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Preso ao que não sou capaz de amar

Por uma peça do destino, preso em meus músculos se fez um sentimento, sempre a tencioná-los quando lembrado. Guardo em mim por anos como um tão bem-guardado segredo, mas que se desperta, se move e se força a sair nos momentos mais profundos de pensamentos passados. Ele vive em mim como um parasita, sugando minh’alma, latendo forte, alimentado pelo meu lado obscuro.

É um sentimento forte que me carrega por todos os lados, que me dá insônia nas noites mais importantes, e que me traz intranquilidade nas horas que mais preciso de paz. Por causa dele, tomo decisões precitadas, por conta dele, lembro de pessoas que não sou capaz de amar.

Penso no perdão. Ele é preciso, quase impossível de ser conquistado. Não digo ‘ser perdoado’, mas perdoar. O rancor bate mais forte. Ódio guardado no fundo do armário, com forte cheiro de mofo, incomoda, de longe, eu, que não quero ser perturbado. O armário sou eu e o mofo me corrói. Vem até mim, segura minhas pernas e não me deixa fugir.

Palavras não ditas, desejos não realizados. Em minha garganta, tudo pra ser dito. Se há vida ou não no alvo, em mim encontra-se muito bem vivo, pois é o rancor quem o alimenta, é meu lado obscuro quem alimenta o rancor. Esse sentimento, ruim, lembre-se disso, é quem te traz à tona aquele que te fez mal, sugando-o para si, que te desperta o que há mais de nocivo em você. E aqui vai um segredinho: por quem você guarda tal ódio, nem mesmo se lembra de você ter nascido.

Agora, uma coisa é bem certa e te digo: o rancor não afeta teu inimigo. É um vírus que te ataca e te consome por dentro. Destrói você e mais ninguém. Não deixe que ele te impeça de viver, vá em frente, enfrente, sem medo. O rancor é uma dessas coisas que não deve vencer. O perdão é difícil, difícil de ser conquistado, mas não desista, meu amigo, pois é só o perdão, o verdadeiro perdão, aquele de coração limpo, é que pode curar você.

Los de las casas rodantes

Me desplacé por un camino dando saltos, esquivando charcos y barro para llegar a una carpa gigante que veía a la distancia de aspecto cutre e irrelevante con trailers rodantes, cercos con pinturas incolora, tela desteñidas y cutres lonas.

Al llegar a la entrada, esto se difería al contemplar rostros que, al verlos, hacían agradable y cómoda la estadía en ese lugar. Con una sonrisa fuimos recibidos- al abrir las cortinas, recordé mi niñez cuando mi mamá me llevaba al circo.

En sillas empolvadas, observé a un público menor a 20 personas, escasos niños contentos que reían al ver a los payasos. En frente del espetáculo, estaban sentados tranquilos y observadores unos niños que transmitían apoyo a sus familiares, los cuales hacían reír al resto del poco público, pues eran los hijos y sobrinos de las ocultas personas maravillosas que en ese circo se encontraban haciendo el espetáculo.

Detallé cada elemento de esa gran carpa, agujeros que desde el punto donde estaba sentado se podían ver el cielo y las estrellas, un nudo atado a mi garganta no me permitió contener mis lágrimas. Mi amiga y yo salimos de ese sítio, hablamos con la dueña del circo la cual se encontraba preparando un dulce algodón de azúcar en uno de los trailers. Mi amiga le hice unas preguntas referentes al circo. La escuché responder:

– Hoy es que medio hay personas, los otros días asisten no más a 4 ó 6 personas, la lluvia no nos ha permitido y la gente muy poco asiste al circo.

Luego escuché al hijo mayor de la señora decir:

– Lo ppoco que hacemos es para comer, vivimos en estas casas rodantes. Nunca hemos tenido una casa de bloque y cemento, pero sí tenemos un hogar a la mona también tenemos que alimentarla de nuestra comida, hacemos colas al igual que cualquier venezolano. Lamentablemente, lo que hacemos no nos alcanza para comprarle a los bachaqueros (revendedores de comida escasa).

A la distancia, vi a un niño de dos años de edad, lo llamé, lo cargué y le pedí un abrazo. Se me salió una lágrima y vi una luz perpetua que me hizo encontrar con mi niño interno. Haber asistido a ese circo y ser recibido de una grata forma ha sido una excelente forma de encontrarme una vez más con Dios, mi amigo Dios.

Conto de Luis Mendez

Gravedigger

103 anos. Sinto ser este o meu último na Terra. Quem sou eu? Apenas mais um coveiro. Um coveiro que já viu o bastante nesta vida. Agora chegou minha hora, chegou minha hora de partir.

Já vi mães enterrarem seus bebês. Uma mãe que, lamentavelmente, perdeu seus dois filhos na Segunda Grande Guerra. Aquela guerra que, sem quaisquer motivos, matou tanta gente que não tinha nada a ver com os interesses daqueles que se nomearam nossos líderes.

É normal uma mãe ser enterrada pelos filhos, mas o contrário é inaceitável. Eu via dor em seus olhos. Os garotos levaram consigo as lágrimas maternas desesperadas por uma lastimável situação. Quanta dor. Ninguém naquele velório era capaz de expressar o que ela sentia.

Essa mulher, pobre, órfã, perdeu seu marido na guerra, perdeu seus filhos pela guerra. Sua vida era, agora, uma guerra perdida. Aquela dor não se transformava em rancor, não conseguia.

Ódio de quem? Do exército? Da guerra? Dos líderes. Quem ela poderia culpar? Era aquela uma situação sem culpados? Ou seriam culpados com motivos pífios? Por que eu sinto aquela dor e não posso ajudá-la? Será que também tenho culpa de fazer parte daquela realidade?

Vejo uma mãe sofrer e que posso fazer por ela? E o que ela poderá fazer de agora em diante? Estava só, estava confusa, seu coração estava partido. Seus filhos jamais voltariam.

A morte é algo intrigante, que te leva sem dor, sem piedade, sem arrependimentos. Basta um minuto distraído e ela te leva, sem destino.

E agora, me despeço. Depois de fazer parte de histórias como essa, deixo aqui meu legado. Quantos já enterrei? Não sei, mas agora chegou minha hora de ser enterrado. Encontrarei essas crianças e tantas outras pessoas para onde vou agora. Talvez.

Só peço que me enterrem a menos de meio palmo da terra, para que quando chova, ainda possa sentir as lágrimas dessas crianças, desses jovens e de todas as outras pessoas que um dia eu enterrei. Tantas, sem motivo algum.

> Indicado por: Marcelo Loriano

Jovem inconsequente

Eu pensava que tudo era muito fácil. Viver, apenas uma diversão. Jovem e imaturo. Acreditava que a vida fosse um simples jogo. Apertar um botão e recomeçar. Todos os erros iriam embora, tudo poderia ser refeito.

Então, algumas consequências começaram a surgir. Eu sentia o tapa no rosto de cada uma delas. O ardor me lembrava de todos os erros cometidos. Aquilo não era um jogo tão fácil quanto imaginava. Cada cicatriz, um aprendizado novo, uma angústia que não se curava.

Eu não conseguia lidar com toda aquela nova situação. Via meu corpo sangrando por todos os lados. Cada falso passo, um medo diferente. Cheguei a fechar meus olhos para o problema. Se eu morresse, pelo menos teria aproveitado tudo.

Então você me trouxe de volta à realidade. “Calma” era o que você me pedia. Tem sido o motivo para eu acreditar que poderia continuar vivendo. Vivendo para sempre. E eu não posso ignorar isso.

Entendi que, quando se machuca alguém, aquilo pode ficar marcado por toda a sua vida. Todavia, só havia entendido quando meu coração foi brutalmente ferido. Uma facada nas costas que atravessou todo o meu ser, perfurando meu coração. Aquilo me fez sangrar. E aquele sangue me fez repensar em tudo.

Eu era tão inocente, tão tolo. Como poderia acreditar que tudo que eu fiz era mero passatempo? Por que não pensei em todas as pessoas que cruzaram meu caminho? Desperdicei a chance de ouvir, continuar e vivenciar suas histórias. Perdi a chance de fazer parte de tantas vidas maravilhosas.

Eu deveria morrer por tudo isso, mas você sempre acreditou no meu potencial, sempre esteve ao meu lado a espera de que algum dia eu pudesse mudar. Esteve todo o tempo onde eu pudesse encontrar. Por você, valeria a pena morrer.

Eu brinquei com facas, entrei em celas de leões, vi lágrimas molharem o chão a cada palavra, a cada ato próprio. Eu ria. Era uma situação prazerosa. Eu dancei no fogo, cometi todos os pecados. Agora, estou pronto para assumir a culpa e pedir perdão.

Não ouvirei doces palavras de quem um dia eu machuquei, mas quero estar em paz comigo mesmo. Viverei para sempre, pois sei que vale a pena. Não serei lembrado como gostaria, mas lutarei para que esses dias vindouros sejam melhores.

Uma pessoa melhor eu serei. Uma vida digna terei. Para sempre viverei

Drones (Texto Completo)

Leia abaixo a história completa de Drones, inspirado no álbum homônimo da banda Muse:

01 – Dead Inside

O personagem conversa consigo mesmo sobre todas as coisas ruins e desiste de viver. Todos aqueles maus momentos se passam por sua cabeça, enquanto permanece num chão frio, coberto de sangue. Toda aquela trajetória, desde ser apenas um lacaio que se vê como um expectador, passando pelo momento em que se torna o braço direito daquele homem até o momento em que se arrepende. Entretanto, uma voz grita ‘reaja’ para que ele possa consertar seus erros como se deve fazer.

02 – Psycho

O personagem começa contando a história que ele menciona em ‘Dead Inside’. Um homem, tido como Deus, venerado e obedecido faz com que todos sejam seus lacaios. O personagem tenta libertar os outros, mas é tentado com promessas de algo melhor. A priori, ele acredita que pode libertar a todos, tornando-se um ‘agente duplo’, mas tantas regalias lhe faz dominado pelo poder.

03 – Mercy

Ao perceber que fora traído por si mesmo, o personagem tenta reparar o erro, libertando a todos. Entretanto, aquele venerado homem, acusa-o de traição, indicando que ele deve ser punido para que nenhum dos segredos vaze. Ele é perseguido e violentado. A dor física e emocional o consome. Ele clama por misericórdia.

04 – Reapers

O líder sabe que todos o obedecem e gosta desse poder. Pode fazer o que quiser, elimina quem for contra, mas continua sendo venerado. O personagem se sente responsável e culpado por agir como aquilo. Lá dentro, uma guerra se inicia.

05 – The Handler

Pensando ter fugido, o líder opressor encontra o personagem e tem um diálogo com ele. O líder se gaba por ter todos na mão, enquanto o personagem, que fora usado apenas como cobaia é tido por matador. O personagem diz que fugirá, mas o líder debocha dele, instigando-o a fugir.

06 – Defector

O personagem entra em conflito interno. Quer fugir, mas não pode, pois deve consertar o erro que cometera. O líder continua a debochar dele. Entretanto, alguns captam a mensagem e capturam o líder, levando-o para outro lugar. O personagem se vê diante da saída.

07 – Revolt

O personagem continua em conflito interno. Fugir e viver, voltar para lutar e morrer. O que fazer? Aquela voz que ordenou sua reação se materializa diante de seus olhos. Ambos conversam sobre o que é certo ou errado. Ele resolve fugir com outros, poucos, deixando que ali continue uma guerra.

08 – Aftermath

Finalmente em casa, o personagem encontra-se nos braços de sua amada. Aquele é seu refúgio. O personagem declama frases de amor, dizendo que sempre deve cuidar dela, pois ela cuida dele também, sabe seus medos, suas fraquezas, mas sempre está junto a ele. É ela quem lhe dá forças para viver.

09 – The Globalist

O personagem encontra o líder em estado de sofrimento. Pensa até em vingança, mas resolve sentar-se e ter uma conversa franca com ele, sobre as consequências e o mal que todo aquele poder lhe causou. Apesar de tudo, o personagem tem esperanças de que, algum dia, ele se tornará uma pessoa melhor. E, quando isso acontecer, ele estará disposto a lhe dar sua amizade.

10 – Drones

Todo aquele mal lhe passa pela cabeça, como um compilado, para que ele leve como aprendizado na próxima vez. O mundo deve ser mudado, mas para isso, eu preciso me mudar. Então, devo começar hoje mesmo?

Drones

Mortos. Mortos por alguém frio que só queria poder, que, com ninguém, se importava.

Mortos. São da minha família, são da sua. São meus amigos, são seus. Mortos por alguém que usou mal sua cabeça. Mortos por tentarem ser alguém.

Mortos. Estou morto por dentro. Estou morto por ver um mundo dominado por psicopatas. Eles não têm misericórdia. Ceifadores. Manipuladores. Sou um desertor que se revolta e implora por um mundo melhor. Mas, as consequências só vem para mim. Consequências desses poder globalista.

Mortos. Mortos por esses drones.

Continuaremos nesse mundo de sangue e destruição? Quando o mudaremos?

The Globalist

Podemos ter tido um momento de paz, um momento de virtude, um momento de esperança, mas isso não quer dizer que os problemas acabaram. Devemos lutar por um mundo melhor.

(…)

É estranho imaginar como o ‘jogo vira’. Antes, aquele opressor, com tamanho poder, estava ali no chão, com suas vestes rasgadas, sujas, sangradas. Parece ironia, mas ele se agonizava. Meu coração batia trêmulo, sentindo um pouco de piedade por alguém que tanto fez mal.

O que fazer? Perdoar? Pisar? Proferir-lhe toda a verdade para fazê-lo sentir-se culpado?

Sentei-me a seu lado. Ele não parecia almejar uma conversa. Senti pena daquele indivíduo. O que o fez chegar a tal ponto? Não lhe perguntei. Saberia que a resposta não viria.

“E aí, cara, tudo bem com você?”

Não houve respostas. Apenas um olhar vazio e distante.

“É estranho ver uma pessoa que tanto fez mal, para mim também, numa situação degradante como essa.

Não imagino o que tenha acontecido a você. Pode ter sido traído pelas pessoas de seu convívio, pode ter tido o coração dilacerado por alguém, pode ter confiado nas pessoas erradas.

Cruzou pelas estradas erradas, com os errados, com quem poderia ter te feito mal. E começou a achar aquilo normal. Agiu com outros da mesma forma. Não sentia remorso, não sentia culpa, não pesava na consciência. E hoje te vejo nesta situação.

Perdeu todo o império que um dia lograra. Se alguém não ‘dançasse conforme a música’ para você, bastava substituí-lo sem o menor pesar. E foi assim que seguiu pela vida.

Nutriu um ódio por essa terra, nutrindo ódio em vidas alheias. Ciclo viciado que desprezava qualquer sentimento de bondade. Semeou o negativo por terras de impureza infértil, de bondade antes em potencial, de bondade hoje em estágio final.

Foi dos inocentes um deus, venerado, alimentado, almejado. Crentes por algo melhor se tornaram. Esqueceram-se de suas vidas, antes maravilhosas, maximizados aqueles problemas outrora insignificantes. A vida tornara-se melhor. Tornara-se?

Mas aquele mesmo ódio semeado, plantado e nutrido, foi colhido e repartido entre os seguidores de tal fé. O ódio, antes enrustido, se digeria e escapava entre o único poro restante de uma mente que almejava poder. E o poder, derrotado pelo poder, se esvaneceu.

Agora não sobra mais nada. Apenas um chão frio e seco, coberto de sangue derramado pela ira. A lágrima que escorre é apenas consequência. Todos se foram. Não há sobreviventes por perto, não há mais alguém para amar ou odiar. Só lhe restava a solidão.

É da natureza humana: Destruir por acreditar em um ciclo interminável. Nada é eterno. Esse ciclo se rompeu e hoje o que resta é o pó. O pó que o vento leva para nunca mais. De tudo, lembranças ruins e uma consciência que jamais se cala.

Levante-se, erga-se. Há ainda uma vida a seguir. Nova? Depende de você. Faça o bem, semeie o bem, por mais incomodante que seja. Todos podemos recomeçar. Ainda há algo belo aí dentro, basta procurá-lo. E, se algum dia, essa carapaça arranhada se quebrar completamente e revelar um homem de forte luz espiritual, pode ter certeza que um belo caminho de flores e nuvens claras surgirão, amigos verdadeiros aparecerão e um pensamento de harmonia te contagiará.

E quando este dia chegar, quando um verdadeiro humano se libertar, chame a mim para uma amizade brindarmos. E, quem sabe, um copo de cerveja tomarmos.”

Aftermath

Em teus braços encontrei o amor e o refúgio que outrora sonhara para mim.

(…)

Sujo, cansado, faminto, revestido por sangue. Finalmente em casa. Ao abrir a porta, volto a sorrir. Encontro a felicidade no sorriso de uma pessoa. Aquela que sempre me deu carinho, me deu forças e me deu abrigo, recebendo-me com gentil sorriso.

Preocupação. Tira todas aquelas vestes rasgadas e lava minha alma num banho. Veste-me com limpas roupas e me afaga em seu colo. Abraça-me forte. Chora tímida e discretamente, permanecendo forte para elevar meu espírito.

Posso não ser o heroi que mata leões ferozes, posso não ser forte para derrotar dragões de sete cabeças, posso não ser corajoso a escalar grandes montanhas, mas nada lhe importa, que escolheu dedicar-se todos os seus dias de sua vida à minha.

Choro. Sempre pedi alguém que me compreendesse, que aceitasse viver com todos os meus medos, meu temores, minha insegurança. Não sou perfeito, mas nunca precisei para ter uma pessoa tão maravilhosa ao meu lado.

Prometi a mim mesmo que sempre cuidaria dela como também sou. Não por obrigação, mas por zelo.

Só jamais estarás. De ti cuidarei. A teu lado estarei. Grandes obstáculo enfrentaremos, pois se não formos capaz de derrotá-los, nossos corações permanecerão como um. Cuidaremos bem deles.

Quero viver o resto de minha vida inteiro, pois és parte de mim, és meu alento, és aquela quem me completa, aquela a quem meu coração pertence. Agora e sempre.

Quero adormecer em teus braços, pois é onde encontro refúgio, onde me sinto seguro, onde devo estar. E estarei aqui para oferecer o meu para te proteger, para te aninhar, ou por razão alguma.

Eu posso ter perdido todas as minhas lutas. Posso ter sofrido boa parte de minha vida. Posso estar cansado de todas as mentiras. Posso estar uma bagunça. Posso querer desistir do mundo. Quando te vejo, quando vejo teu sorriso, deito-me em teus braços e me aconchego, sinto todo o vazio de meu peito se esvair. Sinto-me protegido. Sinto-me bem. Pois, és meu refúgio, és minha vida, és meu eterno ser. És quem há muito almejei ter.

Nunca estarás só, pois a ti pertenço.

https://www.youtube.com/watch?v=zFjhC0T7jXE

Mercy

  • Herois, ataquem-no! Ele é um traidor. Não pode fugir! Sabe de todos os nosso segredos.

(…)

Dor. Sofrimento. Sou inimigo de todos. Ou será que são todos meus inimigos?

Poder. O poder me subiu à cabeça. Tentei libertar a todos e o que fiz foi exatamente o contrário. Matei aqueles que não me obedeciam. Causei sofrimento. Trouxe a todos aquele sentimento de revolta. Agora, sou o culpado. Sou o responsável. Fui controlado para controlar todos. Fui vítima do sistema e me tornei o opressor.

Minha alma. Será que ainda está viva ou será que já a vendi? Liberdade, opressão. Duas ações opostas. Meu pensamento era outro antes do poder. Por que foi transformado? O que eu fiz de verdade? Sinto-me tão culpado.

Eles precisam saber. Será que me escutam? Fui só uma vítima. Uma vítima que fez vítimas.

Poder. Controle ou seja controlado. Eu não soube usá-lo. “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Eu sabia disso, eu estava sofrendo, eu via aquela sofrimento. Eu só quis acabar com tudo aquilo. E o que fiz? Causei mais sofrimento.

Agora sou culpado por tudo. Sou o cabeça de todos os males. Ninguém percebe isso. Todos estão revoltados. Não deveria ir contra quem eles tanto veneravam. Eles matam, batem, oprimem aquele que for contra. E eu fui.

E o que mais me dói não é a dor física. Não é estar coberto de sangue neste chão frio. O que mais me faz sangrar é a dor emocional. É saber que fui culpado. Saber que me deixei controlar. Saber que sou tão mau e perverso. Saber que me deixei levar por essa situação.

E isso me machuca. Estou chorando. Estou ferido. Estou abatido. Causei tudo isso. Causei toda essa tormenta. Não há mais ninguém do meu lado. Estão todos contra mim. Estou só. Estou sujo. “Alguém pode me ouvir?”

Por favor, tenham misericórdia de mim. Sou só mais uma vítima desse sistema perfeito.

Psycho

  • Aquele ali, observando a todos. Consegue vê-lo? Ele pensa! Pode ser um perigo a todos. Também pode ser uma máquina interessante de se matar. Podemos transformá-lo num drone humano. Basta sabermos manejá-lo bem. Não vamos perder tempo! Traga-o para cá.

(…)

Correntes, filas, imagens, veneração. Por que todos estão fazendo isso? Não percebem o quão degradante estão mediante essa situação? Eu não sei o que fazer, não sei como agir, mas podemos reagir! Podemos lutar contra esse sistema. Não podemos permitir que algo nos controle.

Alguém me escuta? Parecem hipnotizados. Ah, se fôssemos unidos, se tivéssemos um plano, uma fuga, uma revolta. Eles não me escutam. O que está anormal com todos eles? Por que não podem me escutar?

Homens de vermelho se aproximam de mim. Parecem monstros, altos e fortes. Sorriso de deboche. Vêm até mim. Querem me matar? Querem me despedaçar?

Dizem que tenho um potencial desperdiçado. Eles podem me dar mais. Eles podem me dar poder. Eles podem me colocar no comando. Posso comandar todos aqueles que estão em situação degradante. Posso fingir e libertá-los, quem sabe?

Sou levado. Conversam comigo. “Você não precisa ser quem você é”, eles dizem. Estou amarrado. O superior me informa que posso ganhar muito com isso. Um de seus “lacaios” me traz farta refeição e uma arma. Descarregada. Traz-me roupas limpas, água pura e ouro. Aquilo parece bom.

Com o tempo, aquele poder me corrompe. Minha ganância se eleva cada dia mais. Mato quem não me obedece, mato quem eu quero. Aquele poder é meu, mas aquele não sou eu. Sou uma vítima do sistema ou um sistema que vitimiza? Não importa, tenho poder.

Tenho poder. Sou um psicopata. Estou morto por dentro?

Dead Inside

  • Reaja! – Gritava uma voz ao fundo, porém distante.

(…)

Morto. Estou morto? Não vejo ninguém, não ouço ninguém. Tudo está tão escuro. Sinto o chão gelado nas minhas costas. Minhas vestes rasgadas, sou capaz de jurar que não há pudores.

Do que me lembro? De pouca coisa.

Ali está uma figura estranha. Gigante. Iluminada. Há imagens de reverência. Que ser bondoso! Quem será? Será alguém de bem? Todos parecem adorá-lo. Vejo seus rostos felizes, esperançados e amparados. Estão todos bem.

Seria algum Deus? Talvez não. Não se parece um. Não se parece com Aquele que algum dia ouvimos falar. Esse parece ter um olhar mais sombrio, mais melancólico. Sou capaz de jurar que pareceu ser solitário em alguns momentos.

Ouço correntes, mas não as vejo. Onde estão? Todos parecem andar compassados numa fila indiana. Cada passada, um ruído de corrente. Olhem seus pés, uns amarrados aos outros. Eles trabalham duro, trabalham pesado. Começo a entender.

De manhã, trabalham. Sempre vigiados. Param para comer uma papa verde e retornam. A noite, adoram-no felizes. Os maiores veneradores podem tocá-lo, o que é algo gratificante para todos eles. Os mais rebeldes, confinados.

E eu ali, assistindo a tudo. Um mero expectador? Não! Eu também estou lá. Vigiado, dominado, obrigado a venerá-lo. E eu estou adorando tudo aquilo. Como é belo! Posso sentir sua luz daqui.

Em pouco tempo, me torno seu braço direito. Tantos benefícios concedidos a mim. Sou quase tão importante quanto o dominante. Todos reverenciam a mim. Não preciso ser bom, não preciso ser verdadeiro, não preciso ser eu mesmo.

Vejo todos eles se ajoelharem diante de mim, darem suas vidas por mim. E continuo vendo os sorrisos estampados ali, naquelas faces sofridas. E lhes dou apenas migalhas.

Esse lado das trevas é mais próspero. Só me basta ser quem eu não sou.

Ali estou eu. Gigante. Iluminado. Com imagens de reverência a mim. Que ser bondoso! Quem serei? Serei alguém de bem? Todos parecem adorar-me. Vejo seus rostos felizes, esperançados e amparados. Estão todos bem.

Todos bem. Mas, não eu. Sinto-me tão só. Sinto-me triste. Sou venerado, mas não me sinto completo. Algo me faz tremer por dentro. O que acontece? Não encontro respostas. Todos me adoram. Por que não me sinto bem? Preciso de respostas. Não as encontro. Preciso fugir dali.

Deserdei-me. Revoltei-me. Tentei escapar e me pegaram. Agora estou só, deitado no chão frio com minhas vestes rasgadas e sujas. Não vejo ninguém. Não ouço ninguém.

Será que estou morto?

Maldito brilho que me ofusca

Era sábado de manhã. Eu, Rayne e Álvaro estávamos sentados vendo vídeos de música, enquanto esperávamos pelo horário de aula. Estávamos no saguão da faculdade, sentados em um banco. Eu com meu notebook no colo e os dois ao meu lado, pedindo para que buscássemos algum vídeo no youtube.
De repente, meu coordenador surge. Ele se senta e começa a papear conosco. Ele nos conta uma história que eu achei ser muito interessante, pois é o que passamos em certas ocasiões na vida.
É válido ressaltar que o texto que se segue serve para refletirmos, não só como a vítima (o vagalume), mas como o “predador” (serpente). Será que apenas os outros querem nos ver mal? Será que não tratamos algumas pessoas assim também?

 

A SERPENTE E O VAGALUME

Conta a lenda que uma vez uma serpente começou a perseguir um vagalume.
Este fugia rápido, com medo da feroz predadora e a serpente nem pensava em desistir.
Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada….
No terceiro dia, já sem forças o vagalume parou e disse à cobra:
– Posso lhe fazer uma pergunta?
– Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas já que vou te devorar mesmo, pode perguntar.
– Pertenço a sua cadeia alimentar?
– Não.
– Eu te fiz algum mal?
– Não.
– Então, por que você  quer acabar comigo?
– Porque não suporto ver você brilhar!

“Pense nisso e selecione as pessoas em quem confiar.”

Palavras bonitas nem sempre fazem o efeito certo

O dia foi péssimo, você fica mal e a primeira coisa que você sente é raiva ou tristeza, quando não as duas juntas. Alguns se isolam, outros preferem gritar para Deus e o mundo e outros tentam descontar na primeira coisa que veem. E aí, alguém, querendo ajudar, senta-se ao seu lado e fazem aquela típica pergunta: “aconteceu alguma coisa?”. Obviamente, você não está com cabeça para responder.

Quando uma pessoa quer ajudar, mesmo que as intenções sejam as melhores, nem sempre conseguem ir pelo melhor método. As duas coisas mais comum que vemos, são pessoas que nos enchem de perguntas e outras que nos dizem palavras maravilhosas.

Pessoalmente, o primeiro caso, para mim, é o pior. Quando uma pessoa está neste estado, a última coisa que quer é falar alguma coisa, quanto mais responder inúmeras perguntas. No estado em que ela se encontra, tudo fica confuso e ela briga com si mesma para por todas as coisas no lugar. Algumas ainda respiram fundo e tentam responder a tudo na medida do possível e pode até dar certo, mas não se ela estiver muito alterada. Elevar o tom de voz é outro ponto impróprio que chamo a atenção para este caso.

As pessoas que falam bonitas coisas podem nos atingir diretamente no coração e nos fazer refletir, mas, de primeira instância, não é nada legal. Primeiro, a pessoa não encontra saída, exatamente por não ter motivos para brigar com quem diz isso. Pelo contrário, o efeito sai ao inverso: Brigamos com nós mesmos, exatamente por percebermos o quão errado estávamos. Todos já ouviram inúmeras frases e já leram textos que os motivaram, portanto, essa não é uma hora adequada para relembrá-los, pelo menos não de imediato, como já disse.

É importante ter em mente que muitos não gostam de contar seus problemas, portanto, respeite o sigilo que uma pessoa possa ter quanto a seu problema. Se ela não quer contar, é óbvio que este tipo de coisa não deve ser insistido.

Posso estar errado quanto a isso, mas o que penso é o seguinte: em primeiro lugar, por mais que a pessoa goste de ficar só nestes momentos, essa pode não ser uma boa solução. Sente-se ao lado da pessoa e tire o foco em que ela esteja, mesmo que você não saiba qual. Uma boa saída é sempre partir para o humor, alguma coisa inocente, infantil, algum acontecimento engraçado, às vezes até comparando sua infelicidade com alguma coisa não desagradável. Nada de piadas manjadas ou se fazer de engraçado. Também não comece contando sobre suas histórias trágicas ou sobre coisas ruins que lhe aconteceram. O que a pessoa precisa é de uma boa dose de auto-estima, não de mais pensamentos ruins.

Quando a pessoa der um sorriso, ou você perceber que ela já sente mais a vontade de conversar, aí sim é hora de dizer algumas palavras de ânimo, mas não exagere. Ouça, deixe-a falar algumas coisas, sem que seja pressionada. Isso é bom, pois alivia o coração e permite que a pessoa consiga reunir forças contra aquilo que luta. Depois, fica fácil conduzir, mesmo sendo com brincadeiras, histórias trágicas que se tornaram cômicas e até mesmo fazendo algumas perguntas. Isso varia de acordo com a situação.

Lembro-me, certa vez, numa noite de chuva, uma amiga minha, chorando, isolou-se da turma. No intervalo, resolvi sentar-me ao lado dela e logo soltei: “Isso não está certo! Chuva lá fora e chuva aqui dentro também? Precisamos mudar isso!”. Conquistei um sorriso e ganhei meu dia. Um ano mais tarde, os papeis se inverteram e ela fez o mesmo comigo. Só então, havia me dado conta o quanto aquilo era significativo.

Daí, pude concluir: O que adianta dizermos lindas palavras se a marca que deixamos em um coração entristecido não o faz renascer da escuridão em que ele se encontra? Se você conhece bem os pontos que precisa atingir, cativará uma pessoa e lhe deixará uma boa marca.

À Mayara, dedico este texto.

Uma ótima semana a todos.