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Um videogame para a virada

Oi, gente! Como foi a virada de vocês?

Depois de ter me empanturrado, mas só de leves, no natal, foi a vez de comer um pouco mais na véspera de ano novo. Ao contrário dos pratos feitos que tivemos (frango, pernil, fricassê, salada e arroz à grega com muitas, muitas uva-passas) no natal, ano novo foi algo mais de churrasquinho e uns petisquinhos. Nada extravagante.

Tivemos até uma brincadeirinha de presentes entre a família, onde cada um comprava um item de até 20 reais (teve gente levando vela e outros, menos criativos, só davam o dinheiro mesmo). Cada um escolhia um presente e, se acertasse uma pergunta, ficava com ele. Claro que ninguém poderia ver ou tocar o presente, pois era tudo uma surpresa.

Mas a maior festa para mim acontecia do outro lado da casa, lá na sala, longe dos presente e da churrasqueira: o videogame com as crianças que, neste quarto de século já passado, já estão quase na maioridade. Já há muito, brincar de videogame com minhas crianças é algo que me dá prazer. Não que a companhia com os adultos fosse fastidiosa ou evitável, claro que não! Também tinha aquele momento que eu parava pra conversar com eles, mas jogar um videogame sempre é bom (tradição que nos acompanha desde o Nintendo Wii, lá por volta de 2010 a 2016).

Hoje é o Nintendo Switch quem nos acompanha. E, para garantir ainda mais a diversão, o mais legal é trazer jogos de multiplayer. Mario Kart 8 (deluxe, com 96 pistas) é, disparado, o mais divertido e acessível para todos, mas também tivemos: o jogo de tiro (original do Super Nintendo) – Wildguns, o jogo de luta – Super Smash Bros.), Lego Harry Potter, Pokémon Let’s Go Pikachu e o esportivo Nintendo Switch Sports.

Fogos? Nem vimos! No máximo, um abraço com a galera, os desejos clichês de felicidades e uma noite pacífica com a galera (nada de brigas ou coisas do tipo, pelo menos, nada que fosse nem sutilmente grave).

E foi assim que viramos o ano. E vocês, como passaram por aí?

Laranja passada

Estava eu almoçando tranquilamente (olhando o relógio para voltar a trabalhar) quando o garçom me pergunta o que eu gostaria de beber.

Com a comida ainda toda na boca, mastiguei rápido e a engoli (com toda a delicadeza do mundo) para não engasgar.

Corta pra cena em que fiquei quinze minutos tossindo desesperado tentando fazer a comida voltar pro buraco certo.

Pedi meu já habitual suco de laranja (já que era o único, pois o de limão estava impossibilitado de ser feito, pois o liquidificador deles já estava quebrando havia mais de semana) e voltei a comer (enquanto o garçom ficou lá do lado da mesa uns bons minutos aguardando minha comanda para fazer a anotação).

Tendo chegado o suco, continuei a comer, pois normalmente o tomo depois de terminada minha deliciosa refeição (no dia em questão, a carne estava bastante salgada). Dei uma bicadinha (tomei um gole, caso não tenha entendido) só para provar e voltei à comida.

Sabe quando você toma algo tão ruim, mas demora a processar e só se dá conta quando já coloca o copo na mesa? Pois foi essa minha reação.

Ainda estava processando o sabor daquele suco, mas deixei para tomar o resto no final mesmo (como disse acima). Depois, tomei mais um pouco e percebi que o suco tinha sido feito com laranjas colhidas e escolhidas a mão nos verdes campos das laranjeiras podres, pois não era possível que aquilo estava tão ruim. Então, fiz aquilo que toda pessoa normal faz numa situação dessa: tomei mais um pouco.

Resolvi ir à pesonista (a mulher que pesa o prato) e falei educadamente que a laranja estava “passada”.

Corta pra cena em que a moça está toda encharcada de suco de laranja por algum motivo inexplicável.

A moça entregou o suco de laranja ao garçom e me perguntou se eu gostaria de outro ou se eu deveria tirá-lo da comanda.

É ruim que eu ia tomar outro com as mesmas laranjas, né? Ela que tomasse!

No final, tudo certo. Estava indo pra fila do caixa pagar minha refeição, quando me deparo com a cena: o garçom estava na cozinha tomando o meu suco de laranja no meu copo (sim, a cozinha tem vista pro restaurante inteiro).

Percebendo ser uma cena um pouco estranha, decidi virar o rosto por exatos três segundos, mas a curiosidade era grande e eu voltei a olhá-lo, quando me deparo com a cena em que ele estava fazendo careta pro suco.

Foi difícil, mas aguentei a risada. Por pouco tempo. Foi apenas o prazo de ele passar por mim e soltar um “realmente, o suco está uma porcaria”.

E foi assim que fiz amizade com o garçom.

Bom, pelo menos ele provou (literalmente) que eu não estava mentindo.


Referências
A imagem inicial é um oferecimento de wirestock daquele site de imagens grátis, o Freepik

Bloqueio meu

Hoje bateu um bloqueio criativo. Fiquei horas andando pela casa para até pensar o que escrever. Ontem a noite até perdi um pouco de sono: que assunto seria melhor?

Desisti. Falar de qualquer coisa, de qualquer jeito, pode ser fácil, mas fazer um post de qualidade leva tempo e criatividade.

Não deu. Desisti.

Fiquem com esta ausência de post.

Até amanhã

Foto de olia danilevich no Pexels

O preço de ser retrô

Bem antes de começarmos a viver a década passada, eu comprei aqueles que eu posso chamar de meus primeiros videogames. Não eram realmente os primeiros, se eu considerar os que tive na infância, mas os primeiros que eu pude comprar. Eram um Ds e, um ano depois, o Wii. Esses eram os consoles da época, ainda estávamos na sétima geração (PS3, PSVita e X360 eram os outros da mesma geração).

Naquela época, era comum encontrarmos alternativas para os jogos e os videogames não dificultavam tanto para isso, porém, um belo dia, eu resolvi que eu queria ter os jogos, com seus encartes e discos. Nascia ali um colecionador retrô.

Da geração super nintendo para Wii, existem duas gerações que, infelizmente, eu não tive. O Nintendo 64 (que eu jogava nas extintas locadoras ou alugava) e o Gamecube (que eu não tive nem a chance de jogar).

O Wii foi uma geração muito importante, com seus jogos como Mario Galaxy, Metroid Prime 3, Mario Kart Wii e Wii Sports. Porém, como pirataria era algo comum, era difícil encontrar os jogos originais e lacrados, algo que foi só piorando com o decorrer do tempo. Para contornar essa situação, era comum eu sair pelas lojas de games das cidades que eu visitava para minerá-los (expressão que nada tem ligação com o fato de eu ser de Minas).

Lembro de, por exemplo, encontrar Twilight Princess (Zelda) e Metroid Prime 3 dando sopa numa loja no Shopping Bourbon, em Porto Alegre por um preço bem acessível (algo impossível hoje), usados, claro. Ou, de por exemplo, estar em uma Americanas e encontrar, bem lá no fundo do balco, um Smash Bros Brawl lacradinho. Ah, e quando, pouco antes da pandemia, achei um Skyward Sword (Zelda), mídia dupla, em ótimo estado por apenas R$ 100,00. Lindo!

Infelizmente, hoje é difícil encontrarmos pérolas como essa. Pra piorar, naquela época minha busca mais intensa era para jogos de Wii, hoje o meu maior problema se chama: Gamecube, aquele videogame que eu não tive a oportunidade de jogar (e nem conto o fato de meu Gamecube não estar lendo discos). Aí a gente busca um joguinho ali, nenhum abaixo de R$ 300,00 (o dólar deve ter afetado os jogos usados, só pode). Acho que os únicos achados que eu posso me orgulhar hoje são os dois primeiros Metroids Primes que encontrei a preço bem acessível (quem precisa do trilogy quando se tem os 3 jogos? Eu, Nintendo, lança isso logo pra Switch).

Hoje eu até conto com uma pequena coleção de Gamecube, mas quando penso que ainda há jogos pela frente, como Smash Bros, Mario Kart, Luigi’s Mansion, Pikmin, Metal Gear e Zelda Four Swords e todos eles com os preços mais altos do que um jogo lacrado de Switch, me desanima continuar com essa busca de colecionismo. Mas, devagar a gente tenta. E eu até sei o que você está pensando, mas não, não é isso que eu quero. Eu quero é os jogos mesmo.

O mineiro que adora trens

Quando eu era pequeno, o meu sonho de infância era ter aqueles trens de brinquedo.

Um primo mais velho tinha e eu adorava ficar vendo aquele trem andando nos trilhos, mesmo que de forma manual.

O tempo passou e eu sofri calado. A paixão por trens continua, mas eu ainda não realizei meu sonho. Porém, já fiz duas viagens maravilhosas de trem. Uma por Bento Gonçalves / RS e outra por Morretes / PR.

Lembro que em 2016, estava com um primo em Curitiba e descobrimos um passeio maravilhoso com destino a Morretes / RS. O passeio durava cerca de 2h e está listado entre um dos passeios de trem mais bonitos do mundo.

Leia: Roteiro Hypeness: um dos 10 passeios de trem mais bonitos do mundo é no Brasil

Apesar de já ter cerca de cinco anos, ainda me lembro de algumas coisas. Por exemplo:

O passeio durou mais do que duas horas, porque algo aconteceu no meio do caminho (não sei se tinha dado problema na viagem ou se tinha alguém amarrado nos trilhos do trem).

Estava fazendo tanto frio que, em uma parte do passeio, estávamos acima das “nuvens”, ou melhor, da neblina. E a visão é linda.

Podia ter durado mais o passeio, pois a vista, meu amigo…

Como nós fomos no inverno, o verde belo da natureza não estava tão verde assim, mas a paisagem era tão bonita que não cabia numa foto. O passeio era gostoso, tranquilo e contava com treze túneis (viagem que não é pra você, amigo claustrofóbico).

A guia turística também era um amor de pessoa. Apresentando e nos contando histórias, ela vez ou outra soltava uma piadinha bem-humorada, como: “aqui na cidade de Curitiba, o trem precisa andar mais devagar, a uma velocidade de 10km/h. Porém, ao sair, o trem atinge uma ultra-mega-power velocidade incrível de 20km/h”. Sim, é bobo, mas isso nos divertia.

Morretes, o destino, não é uma cidade grande, mas tinha lá seus atrativos. O que eu poderia mencionar é o prato típico de lá, o barreado, feito com carne de sol. Quem algum dia for lá, prove. É uma delícia.

Barreado | Receitas
Receitas Globo

O passeio foi tão bom que eu precisei até sair do trem pra andar à pé nos trilhos.

A viagem de trem existiu, mas a vontade de ter um trem de brinquedo, ainda não.

E você? Tem alguma viagem inesquecível?

Saudade das feiras de games

Depois de horas de viagem, dentro de um ônibus ou um avião, finalmente chego ao meu destino: aquele evento grande de um entretenimento que eu tanto gosto (normalmente de games) que seria aproveitado por um fim de semana completo.

Morando em uma cidade pequena do interior, eventos grandes se resumem a shows sertanejos – geralmente acontecendo em uma data específica por ano – algo que nunca foi do meu interesse. Por isso, para que eu possa curtir à minha maneira, é preciso uma viagem de, no mínimo, 150km até a próxima cidade (e, mesmo assim, não é o suficiente).

Pra piorar, quando se trata de companhia, os amigos próximos (que vivem a poucos quilômetros, não os mais chegados) por algum motivo não podem me acompanhar – seja por desinteresse, cônjuge ou falta de dinheiro. E aí é viajar sozinho ou passar um fim de semana em frente ao computador. Lembro-me de um amigo que vivia indeciso sobre qual lugar poderíamos tomar um lanche e eu sempre dava sugestões a ele. Todas eram recusadas e, no fim, acabávamos comendo sempre no mesmo lugar.

Ir ao evento também não é nada barato e tem que ser bem planejado. Quanto tempo é o evento? Onde ficarei hospedado? Qual o melhor horário de translado? Se estou em outra cidade, o que mais posso aproveitar na cidade? Vale a pena viajar por quilômetros só pra diversão de um fim de semana? Será que tenho dinheiro sobrando pra isso?

Mas aí chega o dia do evento, passada toda aquela ansiedade. De cara, a grande estrutura já impressiona. A vontade é a de sair correndo por todos os stands para testar tudo o que lá se tem a oferecer. Bom, vamos conversar um pouco sobre algumas coisas que sinto falta:


1 – Videogames antigos

Posso ter alguns consoles de gerações diferentes, mas vê-los expostos em uma feira e ainda poder jogá-los e conhecer pessoas com os mesmos gostos é simplesmente o máximo. Conhecer as histórias, compartilhar memórias e descobrir jogos comuns e diferentes vindos dos gostos de cada um nos faz querer conhecer mais e mais desse mundo. Se eu pudesse, sairia jogando tudo que é console nesses eventos.

2 – Pessoas incríveis que você admira o trabalho

Pedro Leite é cartunista e ilustrador de obras como “Quadrinhos ácidos” e “Onde meu gato senta”, que eu comecei a seguir há um tempinho bom desde sua época de Facebook. Comprar um livro dele seria uma coisa, mas ter o prazer de levar sua obra ali autografada na hora após bater um papo sobre sua história enriqueceu bem a minha tarde. O cara é gente fina e só não pareceu ser mais alto por ter dobrado o joelho pra tirar a foto (ele é alto demais ou eu que sou baixinho?)

3 – Batalha de Cosplays

Fora o jogo Smash Bros, onde mais você veria uma batalha épica entre dois personagens completamente aleatórios, como Kratos e Deadpool? Quem curte esse tipo de evento consegue ver a criatividade e a personificação que cada pessoa teve ao escolher seu cosplay. E eles entram no personagem! Tá certo que a maioria deles não dá pra ficar conversando, mas já vale aqueles segundos de se poder tirar uma foto.

4 – Por falar em Cosplay

Se fosse pra eu escolher um cosplay, com certeza seria de Aang, de preferência, quando eles invadem a Nação do Fogo. O Aang não veio, mas encontrei a Katara sim. Apareceu rápido numa sala que eu estava e saiu. Fui eu lá, correr atrás dela gritando “Katara” pedindo por uma foto. Moça, espero que, quando eu fizer cosplay do Aang, te encontre novamente.

Obs.: Sim, isso no meu bolso é um Nintendo 3DS versão Nintendinho.

5 – A infância em tamanho família

Quando eu era criança, até boa parte da minha adolescência, Chaves era um seriado que eu sempre assistia e dava risada. Bom, eu nunca conheci os atores, mas os action figures são os que a gente mais vê nessas feiras. E a do Chaves não poderia faltar? A gente olha por um tempo, namora, relembra a infância e se empolga. Às vezes até leva uns pra casa só pra fazer durar mais nossa infância. É tanta coisa que às vezes nem cabe no quarto, mas a lembrança a gente leva pra sempre.

6 – Encontro com os amigos

Se os amigos mais próximos não vão, então a gente marca encontro com os amigos espalhados pelo Brasil. E se curtir sozinho já é bom, imagina com aqueles que curtem as mesmas coisas? É aqui que a gente vê como esses momentos se fazem tão especiais, pois não basta aquela ansiedade de ir ao evento para se maravilhar com tudo o que tem lá, mas de reunirmos com nossos amigos, ainda mais aqueles que demoramos meses, e até anos, para os vermos. Com esse período em casa então, que acabamos fazendo cada vez mais amigos distantes, pode ter certeza de que os próprios encontros serão muito mais lotados e preenchidos pelos mais diversos abraços e carinhos.

Que venham os próximos eventos!

E você, do que sente falta?

Quando continuar não é uma opção

Parece que o coração fica um pouco apertado quando falamos de despedidas. Passa um filme em nossas cabeça recontando todas as histórias boas (e ruins também, claro) do que temos vivido. Bate aquela leve tristeza e, quando nos damos conta, não é só nós que estamos com os olhos mareados.

Já sabemos que despedidas nunca são boas e, ao longo da vida, passaremos por muitas delas. Seja com qualquer tipo de relacionamento, amizade, namoro, familiar, musical, de lugares, viagens e até mesmo daquele livro que você está lendo.

Há despedidas de várias formas. Há aquela em que vocês organizam toda uma festa, porque alguém vai se mudar, aquela em que os sentimentos vão embora antes de outras pessoas e vocês param de se ver mutuamente, devagar e sem perceber, há aqueles momentos em que você é obrigado a se despedir e outros em que um diz adeus e a você só resta aceitar.

Lembra quando uma de suas bandas favoritas encerrou os shows?

O que eu mais vi foram bandas minhas se desfazendo. Seja para se separarem e cantarem individualmente, seja pela morte de alguém ou pela vontade de um deles seguirem por outros caminhos (às vezes seguem e se esquecem de avisar que sua carreira musical acabou). Para mim, recentemente, a banda Skank (banda que curto há mais de uma década) anunciou sua turnê de despedida (nem imaginava que um dia fosse acontecer).

Sobre despedidas mais leves, há certas pessoas que chegam com uma intensidade muito grande em nossas vidas. Temos aquele coração quente e queremos fazer de tudo, aproveitar cada segundo. Você passa dias, meses e até anos grato por estar ao lado daquela pessoa e se sente o mais sortudo de todos. Mas, em algum momento, os sentimentos esfriam, de ambas as partes. Um volta a ser estranho para o outro (o que, no mínimo, é curioso) e os corações se afastam. Vocês entendem que aquilo acabou e se separam, sem rancor, sem tristeza, sem sentimento. Se vai assim mesmo, tão frio quanto um dia foi quente.

Bem, nos próximos dias, quero voltar a esse assunto de despedida, pois o post aqui está ficando longo. Quero conversar um pouco com vocês sobre as várias despedidas que enfrentamos pela vida. Falar de cada uma, com a riqueza de tudo o que já pude sentir ao longo dessa vida. E falar também de bandas que algum dia já gostei. No mais, longe da despedida, fica esse post de retorno, depois de um ano de hiato desse blog. Só espero não ficar tão longe daqui como um dia fiquei.

Um abraço a todos.

Primeira vez no hostel

“Entre tantas cidades, cheguei a dormir em 3 hostels (é esse o plural de hostel?) que são aqueles albergues em que você aluga uma cama apenas num quarto onde dormem muitos desconhecidos, o que me proporcionou essas amizades. Sim, pra quem gosta de sua privacidade ou de manter sua intimidade intacta, sugiro que evite a ocasião, mas pra mim valeu a pena.”

Texto retirado deste post (clique)

Há alguns dias, postei sobre como era mochilar e comentei sobre se hospedar em hostel, com pessoas desconhecidas, porém de forma bem genérica, como o trecho acima. Hoje, comentar um pouco da experiência.

Sim, a ideia assusta um pouco. Saber que é preciso dividir seu sono, um quarto, o banheiro e talvez até certas intimidades como trocar de roupa com outros estranhos, pode dar um certo frio na espinha, mas quando você nota que é muito mais construir novas amizades, você percebe que sua experiência naquele lugar valeu a pena.

Você é do tipo social ou que prefere se isolar?

Sim, as pessoas tentarão conversar com você, tentarão descobrir sobre você, tentarão entender quem é você. Como disse antes, se você almeja privacidade, apenas descansar e obter um pouco de sossego, pegue um hotel, pois isso não é pra você. As pessoas que se hospedam tem como principal intuito conhecer novas pessoas. Não, não é nenhum tinder da vida real, é só querer conhecer pessoas de todos os lugares e adquirir novas amizades e novas culturas.

Eu estava um pouco preocupado com isso, de novas pessoas. No meu primeiro hostel, cheguei a noite e tinha uma galerinha sentada na recepção comendo algo e jogando baralho. Após fazer check-in, deixar minha mala guardada e tomar um banho, desci, perguntei onde poderia comer e todos eles foram muito simpáticos comigo. Naquela situação, eu era estranho, pois todos já estavam há alguns dias ali e já haviam feito amizades.

Após voltar do jantar, eu tinha duas opções: ou me socializava com eles ou ficava isolado em meu quarto fazendo vários nadas. Optei pela primeira, peguei humildemente uma cadeira ali e coloquei ao lado de uma das mesas. Fiquei apenas observando, mas logo o assunto foi fluindo, com perguntas sobre mim e eles falando sobre eles. Com o tempo, fui ganhando confiança e aquele ambiente começava a ficar agradável. Tudo ali ganhando vida naturalmente.

O mesmo quarto, outra cama

Por mais que pareça estranho se deitar numa cama com outras camas ao lado, nem sempre as pessoas estão interessadas em ver se você dorme com o pijama do Rei Leão ou apenas de uma bermudinha curta. Todos ali estão mais preocupados em arrumar suas coisas e em recuperar seus sonos. Os hostels que eu me hospedei, todos tinham um lugar para a bagagem, mas é preciso levar um cadeado com chave para garantir a segurança de seus objetos, pois a maioria oferece esse serviço apenas mediante pagamento. Mas, mesmo que muitos ali não estejam interessados em se apossar de seus objetos, segurança nunca é demais. Pensa só. Já imaginou se você perde uma calça e sua primeira reação é que alguém a pegou? Pode trazer confusão na certa.

Em um hostel, dividi o quarto com mais dois caras. Em outro, esse número dobrou. É preciso tomar cuidado com os barulhos que você faz a noite. Se você chegou tarde e já tem gente dormindo, evite o máximo de ruído possível. Não abra a porta com escândalo, não fale ao celular, ande com cuidado, tente não incomodar ninguém. Use a lanterna do celular para não ter que ligar a luz principal. Evite tudo aquilo que você sabe que não é legal quando tem gente dormindo.

Nos quartos, apenas duas coisas mais me incomodaram: os roncos (e era uma sinfonia boa) e a falta de iluminação natural (sol), que é geralmente o que uso para dormir. Mas, de modo geral, todos ali respeitaram o meu espaço.

Dividir um banheiro

Se você já se incomoda em dividir um banheiro na sua casa com sua família, aí vai mais uma: o banheiro aqui é dividido.

Eu já estive em um hostel em que só havia um banheiro pra todos os homens do hostel. Esse foi o menos legal, até porque você não pode ficar enrolando lá dentro (seja banho, trocar de roupa, fazer as necessidades, se aprontar), mas por incrível que pareça, esse banheiro era bem arrumado e bem limpo. Caso isso não esteja acontecendo, você pode comunicar com a staff do local.

Também já estive num em que era um banheiro no quarto (6 pessoas) e, se estivesse ocupado, você poderia utilizar outros do hostel. Como a maioria dos hóspedes saía para curtir um pouco do turismo, então era natural encontrarmos aquele banheiro sempre desocupado.

Também há banheiros em que são como vestiários de clube. Quem já tomou banho ou trocou de roupa nesses lugares, sabe como a intimidade com os estranhos caem. Você pode se deparar com alguém nu a qualquer momento, ou com alguém fazendo suas necessidades no box ao seu lado, mas aí já nem é questão mais de ser um hostel, pois se você enfrenta lugares que possuem vestiário, pode estar acostumados a essa situação.

Amizades

Eu abri mão de vários pontos para chegar ao mais importante: a amizade. Citando apenas um caso, quando estive no primeiro hostel em que me hospedei, acabei fazendo amizade com dois caras (apenas um deles dividia o quarto comigo), além de fazer amizade com a staff do hostel. Mas dou maior importância aos dois.

Era a união de um paulista, um gaúcho e um mineiro. Nossa amizade não se prendeu apenas ao local, mas a toda a cidade. De manhã, após o café-da-manhã (algo que, normalmente, hostels não oferecem), o paulista oferecia seu carro e nos levava às praias da cidade. Lá, curtíamos aquelas belas paisagens, tomávamos banho de areia e de mar e de quebra pegávamos uma cor. Íamos até quadras de areia jogar uma bolinha ou passeávamos pela orla, comprando churros e fazendo amizade com a vendedora. Registrávamos tudo aquilo com a câmera do mineiro. E, no fim do dia, dividíamos nossa grana para comprar comida para o jantar feito pelo gaúcho. Tudo isso, enquanto dividíamos experiências, sensações e histórias das nossas vidas.

Faria tudo de novo?

E mais um pouco. Não está escrito o que a gente ganha, não está escrito o que trazemos para casa. Temos receios do que vamos encontrar (e foi assim que cheguei lá) mas no fim, não queremos ir embora para casa. É rico e faz um bem danado viver diferente do que estamos acostumados a viver.

Image by gery moser from Pixabay

Vendedores legais e vendedores que não se importam

Um belo dia de sol e com um dinheiro no bolso que sobrou depois que você pagou todos os boletos possíveis e inimagináveis de contas que você nem havia feito, mas que veio mesmo assim, até maior do que você imaginava, porque não quiseram fazer um desconto pra você, mesmo depois de você ter chorado horrores, porque precisava escolher entre comer e comprar uma fralda para seu filho recém-nascido de apenas 11 anos de idade…

Desculpe, me empolguei. Vou começar de novo.

Um belo dia de muito movimento, você resolve passear pelas lojas do centro, sem nada em mente pra comprar. Você entra numa loja, vê muita coisa legal que você adoraria ter, mesmo não precisando e fica tentando a comprar. Nessa hora, surge o consultor de economia de seu âmago, usando terno e gravata, olha bem para seu rosto e, quando você pensa que lá vem todo um discurso falando sobre ‘você realmente precisa comprar isso?’, ele fecha a cara e te diz: ‘se você não comprar, o desconto vai ser bem maior’. Sim, é o Julius.

Eu fiz de novo, né?

Mesmo não tendo certeza se você quer comprar, chega um(a) vendedor(a) todo simpático, sorrindo pra você e logo fala: “posso ajudar, senhora?”. Então, você sai correndo desembestada pelos departamentos da loja, enquanto tropeça em tudo e joga todos os produtos na cara da vendedora, enquanto ela corre atrás de você, gritando: “Senhora, mas eu só quero vender um produto pra você! Senhora, senhora”.

(Voltando). Se a vendedora for muito simpática e tentar entender suas dúvidas, te ouvindo de forma graciosa e realmente querendo te ajudar (sabemos que o objetivo final dela é a venda), nos sentimos tão bem cuidados por ela que resolvemos comprar o bendito produto, mesmo que bata o arrependimento. Bom, mas aí já está feita a compra e, por incrível que pareça, por termos nos sentido tão bem com ela, podemos voltar e comprar mais algumas coisas inúteis (adotei a partir deste ponto de que a nossa personagem em questão será uma vendedora, não um vendedor, porém, vale para ambos os casos).

Agora vamos para uma situação reversa.

Você precisa de um item específico e descobriu que há um dinheiro sobrando no bolso, pois percebeu que aquele seu filho de 11 anos não precisa mais de fraldas. Entra na loja, procura pelo item, anda por todos os departamentos, dá uma olhada nos produtos que ela vende, faz pirueta, toma um cafezinho, dá uma passadinha no banheiro, ajeita o visual, volta, joga uma prateleira no chão, anuncia no microfone da loja que a pomada para furúnculos acabou e termina fazendo um pique-nique no meio das roupas usando uma toalha que ainda nem foi vendida. Mesmo com muitos vendedores disponíveis, ninguém vai ao seu encontro. Você até os encara por um tempo, porque aquela verruga enorme te chamou muito a atenção e você adorou a nova cor dela, depois que a vendedora ficou horas no salão tentando escolher a cor certa para pintá-la, mas, mesmo assim toda a loja resolveu fazer um complô para te ignorar (oh, céus, por que o mundo é tão injusto). O que fazer?

Mesmo que o citado produto seja o mais barato da cidade naquela loja, eu prefiro sair dali do mesmo jeito que entrei: calado. Fazer um escândalo ou ser mal-educado com alguém não faz parte do meu Starter Pack, pois chamar a atenção não é meu forte e minha timidez às vezes fala mais alto (o que eu prefiro, muitas vezes para evitar constrangimentos). Se você for do tipo que faz algo do que disse acima, por favor, me conte como é a experiência. Vamos trocar figurinhas.

E foi o que fiz recentemente. Preferi deixar a loja, mesmo que demore a encontrar novamente o produto que desejo. Quando há certa indiferença por parte de quem precisamos de ajuda, dá um certo desconforto, pois neste momento você quer se sentir acolhido, mesmo tendo a certeza daquilo que você quer ou precisa. Será que sou só eu?

“Ah, quanta besteira, era só pegar o produto, pagar e ir embora, nem precisava voltar”. Sim, a opção existe, mas eu preferi deixar pra lá, mesmo que futuramente eu faça diferente, naquele momento e naquela situação, eu não estava disposto a continuar mergulhando naquele mar de peixes me ignorando, enquanto poderia estar em casa, quentinho, ralando milho para fazer uma pamonha para o café-da-manhã do dia seguinte (hum, pamonha!). Quando a gente não se sente bem-acolhido, pode ser que o mau humor bata e deixe a gente meio aflito, pensando naquela cena por dias. Então, pra evitar, melhor ir embora. Pra piorar, não era a primeira vez que isso me acontecia naquela loja. Era a segunda! (Uau! Agora fez toda a diferença! Por que você não nos disse isso antes?).

Vendedores, lhes peço: nós gostamos de ser bem-atendidos. Por favor, não nos ignorem. Às vezes entramos perdidos na loja e entramos com tantas dúvidas que chega a ficar desconfortante estar naquele lugar. Tudo bem, há certas pessoas que correriam atrás do vendedor, mas nem todos somos assim. Claro, alguns clientes preferem ficar lá sozinhos em seu mundo, mas só é possível saber após a abordagem (perdão pra quem prefere desta forma, às vezes, até eu prefiro assim).

Escrevendo este texto agora, pensei: eu poderia muito bem ter sentado no chão e esperado até que alguém me notasse ali e dissesse: “o que esse mulambo está fazendo aqui no chão sujo dessa loja? Alguém o tire daqui! Segurança!”.

E você, quando não se sente a vontade, mesmo sabendo que seu filho de 11 anos irá chorar o dia todo em casa, o que você faz?

Crédito pela foto: Pixabay

A experiência de mochilar

Talvez fosse mais divertido sair por aí, viajando de planeta em planeta, pegando carona pelas naves, com um amigo que tenha vindo de um pequeno planeta próximo de Betelgeuse, carregando apenas sua tolha e um guia. Conhecer lugares impressionantes, povos interessantes e culturas diferentes, com crenças, línguas, sotaques e paisagens diferentes. O único revés seria nosso planeta destruído, mas aí seria mero detalhe.

Mas para mochilar, não é preciso sair de nosso planeta – pode-se fazer por este aqui mesmo (eu sei que você queria outras opções, mas vamos enaltecer aquilo que é nosso). E você pode encontrar povos, culturas, histórias, sotaques, tudo por aqui mesmo, sem precisar esperar uma nave Vogon para ser invadida.

Mochilar requer enfrentar certos desafios. É preciso ter coragem (ou enfrentar o medo), é preciso disciplina, algum dinheiro no bolso e vontade de conhecer o novo. Lembre-se de que estamos falando de mochilar, não de viajar, que tem certa diferença. Mochilar é colocar a mochila nas costas e partir, algumas vezes sem rumo, a fim de novos desafios.

Confesso que, apesar de precisar de algumas skills para tal quest (aspirantes de RPG entenderão), muitas eu tive que adquirir na marra, como a coragem (ter um nível aceitável de segurança nunca foi meu forte), disciplina então nem se fala (eu estava mais para ‘vamos ver no que vai dar’) e, apesar de ter economizado alguma grana, certas ocasiões na viagem eu preferi abrir mão para não gastar um pouco mais de dinheiro. Então, depois de ter prometido pra mim mesmo que algum dia faria uma viagem sozinho, resolvi fazer meu primeiro mochilão, passando pelo sul do Brasil, partindo de São Paulo.

Viajar por lugares desconhecidos gera muitas dúvidas. Você fica se perguntando o que irá acontecer, quais histórias acontecerão, quanto dinheiro irá gastar, quem você irá conhecer. Por tantas questões é que me batia certa insegurança.

Cada qual tem sua experiência e eu considero que ainda não tenho certa maturidade para dar dicas e sugestões para quem quer sair desbravando por aí, mesmo que tenha passado quase 30 dias fora, entre 8 cidades (apenas). Porém, posso dizer que a experiência é incrível.

A parte mais interessante foi de conhecer novos amigos e suas histórias, partilharmos momentos mágicos e únicos para cada um de nós, mesmo partindo de modos diferentes. Mesmo que eu tenha viajado sozinho, nunca estive sozinho, independente de qual destino. Entre tantas cidades, cheguei a dormir em 3 hostels (é esse o plural de hostel?) que são aqueles albergues em que você aluga uma cama apenas num quarto onde dormem muitos desconhecidos, o que me proporcionou essas amizades. Sim, pra quem gosta de sua privacidade ou de manter sua intimidade intacta, sugiro que evite a ocasião, mas pra mim valeu a pena.

Não se trata apenas de estar solteiro, é preciso ter um espírito aventureiro, como um casal mexicano que conheci em uma dessas viagens que resolveram se unir para desbravar toda a América Latina (achivement que ainda almejo). Eles buscavam hostels ao redor do mundo que trocavam sua mão-de-obra por um lugar para se hospedarem (com direito a comida, banho e cama). Se eu tenho coragem de fazer isso? Não ainda. Mas sei que muitos casais sequer se arriscariam, por ser uma realidade livre demais (e nômade). Agora, se você já tem toda uma vida já construída, com sua casa, seu emprego fixo, sua família e seus amigos e queira mochilar por um período muito longo, só será possível deixando tudo pra trás e dando a cara a tapa (exceções existem, porém ainda desconheço).

Quando voltei da minha longa viagem, os comentários que eu ouvia eram: “eu queria muito fazer isso que você fez, mas:
1 – isso não é pra mim
2 – não tenho coragem
3 – preciso ter minha privacidade
4 – meu(a) marido/esposa não gosta desse tipo de coisa”.
Percebi que sempre havia algum motivo que impedisse tais pessoas. Tudo bem, cada um tem seu motivo e é algo que eu não indicaria para todos, mas quem quiser fazer, faça, mesmo que por pouco tempo, como no meu caso. Você traz uma bagagem muito maior do que levou, de uma forma que a metáfora me permite dizer.

Este texto está um pouco genérico e, talvez alguns tenham ficado curiosos para mais detalhes de como foi minha viagem, porém como este é um texto um pouco longo, vou discorrendo um pouco mais das minhas experiências ao longo de outras postagens, não só desta viagem, como de outras que fiz. Mas deixo aqui uma dica simples, porém valiosa: mesmo que seja apenas para sua cidade vizinha, viaje! Você pode se surpreender.

Um abraço.

Créditos da imagem: Image by Free-Photos from Pixabay

A primeira vez – De tudo

Quando se é tímido, tudo talvez fique duas ou três vezes mais difícil do que o normal. Falar ao telefone, falar em público, começar numa nova escola ou na academia, ingressar num grupo qualquer. Tudo isso (e um pouco mais) é algo que nos faz perder o sono por dias.

Ok, hoje vamos falar sobre a primeira vez de tudo, de uma forma geral. Enfrentar o desconhecido, sabendo pouco ou quase nada daquilo que se enfrenta pela primeira vez.

Pensa só: você se matricula numa faculdade ou numa academia, vai fazer entrevista de emprego, vai se mudar de cidade ou até mesmo vai a um show de rock sozinho. Antes de ir, aposto que seus pensamentos se multiplicam (muitos deles são negativos) e te atormentam por dias.

Você se identificou com as questões acima ou acha que a maioria só é difícil por conta das novas mudança? Se você respondeu “sim” para a segunda, então talvez você não entenda o peso de uma timidez, pois, além do “medo” tradicional do novo, há um “medo” maior por não sabermos o que ou quem encontraremos. Se passaremos vergonha, por exemplo, de levantarmos um peso de 5kg perto dos nossos colegas marombas (que levantam 10 vezes mais) ou de um professor nos perguntar algo que ainda não sabemos sabemos, enquanto todos na sala aguardam, em silêncio, por uma palavra nossa.

E que tal ficarmos em trajes de banho na aula de natação ou sermos arrastado para uma balada indesejada? Aí a gente enrubesce, trava, tropeça, não sabe o que fala e, cada risada ao fundo, é como se fosse uma ofensa que nos machuca.

Sabe, talvez a timidez seja um bloqueio invisível, que só nós enxergamos. Por vezes, as pessoas nem se preocupem com o que estamos fazendo (quando na mais simples ação) e, muitas vezes, quem nos atende já viu coisa pior (e o nosso nervosismo seja apenas algo trivial). Quem nos vê nessa situação (que apontamos como constrangedora, mesmo que não seja), talvez não saiba lidar com tímidos, talvez não se importe, talvez não tenha tato para a situação que estamos passando ou talvez também seja tímido.

Sim, amigo tímido, é difícil fazermos algo pela primeira vez (segunda, terceira, quarta, quem sabe), mas se nunca enfrentarmos o que nos atormenta, jamais sairemos do lugar, jamais amadureceremos. E sabe como a gente enfrenta? Com pensamento positivo e um sorriso no rosto? Talvez, mas também precisamos de treino. É hora de olharmos para o espelho e mandarmos aquele discurso, como se estivéssemos apresentando um trabalho para milhares de pessoas, é dividindo o nosso “monstro” em pedaços para atacarmos cada parte do seu corpo até que ele possa ser completamente derrotado, simulando pequenas ações que iremos enfrentar mais tarde. E, se possível, pedirmos ajuda, conselho ou até mesmo a companhia de alguém que conhece ou que já passou por algo semelhante. Você não está só e nem será o primeiro (ou o último) a enfrentar esse mal.

Agora pense: um jogador não treina sempre, mesmo tendo disputado milhares de partidas profissionais de futebol? Então porque crermos que estamos prontos para todas as situações? Somos propensos a errar, mas também propensos a acertar. Basta tentarmos.

Vai ser difícil, sim! Em todas as vezes. Mas, e aí, vamos deixar esse monstro da primeira vez nos vencer sempre?

Um forte abraço a todos os meus amigos tímidos.

Uma geladeira que abre assim

Essa história aconteceu há milhares de anos, mas vou recontá-la como se fosse natal de 2019.

Natal, eu e mamãe andando pelas ruas da cidade.

Nenhuma dessas pessoas é minha mãe. Eu tô ali

Procuramos por uma geladeira que ela queria (juro, gente, descobri o que era Fost Free nesse dia, aheuaehuae)

E aí, ela para na frente de um vendedor, completamente sério, que estava de costas para uma fileira de geladeiras:

– Moço, eu quero uma geladeira que abre assim…

Terminou de falar e fez o movimento de como se abre uma geladeira qualquer.

O vendedor, ainda muito sério, fixou-se em frente à geladeira mais próxima (que era dessas duplex bastante comum) e abriu a geladeira da mesma forma que ela havia feito com o movimento. Neste instante, minha mãe fechou a geladeira com toda a força, mais do que o vendedor, aparentando um movimento brusco e grosseiro.

– Não, não é dessas que estou falando.

Neste instante, não me aguentei de tal cena e comecei a rir, de forma que eu não pudesse parar tão fácil. Tive que sair de perto para que o vendedor não percebesse minha falta de educação. Neste momento, minha mãe explicava, exatamente o que ela queria. E, então, voltei ao normal.

No fim, ainda tive que me deparar a outra cena protagonizada por minha mãe: ela havia se esbarrado em outro vendedor, distraído, e quase caiu no chão.

Bom, não vou dizer que ela só foi comprar essa geladeira anos mais tarde

Quando continuar não é uma opção

Parece que o coração fica um pouco apertado quando falamos de despedidas. Passa um filme em nossas cabeça recontando todas as histórias boas (e ruins também, claro) do que temos vivido. Bate aquela leve tristeza e, quando nos damos conta, não é só nós que estamos com os olhos mareados.

Já sabemos que despedidas nunca são boas e, ao longo da vida, passaremos por muitas delas. Seja com qualquer tipo de relacionamento, amizade, namoro, familiar, musical, de lugares, viagens e até mesmo daquele livro que você está lendo.

Há despedidas de várias formas. Há aquela em que vocês organizam toda uma festa, porque alguém vai se mudar, aquela em que os sentimentos vão embora antes de outras pessoas e vocês param de se ver mutuamente, devagar e sem perceber, há aqueles momentos em que você é obrigado a se despedir e outros em que um diz adeus e a você só resta aceitar.

Lembra quando uma de suas bandas favoritas encerrou os shows?

O que eu mais vi foram bandas minhas se desfazendo. Seja para se separarem e cantarem individualmente, seja pela morte de alguém ou pela vontade de um deles seguirem por outros caminhos (às vezes seguem e se esquecem de avisar que sua carreira musical acabou). Para mim, recentemente, a banda Skank (banda que curto há mais de uma década) anunciou sua turnê de despedida (nem imaginava que um dia fosse acontecer).

Sobre despedidas mais leves, há certas pessoas que chegam com uma intensidade muito grande em nossas vidas. Temos aquele coração quente e queremos fazer de tudo, aproveitar cada segundo. Você passa dias, meses e até anos grato por estar ao lado daquela pessoa e se sente o mais sortudo de todos. Mas, em algum momento, os sentimentos esfriam, de ambas as partes. Um volta a ser estranho para o outro (o que, no mínimo, é curioso) e os corações se afastam. Vocês entendem que aquilo acabou e se separam, sem rancor, sem tristeza, sem sentimento. Se vai assim mesmo, tão frio quanto um dia foi quente.

Bem, nos próximos dias, quero voltar a esse assunto de despedida, pois o post aqui está ficando longo. Quero conversar um pouco com vocês sobre as várias despedidas que enfrentamos pela vida. Falar de cada uma, com a riqueza de tudo o que já pude sentir ao longo dessa vida. E falar também de bandas que algum dia já gostei. No mais, longe da despedida, fica esse post de retorno, depois de um ano de hiato desse blog. Só espero não ficar tão longe daqui como um dia fiquei.

Um abraço a todos.

Desembarque da plataforma 2017

Minha mala de rodinhas faz um barulho sofrível pela calçada. Os vizinhos olham. Minha velha mala já suja e rasgada me acompanha nesses últimos minutos. Coloco a chave no trinco, giro e abro o portão. Não vejo a hora de me jogar na cama e dormir.

Mas, antes, desfaço a mala. Deito-a no chão, abro seu zíper e tiro de lá todas as roupas sujas e amarrotadas. Essas vão para o cesto, com certeza. Entre elas, alguns itens que trouxe da viagem. Tem lembranças de todo mundo que encontrei pelo caminho. Então, a fim de recordá-las, tiro uma a uma.

A viagem foi tão incrível, que parece que havia partido ontem. Antes de viajar, me arrisquei no cozinha para fazer um lanchinho da viagem longa que se seguiria. No meu ipod, já coloco a música da minha banda favorita que tive a oportunidade de ver tocar nos bares e nas hamburguerias, com tantos outros amigos. “Meu mundo vai girar, eu sei”, era ouvido pelas paredes, enquanto meus pés deslizavam pelo chão.

É chegada a hora. Antes de subir a bordo, dou uma última olhada no roteiro. A prima que nasceu em janeiro, aquele tio que há tempos eu não via, em seu aconchegante chalé. “As águas desse parque são uma boa ideia contra esse calor”, pensei ao ver uma deliciosa piscina.

E eu ainda nem comecei a desembrulhar meus presentes nerds da mala. Uma guitarra, alguns livros e videogames na mala. Aquele evento de games parecia um sonho e, quando entrei naquele mundo mágico de Harry Potter e vi tantos potterheads juntos, a alegria era tanta que não cabia. A minha companheira de sempre estava lá, a minha grande amiga, também da Corvinal, que não precisou me ensinar que é Leviosa e não Leviosá.

Também há uma quantidade considerável de areia em meus pés: aquela praia do nordeste era divina e eu não sei o que faria sem companhia. Aquela mesma companhia que esteve comigo quando fui receber um pouco mais da palavra do Senhor em um de seus templos. Difícil contar nos dedos quantos amigos fiz ali.

E se eu não falei de todos os meus amigos, é que tinham tantos que nem sei se vão caber aqui. Saber que um dia eu viajei por tantas horas sozinho por conta de 4 braços abertos a me receber, é mais gratificante do que você imagina: poder entender que, não importa onde quer que eu vá, sempre há um lugar em que eu possa ficar.

Vou dar uma pausa por aqui. Essa mala é grande e é tanta lembrança pra desfazer, que fica difícil caber tudo por aqui.

Gratidão por mais um ano, gratidão em saber que logo logo, há outra viagem pra seguir.

O fim do 25º ciclo

Lá vou eu, com mais alguns tropeços da vida.

Acabou. Já avisto a margem da minha próxima etapa. Uma missão que durará mais 366 dias. Hora de por em prática todos os aprendizados, não é mesmo?

Eu diria que esse foi um ano onde me mostrei escritor. Claro, não aqueles escritores profissionais, mas um que, timidamente, pude expor. Com pequenos contos e algumas poesias, fiz aquilo que sempre quis: externar meus sentimentos através das letras.

Descobri o poder na música: aquelas que me ajudaram a erguer a cabeça por todas os pontos negativos da minha vida: perdas ali, um pouquinho de depressão e a ansiedade que atacou meu coração. Vencidas? Talvez! Mas que não me incomodam tanto quanto antes. Chego a arriscar dizer que adormecem e assim ficarão.

Sei que de alguma forma pude ajudar alguns. Sei que também pude me ajudar. Viver não é fácil, todos sabem, mas lutar é essencial. É mérito desistir? E essa dor que às vezes nos preenchem? Talvez quando ajudamos a outrem, tornamo-nos pessoas melhores e nos ajudamos.

Ok, deixe-me contar um pouco desses meus dias. Surdos e sua banda. Herança de 2014, quando aprendi libras. Uma apresentação encantadora interpretada em libras, com instrumentos. Sim, uma banda de surdos que pude conhecer.

Infelizmente não participei de grandes eventos, mas pude conhecer o show de uma grande banda mineira: Jota Quest. Show esse que encerra meu ciclo.

Também vieram as coisas ruins: Perdi amigos, perdi família. Aqueles que jamais achei que fosse perder. Uma doença, uma lágrima. Dor no coração. A superação foi difícil.

Mas, do mesmo jeito que alguns se vão fácil, outros vêm fácil. Alguns amigos que entraram em minha vida para somar, para me ajudar, auxiliar. Agradeço. Deus sabe bem quem colocar em nossas vidas. É preciso perder alguns para perder outros, certo?

Surpreendi-me. Comecei a ler histórias que jamais imaginei ler algum dia (50 tons de cinza) e me apaixonei por outras (Jogos Vorazes). Virei tributo. Virei Nerdfighter.

E, por fim, dizer que mudei duas letras no meu currículo: o cara do TI virou o cara do RH. O cara, antes tímido, agora participa de eventos. Novos ventos, novos aprendizados.

É claro que houve tantas outras coisas, mas por enquanto me atenho a esse texto. O que aprendi, guardo no coração. O que vem depois é imaginação.

Agora lá vou eu, aprender mais neste próximo ciclo que chega. Tá na hora de agarrar as próximas oportunidades, não é?

Vamos em frente. E que a sorte esteja sempre ao nosso lado…

O gerador de Van Graaf

E seus 600.000 volts…

Meras crianças

O que pensar de jovens maiores de idade quando vemos uma foto como essa?

Fig. 1: Gangorra, amigos, crianças e pirulitos

É claro! Nem precisa dizer. Subindo numa gangorra dessas, com um pirulito na boca e cheio de crianças, você poderia mesmo imaginar que todos não tínhamos mais nada a fazer e que realmente somos crianças, estou certo?

Fig. 2: João e eu disputando quem tinha o maior peso

Pois bem. Nesse dia, fomos até o orfanato, chamado “Casa de Passagem”, onde muitas crianças realmente são órfãs e outras foram separados dos pais por algum motivo (geralmente judicial). Ir para um lugar desses faz com que nosso lado humano cresça, provando que sempre é bom levar alegria às pessoas, mesmo que sejam tão desconhecidas (já viu aquele ditado: “Fazer o bem sem olhar a quem.”?).

Com certeza, foi um grande dia. Ter me divertido com essa galera toda foi muito prazerosa. E nem venha me dizer que isso é “coisa pra criança”, afinal, quantas pessoas hoje deixamos de ajudar, de certa forma, para perdermos tempo com futilidades ou coisas do tipo. (Brincar com crianças é feio, mas falar mal dos outros, ah, isso é bonito, não é?).

E entre tantas brincadeiras, é bom sermos chamados de tios e ver que aquelas crianças realmente apreciavam todo aquele carinho. Não só bom para nós, como para elas, principalmente.

Fig. 3: Se a casa não se quebrar, estamos no lucro

Aproveito pra agradecer ao pessoal que me levou lá: Letícia, Larissa, João e Paulinha, já que nem sempre posso ter a oportunidade de fazer um programa como esse.

Às vezes podemos não ter oportunidade ou tempo, mas quando tivermos é sempre bom fazermos esse tipo de coisa. Assim, podemos ver que nossa vida também se baseia em ajudar quem mais precisa e não apenas de reclamarmos de nossos problemas ou de julgarmos aqueles que nem sequer faz parte de nossas vidas. Reflita sobre isso!

Um ótimo fim de semana a todos.

Camino al sol

Ao som de “Camino al Sol”, RBD, redijo este texto.

Há bons dois anos, conheci um amigo que me ensinou várias coisas a respeito do que é se sentir só, como deveria agir, o que poderia fazer. Pois bem, contemos um pouco da minha história:

Passar quase a vida inteira sozinho ou com poucos amigos não é uma tarefa fácil. Se você passou toda sua vida só fica difícil imaginar como seria a vida diferente. Podemos criar expectativas ou más impressões, depende de cada pessoas. Mesmo assim, você sente falta de alguma coisa, de estar com alguém, de ter alguém para quem contar seus problemas. Quando você é uma pessoa já mais popular e perde aquela quantidade imensa de amigos, é pior, pois você se arrepende de certas coisas que você fez ou do que poderia ter feito.

Pois bem, esse amigo me fez perceber que eu não deveria ficar lamentando com essa minha vida solitária, mas que deveria sempre olhar pelo lado positivo das coisas, entender que tenho amigos que quero bem, que eu não preciso me mudar para agradar ninguém e que os bons e velhos amigos sempre estarão ao nosso lado.

Apesar de não sermos mais amigos, carrego muitas coisas positivas para o resto da vida. Aprendi a dar valor aos amigos que tenho e não sair “caçando” novos para aumentar números. Aprendi que nunca se está só quando se tem pessoas que se importam e que, mesmo que um amigo esteja muito distante, tanto física quanto mentalmente, não quer dizer que se esqueceram de nós.

Não que seja drama ou uma tentativa de chamar a atenção, mas todos têm o direito de se sentirem sós, tristes, confusos, mal humorados ou qualquer outro sentimento ruim. O que não se pode fazer é brigar com outros por esses motivos ou deixar que isso domine sua vida. Siga em frente enquanto é possível, erga a cabeça e vá viver digna e saudavelmente.

A respeito da letra da canção: Você pode ter muitos problemas, pode ser que amanheça e você não queira sair da cama, pode haver muitas feridas que não se cicatrizem, pode ser que ninguém esteja te escutando, você pode estar se sentindo confuso, mas não deixe de viver intensamente, não deixe se abater porque você não teve um bom dia. Viva, sonhe, cante, sorria, dance sem medo, mas não se deixe vencer! Que venham os problemas, mas que eles sejam superados, pois, não importa o quanto seu dia esta nublado: o sol renascerá!

A quem também estiver se sentindo só por hoje ser dia dos namorados, esse texto também vale. Não se lamente por hoje você estar só, pois nunca sabemos o dia de amanhã.

Só mais alguns dias

No final de janeiro, eu e meu irmão, ambos fissurados por jogos e proprietários de dois consoles fabricados pela nintendo (o Nintendo Wii, console de mesa e o Nintendo DS Lite, portátil), resolvemos comprar pelo mercado livre (empresa virtual que trabalha com vendas de produtos entre usuários comuns) dois controles classics para relembrar a infância com jogos antigos de Super Nintendo e Nintendo 64, já que jogos de Game Cube e Play Station não foram possíveis de jogar.
Para quem não conhece, eis aí os produtos que pedimos:

Os controles vêm com grip (espirram a cada dois segundos =), que são esses suportes que vocês podem ver abaixo deles, facilitando seu manuseio (alguns preferem sem, eu mesmo pensava assim, mas agora vejo que essas coisinhas bonitas ajudam, ao invés de atrapalhar).

Depois de curtos dois meses de espera, esperando os controles chegarem da China, xingar o vendedor, reclamar com o mercado livre, brigar com todo mundo que me via com cara feia na rua e ter exigido que o ML excluísse o perfil do camarada, finalmente as belezinhas chegaram para alegrar a vida da criançada.

E agora, podemos relembrar o velho Super Mario Bros. 3, que nos acompanha em vida desde 1996, época em que foram lançados os consoles Nintendo 64 (Nintendo) e Play Station (Sony), e detonar a trilogia Donkey Kong Country que, caso não tenham reparado, é composto por três jogos =).

Diddy, Donkey Kong, Rimbo e um inimigo aí
Fig. 02: Donkey Kong em cima de Rimbo, o rinoceronte, pronto para acertar o chifre na…

Fig. 03: Donkey Kong encarando o inimigo para ver se ele se assusta com sua cara feia

Fig. 04: Donkey Kong feliz por estar rodeado de tantas bananas

E para que não fuja da sequência, eu (representado pelo Donkey Kong, o gorilão) e ele (representado pelo Diddy Kong, o gorilinha) resolvemos começar com o 1 e terminarmos no 3 (até porque se não for assim, não zeraremos na sequência =).

Agora estou eu aqui na sala jogando-o no modo 2 players, tendo que revesar os controles, exatamente porque meu irmão está no quarto invocado no computador. Com certeza algo muito divertido que todos deverão experimentar =).

Uma geladeira que abre assim

Natal, eu e mamãe andando pelas ruas da cidade.


Nenhuma dessas pessoas é minha mãe, mas eu tô ali

Procuramos por uma geladeira que ela queria (juro, gente, descobri o que era Fost Free nesse dia, aheuaehuae).

E aí, ela para na frente de um vendedor, completamente sério, que estava de costas para uma fileira de geladeiras:

– Moço, eu quero uma geladeira que abre assim…

Terminou de falar e fez o movimento de como se abre uma geladeira qualquer.

O vendedor, ainda muito sério, fixou-se em frente à geladeira mais próxima (que era dessas duplex bastante comum) e abriu a geladeira da mesma forma que ela havia feito com o movimento. Neste instante, minha mãe fechou a geladeira com toda a força, mais do que o vendedor, aparentando um movimento brusco e grosseiro.

– Não, não é dessas que estou falando.

Neste instante, não me aguentei de tal cena e me pus a rir, de forma que eu não pudesse parar tão fácil. Tive que sair de perto para que o vendedor não percebesse minha falta de educação. Neste momento, minha mãe explicava, exatamente o que ela queria. E, então, voltei ao normal.

No fim, ainda tive que me deparar a outra cena protagonizada por minha mãe: ela havia se esbarrado em outro vendedor, distraído, e quase caiu no chão.

Da próxima vez, vou querer sair com ela para comprar um fogão que abre assim…

Créditos: Image by Alexas_Fotos from Pixabay