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Quando continuar não é uma opção

Parece que o coração fica um pouco apertado quando falamos de despedidas. Passa um filme em nossas cabeça recontando todas as histórias boas (e ruins também, claro) do que temos vivido. Bate aquela leve tristeza e, quando nos damos conta, não é só nós que estamos com os olhos mareados.

Já sabemos que despedidas nunca são boas e, ao longo da vida, passaremos por muitas delas. Seja com qualquer tipo de relacionamento, amizade, namoro, familiar, musical, de lugares, viagens e até mesmo daquele livro que você está lendo.

Há despedidas de várias formas. Há aquela em que vocês organizam toda uma festa, porque alguém vai se mudar, aquela em que os sentimentos vão embora antes de outras pessoas e vocês param de se ver mutuamente, devagar e sem perceber, há aqueles momentos em que você é obrigado a se despedir e outros em que um diz adeus e a você só resta aceitar.

Lembra quando uma de suas bandas favoritas encerrou os shows?

O que eu mais vi foram bandas minhas se desfazendo. Seja para se separarem e cantarem individualmente, seja pela morte de alguém ou pela vontade de um deles seguirem por outros caminhos (às vezes seguem e se esquecem de avisar que sua carreira musical acabou). Para mim, recentemente, a banda Skank (banda que curto há mais de uma década) anunciou sua turnê de despedida (nem imaginava que um dia fosse acontecer).

Sobre despedidas mais leves, há certas pessoas que chegam com uma intensidade muito grande em nossas vidas. Temos aquele coração quente e queremos fazer de tudo, aproveitar cada segundo. Você passa dias, meses e até anos grato por estar ao lado daquela pessoa e se sente o mais sortudo de todos. Mas, em algum momento, os sentimentos esfriam, de ambas as partes. Um volta a ser estranho para o outro (o que, no mínimo, é curioso) e os corações se afastam. Vocês entendem que aquilo acabou e se separam, sem rancor, sem tristeza, sem sentimento. Se vai assim mesmo, tão frio quanto um dia foi quente.

Bem, nos próximos dias, quero voltar a esse assunto de despedida, pois o post aqui está ficando longo. Quero conversar um pouco com vocês sobre as várias despedidas que enfrentamos pela vida. Falar de cada uma, com a riqueza de tudo o que já pude sentir ao longo dessa vida. E falar também de bandas que algum dia já gostei. No mais, longe da despedida, fica esse post de retorno, depois de um ano de hiato desse blog. Só espero não ficar tão longe daqui como um dia fiquei.

Um abraço a todos.

Parte de mim luz

Ele vem em minha direção, naquela noite chuvosa, onde poucos postes iluminam minha visão. Veste uma jaqueta de couro preta, uma camiseta preta, uma calça preta e tênis preto. Seu cabelo está levemente bagunçado, mas seu olhar é fixo ao meu corpo escorado em uma parede. Na rua, não há passageiros ou carros, não há vozes, não há barulhos, não há músicas.

Lembro-me de um tempo em que tentava ser feliz de todas as formas, mas tudo me frustrava. Meu primeiro relacionamento foi um desastre. Fui enganado de tantas formas que já nem me lembro como era o amor. Meus amigos apenas fingiam estar do meu lado, quando tampouco pensavam em mim. Minha família sempre desunida onde cada um só agia em benefício próprio. No trabalho, então, só decepção.

Entrei em minha fase de isolamento, fechando-me para o mundo em busca de autoconhecimento. Estava tão cansado que meus próprios pensamentos me sabotavam. Tornei-me o escuro de mim mesmo, com frases negativas e desespero. Era só tristeza e lamento.

Então, algo nasceu de mim. Correu para longe. Despareceu. Por fim, estava livre. Retomei o que havia perdido, com novos rostos, novos lugares. Tentei me adaptar à minha nova vida, respirando fundo, com novos sabores, com novas atividades. Tentei expulsar o pouco da tristeza que me restava, com poesia, com arte, com risada. Encontrei em novos amigos o que nos velhos me faltava. Parecia renascer em mim a velha felicidade.

Tentei, de diversas formas. Mas algo vazio ainda me habitava. De alguma forma, aquilo não era eu, mas nada me dava respostas. Tentei me reencontrar, mas não deu.

Foi então, naquela noite escura que vi aquele ser todo vestido de preto se aproximando de mim. Aos poucos, fui reconhecendo. Eu estava olhando para mim mesmo, com um semblante triste. Aquele meu eu-obscuro se aproximava e eu não conseguia fugir. Nem parecia ter vontade, na verdade. Ele me abraçou forte e meu peito se pôs em desespero. Ofegava forte, com o coração em ritmo acelerado. Meus olhos espantados, minha boca amarga. Tentei empurrá-lo para forte, mas ele era resistente. Então, percebi que não havia me livrado do passado.

Quando as lembranças me vieram, tudo ficou claro. No auge do meu desespero, não tentei me livrar do mal que havia me assolado. Passei por cima da tristeza, sem resolvê-la por completo. Ela se foi por um bom tempo, até acreditei estar curado.

Então, quando minha pior noite voltou, ele retornou. Quieto, calmo e forte com um abraço apertado.

Parte 1 de 2 deste conto

Eu, a solidão e meu velho violão

Somente eu, a solidão e meu velho violão neste mundo. Meu ser abençoado caminha por estas terras procurando cada lágrima de sofrimento que cada pessoa por eu encontre carrega.

A minha missão por aqui é um pouco diferente da sua. A minha missão é transformar cada uma destas lágrimas de tristeza em alegria. É transformar cada coração fechado em um disposto a amar. É levantar cada caído e fazê-lo voar.

Algum tempo por aí, eu também estive triste. O meu coração clamava por alguém que lhe respeitasse, mas por um tempo ele não pode ouvir uma resposta. Ele nunca pode se dividir com um semelhante. E ele entendeu que assim seguiria.

Mas o que ele não poderia aceitar era outro coração como ele. E por estas estradas que caminhamos, eu, ele, o violão e a nossa solidão, não mais haveria um olhar triste, não mais haveria um céu sem estrelas. Não mais haveria uma lágrima sem boa razão.

Meu coração sempre me disse que não devemos machucar as pessoas, devemos amar e cuidar delas. Meu coração, que irônico, que tanto se partiu e precisou de um bom tempo para colar cada pedacinho, me pede para dar forças a quem precisa. E para lá fomos: para estender as mãos para outro coração partido.

Eu não quero e não posso mais te ver assim, meu amigo. Sua história ainda não teve seu fim, como esta canção que tenho composto pelas minhas estradas. Estradas que ando com meu violão e minha solidão. Solidão esta que não sabe o que é estar só, por ter adotado tantos corações solitários dispostos a encontrar suas próprias luzes.

E é por estas estradas que eu sigo, sozinho. Eu, meu violão e meu velho coração solitário.

Firework

Hoje acordei com mais uma missão: ajudar um grupo de pessoas abaladas pelo mal da sociedade: o julgamento. Ela não é feliz e quer que nenhum ser vivente seja. Mesmo que deem o seu melhor, sempre haverá algo de errado. Entenda: o erro está neles.

Quanta gente. Nenhuma alegria. Esses olhares tristes me dão certo frio na espinha.

“Vocês estão todos aqui pelo mesmo motivo?” – Perguntei.

A resposta foi única: Não! Cada um alegava uma dor diferente.

  • Minhas amigas são todas magras, saradas, enquanto estou 25kg acima de meu peso. Não consigo um namorado e todos me apelidam de algum animal pesado.
  • Tenho apenas 9 anos e tenho câncer. Meus colegas de escola têm medo de se aproximarem de mim, pois não querem se contagiar com minha doença incurável.
  • Todos os homens da minha família são bem-sucedidos. Eu não. Meu carro é antigo, ganho um salário que mal paga minhas contas, tenho quase 40 e não me casei.
  • Sou gay. Perdi meus amigos quando me assumi, minha família mal fala comigo e os que ainda tentam, dizem que devo me curar, se eu quiser ser salvo ou se eu não quiser apanhar pelas ruas.
  • Sou negra. Tratam-me como uma escrava, como um ser inferior. Já tentaram me estuprar, dizendo que eu vim a esse mundo apenas para servir.
  • Minhas tatuagens e meus piercings não me permitem arrumar um bom emprego, tratam-me como um criminoso, mesmo que minhas atitudes sejam executadas pensando no bem do próximo.

Eram problemas diversos, mas todos provindos de uma mesma razão: a sociedade não os aceitava por serem diferentes. Pressão, por não estarem num padrão. São tantas palavras ruins que é impossível não se sentirem como um frágil castelo de cartas, facilmente derrubado com um sopro.

Com alto e bom som, iniciei meu discurso:

“Prestem atenção no que tenho a dizer! Vocês estão se permitindo afundar num mar de sangue e lágrimas que lhes puxam sem qualquer piedade. Tem sido uma luta difícil com tantos obstáculos, já presentes numa velha rotina. Precisamos sair disso, juntos!

Fechem seus olhos. Tudo está tão escuro, não é? Se vocês repararem bem, perceberão um pequeno ponto de luz, ao longe. Caminhem até ele, façam-no crescer até que sejam capaz de senti-la.

Todos aqui tem algo especial que o torna único. Talvez você ainda não tenha descoberto qual o propósito de seguirem por essa jornada. Eu sugiro que tentem, quebrem mais a cara, arrisquem-se mais. Talvez vocês percam a fé por ser algo tão trabalhoso e não verem um resultado tão breve, mas sei que cada um de vocês aqui hoje, começando pequenos ou não, vão surpreender cada pessoa que teve a audácia de julgá-los, de desacreditarem e dizerem que foram fracos.

E quando vocês reencontrarem a fé, esse pequeno ponto os envolverá. Esse pequeno ponto é a luz que os faz brilhar, que os faz pessoas melhores, que os faz olharem nos olhos de cada um e dizer: eu sou capaz, eu sou vitorioso. E essa luz, brilhando em você, se explodirá no céu, como fogos de artifícios, admirando a todos esses olhos que não fizeram parte de sua luta.

Agora vão! Lutem! A vida é muito curta para vocês lamentarem seus fracassos. É hora de se desafiarem, é hora de conquistar seus troféus, é hora de vencerem.”

À sociedade julgadora, um apelo: vamos parar com as críticas e elogiar mais, ajudar mais, olhar o que há de melhor nas pessoas e fazer desse um lugar melhor para viver? Reflita sobre esses atos. Eu acredito que possamos mudar e fazer a diferença, então: vem comigo. Vamos limpar essa bagunça que deixamos em nossos quartos.

O Tímido

Sempre assim…
Tímido, quieto, bobo
Sempre na dele
Tão timidamente se esconde
De quem o quer tão bem.

Sempre a mesma história:
É pessimista, triste
E até tem um pouco de depressão.
Solidão?
Sua melhor companhia.

Enfrentar o mundo, é preciso
Mas enfrentar a si mesmo
É essencial
É seu próprio inimigo
E, na melhor das hipóteses, o seu melhor amigo.

Solitário, triste, bobo, tímido
Que seja, mas por dentro
Nós sabemos que é o dono do sorriso mais sincero
Da amizade mais confiável
Do segredo melhor guardado.

Portanto, tímido, não fique chateado!
Se parecer perdido, se o destino lhe parecer amargo.
Você sabe que sempre tem alguém
Que te quer bem
Que é tímido também
E desejaria lhe dar um abraço.

Vida Vazia

Alguém bate à porta do meu coração. Era a solidão. Agora ela é minha companhia.

Ela tomou aquele lugar que antes pertencia a você. De repente, você se foi e não me deu explicações. Tudo perdeu o sentido.

Meus amigos percebem que não tenho mais o brilho no meu olhar. Às vezes tentam me animar, contam alguma piada, algum caso engraçado, mas eu não estou ali. Dou um breve sorriso, mas o que quero mesmo é chorar. Meu pensamento está longe, buscando te encontrar, mas não dá, pois tudo perdeu o sentido.

Lá fora, tudo normal, mas aqui dentro, não há mais chão. Esse quarto está tão frio e a solidão, que dorme agarrada a mim faz tudo ficar mais gelado. Tudo tão escuro que nem a lua lá fora é capaz de iluminar a escuridão que invade meu ser.

Parece que estou nas últimas. A cada dia são 24 horas de sofrimento. Choro todas as noites, choro durante o dia. Ninguém me liga mais, me sinto abandonado. Por que você se foi e levou todo o meu sentido de viver? Volte e traga-me novamente a alegria.

Tô tentando fugir dessa vida, eu sei que preciso, mas não dá. Chove dentro de mim e eu não posso suportar. Não durmo, não como, não quero sair de casa. Quero apenas continuar abraçado à minha solidão e nada mais.

Tudo perdeu o sentido.

The Globalist

Podemos ter tido um momento de paz, um momento de virtude, um momento de esperança, mas isso não quer dizer que os problemas acabaram. Devemos lutar por um mundo melhor.

(…)

É estranho imaginar como o ‘jogo vira’. Antes, aquele opressor, com tamanho poder, estava ali no chão, com suas vestes rasgadas, sujas, sangradas. Parece ironia, mas ele se agonizava. Meu coração batia trêmulo, sentindo um pouco de piedade por alguém que tanto fez mal.

O que fazer? Perdoar? Pisar? Proferir-lhe toda a verdade para fazê-lo sentir-se culpado?

Sentei-me a seu lado. Ele não parecia almejar uma conversa. Senti pena daquele indivíduo. O que o fez chegar a tal ponto? Não lhe perguntei. Saberia que a resposta não viria.

“E aí, cara, tudo bem com você?”

Não houve respostas. Apenas um olhar vazio e distante.

“É estranho ver uma pessoa que tanto fez mal, para mim também, numa situação degradante como essa.

Não imagino o que tenha acontecido a você. Pode ter sido traído pelas pessoas de seu convívio, pode ter tido o coração dilacerado por alguém, pode ter confiado nas pessoas erradas.

Cruzou pelas estradas erradas, com os errados, com quem poderia ter te feito mal. E começou a achar aquilo normal. Agiu com outros da mesma forma. Não sentia remorso, não sentia culpa, não pesava na consciência. E hoje te vejo nesta situação.

Perdeu todo o império que um dia lograra. Se alguém não ‘dançasse conforme a música’ para você, bastava substituí-lo sem o menor pesar. E foi assim que seguiu pela vida.

Nutriu um ódio por essa terra, nutrindo ódio em vidas alheias. Ciclo viciado que desprezava qualquer sentimento de bondade. Semeou o negativo por terras de impureza infértil, de bondade antes em potencial, de bondade hoje em estágio final.

Foi dos inocentes um deus, venerado, alimentado, almejado. Crentes por algo melhor se tornaram. Esqueceram-se de suas vidas, antes maravilhosas, maximizados aqueles problemas outrora insignificantes. A vida tornara-se melhor. Tornara-se?

Mas aquele mesmo ódio semeado, plantado e nutrido, foi colhido e repartido entre os seguidores de tal fé. O ódio, antes enrustido, se digeria e escapava entre o único poro restante de uma mente que almejava poder. E o poder, derrotado pelo poder, se esvaneceu.

Agora não sobra mais nada. Apenas um chão frio e seco, coberto de sangue derramado pela ira. A lágrima que escorre é apenas consequência. Todos se foram. Não há sobreviventes por perto, não há mais alguém para amar ou odiar. Só lhe restava a solidão.

É da natureza humana: Destruir por acreditar em um ciclo interminável. Nada é eterno. Esse ciclo se rompeu e hoje o que resta é o pó. O pó que o vento leva para nunca mais. De tudo, lembranças ruins e uma consciência que jamais se cala.

Levante-se, erga-se. Há ainda uma vida a seguir. Nova? Depende de você. Faça o bem, semeie o bem, por mais incomodante que seja. Todos podemos recomeçar. Ainda há algo belo aí dentro, basta procurá-lo. E, se algum dia, essa carapaça arranhada se quebrar completamente e revelar um homem de forte luz espiritual, pode ter certeza que um belo caminho de flores e nuvens claras surgirão, amigos verdadeiros aparecerão e um pensamento de harmonia te contagiará.

E quando este dia chegar, quando um verdadeiro humano se libertar, chame a mim para uma amizade brindarmos. E, quem sabe, um copo de cerveja tomarmos.”