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Primeira vez no hostel

“Entre tantas cidades, cheguei a dormir em 3 hostels (é esse o plural de hostel?) que são aqueles albergues em que você aluga uma cama apenas num quarto onde dormem muitos desconhecidos, o que me proporcionou essas amizades. Sim, pra quem gosta de sua privacidade ou de manter sua intimidade intacta, sugiro que evite a ocasião, mas pra mim valeu a pena.”

Texto retirado deste post (clique)

Há alguns dias, postei sobre como era mochilar e comentei sobre se hospedar em hostel, com pessoas desconhecidas, porém de forma bem genérica, como o trecho acima. Hoje, comentar um pouco da experiência.

Sim, a ideia assusta um pouco. Saber que é preciso dividir seu sono, um quarto, o banheiro e talvez até certas intimidades como trocar de roupa com outros estranhos, pode dar um certo frio na espinha, mas quando você nota que é muito mais construir novas amizades, você percebe que sua experiência naquele lugar valeu a pena.

Você é do tipo social ou que prefere se isolar?

Sim, as pessoas tentarão conversar com você, tentarão descobrir sobre você, tentarão entender quem é você. Como disse antes, se você almeja privacidade, apenas descansar e obter um pouco de sossego, pegue um hotel, pois isso não é pra você. As pessoas que se hospedam tem como principal intuito conhecer novas pessoas. Não, não é nenhum tinder da vida real, é só querer conhecer pessoas de todos os lugares e adquirir novas amizades e novas culturas.

Eu estava um pouco preocupado com isso, de novas pessoas. No meu primeiro hostel, cheguei a noite e tinha uma galerinha sentada na recepção comendo algo e jogando baralho. Após fazer check-in, deixar minha mala guardada e tomar um banho, desci, perguntei onde poderia comer e todos eles foram muito simpáticos comigo. Naquela situação, eu era estranho, pois todos já estavam há alguns dias ali e já haviam feito amizades.

Após voltar do jantar, eu tinha duas opções: ou me socializava com eles ou ficava isolado em meu quarto fazendo vários nadas. Optei pela primeira, peguei humildemente uma cadeira ali e coloquei ao lado de uma das mesas. Fiquei apenas observando, mas logo o assunto foi fluindo, com perguntas sobre mim e eles falando sobre eles. Com o tempo, fui ganhando confiança e aquele ambiente começava a ficar agradável. Tudo ali ganhando vida naturalmente.

O mesmo quarto, outra cama

Por mais que pareça estranho se deitar numa cama com outras camas ao lado, nem sempre as pessoas estão interessadas em ver se você dorme com o pijama do Rei Leão ou apenas de uma bermudinha curta. Todos ali estão mais preocupados em arrumar suas coisas e em recuperar seus sonos. Os hostels que eu me hospedei, todos tinham um lugar para a bagagem, mas é preciso levar um cadeado com chave para garantir a segurança de seus objetos, pois a maioria oferece esse serviço apenas mediante pagamento. Mas, mesmo que muitos ali não estejam interessados em se apossar de seus objetos, segurança nunca é demais. Pensa só. Já imaginou se você perde uma calça e sua primeira reação é que alguém a pegou? Pode trazer confusão na certa.

Em um hostel, dividi o quarto com mais dois caras. Em outro, esse número dobrou. É preciso tomar cuidado com os barulhos que você faz a noite. Se você chegou tarde e já tem gente dormindo, evite o máximo de ruído possível. Não abra a porta com escândalo, não fale ao celular, ande com cuidado, tente não incomodar ninguém. Use a lanterna do celular para não ter que ligar a luz principal. Evite tudo aquilo que você sabe que não é legal quando tem gente dormindo.

Nos quartos, apenas duas coisas mais me incomodaram: os roncos (e era uma sinfonia boa) e a falta de iluminação natural (sol), que é geralmente o que uso para dormir. Mas, de modo geral, todos ali respeitaram o meu espaço.

Dividir um banheiro

Se você já se incomoda em dividir um banheiro na sua casa com sua família, aí vai mais uma: o banheiro aqui é dividido.

Eu já estive em um hostel em que só havia um banheiro pra todos os homens do hostel. Esse foi o menos legal, até porque você não pode ficar enrolando lá dentro (seja banho, trocar de roupa, fazer as necessidades, se aprontar), mas por incrível que pareça, esse banheiro era bem arrumado e bem limpo. Caso isso não esteja acontecendo, você pode comunicar com a staff do local.

Também já estive num em que era um banheiro no quarto (6 pessoas) e, se estivesse ocupado, você poderia utilizar outros do hostel. Como a maioria dos hóspedes saía para curtir um pouco do turismo, então era natural encontrarmos aquele banheiro sempre desocupado.

Também há banheiros em que são como vestiários de clube. Quem já tomou banho ou trocou de roupa nesses lugares, sabe como a intimidade com os estranhos caem. Você pode se deparar com alguém nu a qualquer momento, ou com alguém fazendo suas necessidades no box ao seu lado, mas aí já nem é questão mais de ser um hostel, pois se você enfrenta lugares que possuem vestiário, pode estar acostumados a essa situação.

Amizades

Eu abri mão de vários pontos para chegar ao mais importante: a amizade. Citando apenas um caso, quando estive no primeiro hostel em que me hospedei, acabei fazendo amizade com dois caras (apenas um deles dividia o quarto comigo), além de fazer amizade com a staff do hostel. Mas dou maior importância aos dois.

Era a união de um paulista, um gaúcho e um mineiro. Nossa amizade não se prendeu apenas ao local, mas a toda a cidade. De manhã, após o café-da-manhã (algo que, normalmente, hostels não oferecem), o paulista oferecia seu carro e nos levava às praias da cidade. Lá, curtíamos aquelas belas paisagens, tomávamos banho de areia e de mar e de quebra pegávamos uma cor. Íamos até quadras de areia jogar uma bolinha ou passeávamos pela orla, comprando churros e fazendo amizade com a vendedora. Registrávamos tudo aquilo com a câmera do mineiro. E, no fim do dia, dividíamos nossa grana para comprar comida para o jantar feito pelo gaúcho. Tudo isso, enquanto dividíamos experiências, sensações e histórias das nossas vidas.

Faria tudo de novo?

E mais um pouco. Não está escrito o que a gente ganha, não está escrito o que trazemos para casa. Temos receios do que vamos encontrar (e foi assim que cheguei lá) mas no fim, não queremos ir embora para casa. É rico e faz um bem danado viver diferente do que estamos acostumados a viver.

Image by gery moser from Pixabay

Parte de mim sombra

Depois de tanto caminhar, finalmente o encontrei. Ele se sentia só naquela rua sem movimento, numa noite fria e chuvosa. Estava usando uma jaqueta de couro branca, com uma camiseta branca, calça branca e o tênis branco. Seus cabelos tão bem alinhados, mas seu olhar se colocava assustado ao me ver. Eliminei toda voz e todo ruído para poder ser escutado. Decidido, me aproximei.

Não me lembro de quando nasci, apenas de ter sentido grande áurea negativa próximo a mim, oriunda de tanto ódio, tristeza e dor brotadas de repente. Pessoas tão amadas já não tinham o mesmo carinho, pequenas coisas ruins deixadas de lado já ocupavam um maior espaço de raiva.

Mais consciente, percebi que éramos duas pessoas dentro de um único ser. Enquanto ele era a esperança, o amor, a felicidade, eu era o a impaciência, o rancor e a tristeza. Com tanta coisa negativa acontecendo, dificilmente entrávamos em comum acordo. Aquilo nos irracionaliza e não nos permitia sair do lugar. Por isso, nos isolamos, tentando buscar um novo caminho, em comum acordo.

Mas eu era a impaciência. Não queria ceder nada. Então, cada um foi para um lado. Andei por trevas, infelicidade, por caminhos sombrios, difíceis de serem descritos. Passei um bom tempo alimentando ódio por aqueles que me fizeram sofrer, que me fizeram mudar quem eu era. Escrevi o nome de cada um para nunca me esquecer do terror que me causaram. Cada plano, cada passo, muito bem detalhado.

Mas a vingança não é o melhor caminho e eu sabia que aquele nunca foi e nunca será eu. Estava confuso, entrava em desespero, precisava reencontrar minha luz, recomeçar. Corri de volta ao início, demorei, me avistei. Meu eu-luz estava sentado no chão, sozinho, sem direção. Aproximei-me devagar. Mesmo tão opostos, ainda tínhamos uma conexão e, quando estávamos próximos, nos abraçamos, apertados.

Era uma sensação estranha. Sentia repulsa em nosso abraço. Era desconfortável, mas necessário. Ele sentia medo, eu sentia o mesmo.

“Por favor, ajude-me a fugir da escuridão que me tornei. Não vai ser fácil, mas talvez juntos possamos descobrir um meio de nos tornarmos um novamente, com todas emoções de forma equilibrada, racionalizados de que nenhuma delas vá nos derrubar daqui para frente. Eu preciso de você, não me abandone agora. Por favor, me salve. Há um grito forte de desespero entalado minha garganta”.

Parte 2 de 2 do conto

O Tímido

Sempre assim…
Tímido, quieto, bobo
Sempre na dele
Tão timidamente se esconde
De quem o quer tão bem.

Sempre a mesma história:
É pessimista, triste
E até tem um pouco de depressão.
Solidão?
Sua melhor companhia.

Enfrentar o mundo, é preciso
Mas enfrentar a si mesmo
É essencial
É seu próprio inimigo
E, na melhor das hipóteses, o seu melhor amigo.

Solitário, triste, bobo, tímido
Que seja, mas por dentro
Nós sabemos que é o dono do sorriso mais sincero
Da amizade mais confiável
Do segredo melhor guardado.

Portanto, tímido, não fique chateado!
Se parecer perdido, se o destino lhe parecer amargo.
Você sabe que sempre tem alguém
Que te quer bem
Que é tímido também
E desejaria lhe dar um abraço.

Titanium

Críticas, falhas, defeitos, má postura, más atitudes. Inveja? “Em seu lugar eu faria melhor, eu seria diferente, eu não cometeria os mesmos erros.” Será que não? Seria esse o ser perfeito que tenho buscado por toda a minha vida?

Fala mais alto, por favor. Não há como te escutar. Ouço tuas críticas por todos os lados. Se apoio alguma causa, rebates por eu estar em algo errado. Deveria eu ajudar o próximo ou deveria ajudar um mundo tão gigante? Podes me ajudar ou apenas sabes me crucificar?

Atira para meu lado. Tuas balas não me atingem. O que há contigo? Será que não és capaz de algo melhor? Essas balas ricocheteiam. O que há com elas que não me atingem? Quando acertam, não as sinto. Hmm, talvez, eu seja… Não! Talvez não! Eu sou! Sim! Eu sou a prova de balas.

Eu conheço meu potencial. Sei que sou bom e melhoro para isso. Tuas palavras tão inférteis. A razão disso é teu ser. Queres que eu seja um perfeito ser, quando tu nem te dás o trabalho de melhorar. Essa tua preocupação em demasia em meu ser me preocupa. Por que não podes guardar teus conselhos a ti mesmo. É tão difícil?

Uma dica. Se queres tanto assim que eu mude, troca de armas. Acaba comigo. Faz disso uma guerra. Faz-me à tua mercê. Faz-me teu subordinado. Ergue teu timbre de voz e me ataca com paus e pedras. Usa tua metralhadora. Destrói cada rincão de mim, mas age com maestria.

Não consegue, sabe por quê? Sou feito de titânio. Eu tive minhas lições durante meu percurso e nunca precisei ser mau. Nunca, ao contrário de ti. Busco o melhor para mim e sei disso, vejo todo o resultado neste contínuo processo. Não sou perfeito, nem posso ser. O importante é que estou bem e procuro que todos fiquem bem consigo mesmo.

Já viste meus textos? São parte de mim. Sei que com eles consigo fazer bem a alguém. Conhece minhas atitudes? Sei que já fiz exemplo para muitos. E sigo assim. É o que me faz bem.

E se não podes satisfazer-te com isso, grita mais, atira pro lado certo, tenta contra mim outra vez. Não é capaz? Claro que não! Eu sou feito de titânio.

Indicação: Diego Gomes

Frases de Reflexão

“Nunca diga que a vitória está perdida, pois são de batalhas que se vive a vida”

“A dúvida é um dos nomes da inteligência” – Jorge Luis Borges

“Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”

“Na amizade, não importa a quantidade, mas sim a qualidade”

“Tudo o que é bom dura o tempo necessário para ser inesquecível” – Fernando Pessoa

“Somos a resposta exata para aquilo que perguntamos”

“Bom de briga é aquele que cai fora” – Adoniran Barbosa

“A cada minuto que passamos com raiva, perdemos 60 felizes segundos” – William Somerset Maugham

“Tudo o que, um dia, você sonhou, num piscar de olhos pode acontecer. A vida repentinamente muda para quem acredita” – Rouge (modificado)

“Nunca é tarde para recomeçar e é sempre cedo para desistir”

“Que Deus te dê em dobro o que você desejar ao próximo”

“Viva cada dia, intensamente, como se fosse o último, porque um dia poderá ser”

“Se você ama uma pessoa que te faz sofrer, faça dela uma música. Você ouviu, gostou e hoje enjoou”

“Se não veio para ajudar, não atrapalhe”

“A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena” – Seu Madruga

“As pessoas não se tornam especiais pela forma de ser ou agir, mas sim pela profundidade que atinge nossos sentimentos”

“Nunca deixe que a saudade do passado ou o medo do futuro estraguem a beleza do hoje, pois há dias que valem um momento que valem por toda a vida”

“Chorar uma dor do passado no presente é criar outra dor e chorar novamente”

“Quem come e não reparte nada, fica com a barriga inchada” – Chaves

“As pessoas boas devem amar seus inimigos” – Seu Madruga

“Não ligue se rirem de você, pois o riso é a maior homenagem que um idiota presta a um gênio”

Roteiro do próprio fracasso

O mundo resolve dar toda a atenção, é hora de mostrar todo seu talento. Depois de ter ensaiado, preparado a voz e repetir, inúmeras vezes, o discurso, ele está pronto para declamá-lo em público. As cortinas se abrem, a plateia aplaude, ele dá pequenos passos, o auditório se cala e é a sua vez. 

Ele olha para todos os outros, nervoso, começa a suar frio, a voz não sai, o desespero aumenta. Seria melhor recuar ou nem ter subido no palco? A plateia ainda espera e ele não sabe o que vai acontecer se falhar. Imagina que todos vão desconstruir toda sua imagem naquele momento, pois este não é o seu lugar. 

Simplesmente, não é o seu lugar. 

Desesperado, foge dali, com seus medos e seus pensamentos negativos. Ele não consegue aceitar que falhou mais uma vez, mesmo ensaiando tanto. As risadas ecoam por sua mente, enquanto corre, aos prantos, sem destino a rumar. Não consegue ser mais um na multidão, é alguém que está aquém dos padrões da sociedade. 

Não consegue se lembrar de tudo de bom que já foi capaz de realizar, do que já fez pelos outros. Nunca parou para pensar nos êxitos que logrou, ou quase. Só pensa naquele momento, em todo seu fracasso, nas falhas que sempre teve. Não percebe que todos são assim, porque só se lembra do êxito deles. 

Não quer mais erguer a cabeça, não pensa em lugar, não pensa em gritar. Não quer saber mais de ninguém, por acreditar que não tem mais ninguém. Ninguém é capaz de tirá-lo daquele buraco que ele mesmo havia se jogado. A vida nunca te dá as mãos, só lhe dá as costas, só pensa em derrubá-lo. 

Não consegue contar seus problemas a ninguém, porque sabe que será motivo de piada. Mas, não permite que outras pessoas se afundem em seus próprios problemas, porque ele não quer ninguém como ele. Não permite que outros chorem, mesmo que lhe custe a própria felicidade. Sente-se sozinho por não conhecer quem o compreenda profundamente. 

Afasta-se dos mais próximos e os transforma em seus piores inimigos. Nada mais lhe importa, não quer mais saber de seguir assim. Continua a atuar pelos palcos da vida, sem ânimo, sem vontade, apenas com a ideia de que nada mais importa. 

Até que um dia, foge do roteiro para rascunhar o que, talvez seja, o fim de sua própria peça. 

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