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Estrada de ferro e grama

Toca a velha trilha sonora dedilhada no violão, enquanto trilho outra vezes pelos mesmos trilhos. O peito mais forte ainda sofre por dores que se assemelham àquelas que outrora me fizeram perder o norte. O caminho, ainda mais gélido, já não é tão verde quanto o que meus castanhos olhos fotografaram na última vez em que caminhei por aqui, sem rumo.

E ele, todo surrado, cheio de marcas do tempo e com uma corda a menos, me acompanha em minha solidão. Ali, tão cheio de cicatrizes e um pouco empoeirado, olhando os passos de um par de tênis desamarrado, sobre aquela estrada de ferro abandonada, tomada pelo mato. E o trem era eu, fazendo barulho em minha própria cabeça.

A chuva e o vento me pegam de jeito. Me fazem abaixar a cabeça e cruzar os braços. O frio não me abala. Meus cabelos e minha roupa encharcada só demonstram o que carrego aqui dentro. Demorei a entender, mas, enfim, chegou o fim. O fim de uma longa e árdua jornada que eu tanto batalhei para, no fim, não dar em nada.

A música em meus fones me pede pra ser feliz e jogar minhas bad feelings para o ar. Meu rosto até esboça um sorriso, me lembrando de tudo que passei. É. A lágrima já secou, mas o peito inchado ainda me conta tudo o que eu queria esquecer. Será que vai demorar mais do que das últimas vezes em que também fui derrotado?

A velha trilha sonora já faz parte da minha vida. Na velha trilha da minha vida, caminho. E, mesmo que eu siga só, desistir é um nome forte demais pra ser mencionado.

O mineiro que adora trens

Quando eu era pequeno, o meu sonho de infância era ter aqueles trens de brinquedo.

Um primo mais velho tinha e eu adorava ficar vendo aquele trem andando nos trilhos, mesmo que de forma manual.

O tempo passou e eu sofri calado. A paixão por trens continua, mas eu ainda não realizei meu sonho. Porém, já fiz duas viagens maravilhosas de trem. Uma por Bento Gonçalves / RS e outra por Morretes / PR.

Lembro que em 2016, estava com um primo em Curitiba e descobrimos um passeio maravilhoso com destino a Morretes / RS. O passeio durava cerca de 2h e está listado entre um dos passeios de trem mais bonitos do mundo.

Leia: Roteiro Hypeness: um dos 10 passeios de trem mais bonitos do mundo é no Brasil

Apesar de já ter cerca de cinco anos, ainda me lembro de algumas coisas. Por exemplo:

O passeio durou mais do que duas horas, porque algo aconteceu no meio do caminho (não sei se tinha dado problema na viagem ou se tinha alguém amarrado nos trilhos do trem).

Estava fazendo tanto frio que, em uma parte do passeio, estávamos acima das “nuvens”, ou melhor, da neblina. E a visão é linda.

Podia ter durado mais o passeio, pois a vista, meu amigo…

Como nós fomos no inverno, o verde belo da natureza não estava tão verde assim, mas a paisagem era tão bonita que não cabia numa foto. O passeio era gostoso, tranquilo e contava com treze túneis (viagem que não é pra você, amigo claustrofóbico).

A guia turística também era um amor de pessoa. Apresentando e nos contando histórias, ela vez ou outra soltava uma piadinha bem-humorada, como: “aqui na cidade de Curitiba, o trem precisa andar mais devagar, a uma velocidade de 10km/h. Porém, ao sair, o trem atinge uma ultra-mega-power velocidade incrível de 20km/h”. Sim, é bobo, mas isso nos divertia.

Morretes, o destino, não é uma cidade grande, mas tinha lá seus atrativos. O que eu poderia mencionar é o prato típico de lá, o barreado, feito com carne de sol. Quem algum dia for lá, prove. É uma delícia.

Barreado | Receitas
Receitas Globo

O passeio foi tão bom que eu precisei até sair do trem pra andar à pé nos trilhos.

A viagem de trem existiu, mas a vontade de ter um trem de brinquedo, ainda não.

E você? Tem alguma viagem inesquecível?