ao me ver. Eliminei toda voz e todo ruído para poder ser escutado. Decidido, me aproximei.

Não me lembro de quando nasci, apenas de ter sentido grande áurea negativa próximo a mim, oriunda de tanto ódio, tristeza e dor brotadas de repente. Pessoas tão amadas já não tinham o mesmo carinho, pequenas coisas ruins deixadas de lado já ocupavam um maior espaço de raiva.

Mais consciente, percebi que éramos duas pessoas dentro de um único ser. Enquanto ele era a esperança, o amor, a felicidade, eu era o a impaciência, o rancor e a tristeza. Com tanta coisa negativa acontecendo, dificilmente entrávamos em comum acordo. Aquilo nos irracionaliza e não nos permitia sair do lugar. Por isso, nos isolamos, tentando buscar um novo caminho, em comum acordo.

Mas eu era a impaciência. Não queria ceder nada. Então, cada um foi para um lado. Andei por trevas, infelicidade, por caminhos sombrios, difíceis de serem descritos. Passei um bom tempo alimentando ódio por aqueles que me fizeram sofrer, que me fizeram mudar quem eu era. Escrevi o nome de cada um para nunca me esquecer do terror que me causaram. Cada plano, cada passo, muito bem detalhado.

Mas a vingança não é o melhor caminho e eu sabia que aquele nunca foi e nunca será eu. Estava confuso, entrava em desespero, precisava reencontrar minha luz, recomeçar. Corri de volta ao início, demorei, me avistei. Meu eu-luz estava sentado no chão, sozinho, sem direção. Aproximei-me devagar. Mesmo tão opostos, ainda tínhamos uma conexão e, quando estávamos próximos, nos abraçamos, apertados.

Era uma sensação estranha. Sentia repulsa em nosso abraço. Era desconfortável, mas necessário. Ele sentia medo, eu sentia o mesmo.

“Por favor, ajude-me a fugir da escuridão que me tornei. Não vai ser fácil, mas talvez juntos possamos descobrir um meio de nos tornarmos um novamente, com todas emoções de forma equilibrada, racionalizados de que nenhuma delas vá nos derrubar daqui para frente. Eu preciso de você, não me abandone agora. Por favor, me salve. Há um grito forte de desespero entalado minha garganta”.

Parte 2 de 2 do conto

Parte de mim luz

Ele vem em minha direção, naquela noite chuvosa, onde poucos postes iluminam minha visão. Veste uma jaqueta de couro preta, uma camiseta preta, uma calça preta e tênis preto. Seu cabelo está levemente bagunçado, mas seu olhar é fixo ao meu corpo escorado em uma parede. Na rua, não há passageiros ou carros, não há vozes, não há barulhos, não há músicas.

Lembro-me de um tempo em que tentava ser feliz de todas as formas, mas tudo me frustrava. Meu primeiro relacionamento foi um desastre. Fui enganado de tantas formas que já nem me lembro como era o amor. Meus amigos apenas fingiam estar do meu lado, quando tampouco pensavam em mim. Minha família sempre desunida onde cada um só agia em benefício próprio. No trabalho, então, só decepção.

Entrei em minha fase de isolamento, fechando-me para o mundo em busca de autoconhecimento. Estava tão cansado que meus próprios pensamentos me sabotavam. Tornei-me o escuro de mim mesmo, com frases negativas e desespero. Era só tristeza e lamento.

Então, algo nasceu de mim. Correu para longe. Despareceu. Por fim, estava livre. Retomei o que havia perdido, com novos rostos, novos lugares. Tentei me adaptar à minha nova vida, respirando fundo, com novos sabores, com novas atividades. Tentei expulsar o pouco da tristeza que me restava, com poesia, com arte, com risada. Encontrei em novos amigos o que nos velhos me faltava. Parecia renascer em mim a velha felicidade.

Tentei, de diversas formas. Mas algo vazio ainda me habitava. De alguma forma, aquilo não era eu, mas nada me dava respostas. Tentei me reencontrar, mas não deu.

Foi então, naquela noite escura que vi aquele ser todo vestido de preto se aproximando de mim. Aos poucos, fui reconhecendo. Eu estava olhando para mim mesmo, com um semblante triste. Aquele meu eu-obscuro se aproximava e eu não conseguia fugir. Nem parecia ter vontade, na verdade. Ele me abraçou forte e meu peito se pôs em desespero. Ofegava forte, com o coração em ritmo acelerado. Meus olhos espantados, minha boca amarga. Tentei empurrá-lo para forte, mas ele era resistente. Então, percebi que não havia me livrado do passado.

Quando as lembranças me vieram, tudo ficou claro. No auge do meu desespero, não tentei me livrar do mal que havia me assolado. Passei por cima da tristeza, sem resolvê-la por completo. Ela se foi por um bom tempo, até acreditei estar curado.

Então, quando minha pior noite voltou, ele retornou. Quieto, calmo e forte com um abraço apertado.

Parte 1 de 2 deste conto

Ideias que moldam como você

Sinceramente não. Você me vem com um papo de tentar me convencer de suas ideias e fala que devo escutar pois é a sua a visão mais certa. Você diz, sem pestanejar, que tenho muito o que escutar, por tantos anos de experiência e sabedoria, mas há algo novo que você não consegue ou não quer enxergar. Tento humilde dizer umas palavras simples, mas você me corta rápido com duas espadas, pois minha pouca idade não é o bastante.

No início, me sentava para lhe escutar. Eram palavras fortes e imponentes que eu acreditava que me levaria a algum lugar. Aos poucos, algo foi me chamando a atenção. Seu discurso muitas vezes se repetia, mas algumas ações falhavam. Ok, tudo estava certo, afinal somos humanos e o erro já é esperado.

Então, fui crescendo e me tornei um bom observador e um bom ouvinte. Extraía certas notas em sua voz que antes não percebia. Notas em tom de um convencimento que não me agradava. Aquilo se misturou com atitudes suas que para mim não combinava. Aos poucos, aquele herói se desmanchava.

Para piorar sua situação, fui percebendo que eu só era útil quando lhe agradava. Recebi inúmeros nãos sempre que almejei crescer com sua permissão. Foi duro de princípio saber que você só fingia estar ao meu lado, saber que toda luta era em vão, pois todas as minhas vitórias, por você, eram abortadas.

E em mim, criei resistências à falsa índole que você me projetou. Tornei-me difícil, mas você seguia tentando me comprar de alguma forma. Até para meus amigos destilava suas ideias venenosas, pois sabia que seria um caminho fácil a me ganhar, mas eu não sou tolo, aprendi a seguir minhas próprias ideias. Meus princípios são fortes, meu caminho é virtude, não vai ser fácil, eu sei, mas hei de lograr meus méritos.

Agora uma coisa lhe peço, por favor. Pare de atacar meu íntimo com sorrisos disfarçados de terror, não fica bem para alguém em seu nível de poder. Você pode ter visto um monte de castelos destruídos que jamais imaginei. Mas, eu sigo construindo os meus, pois sei o que é melhor pra mim ou, pelo menos, vou aprendendo, devagar, em meu tempo, pretendendo ser muito melhor do que você.