Talvez, algum dia, você não esteja mais aqui para este conto ler. Quando acontecer, tarde demais há de ser.
Alguns litros de confiança e dois ombros para chorar, suficientes para tudo começar. Um pouco de desconfiança e o passado marcado em minhas costas, não puderam destruir minhas asas de esperança. Um parceiro, um sábio, um velho e um tolo, para juntos as trevas enfrentar.
Quando, enfim, pude acreditar que um dia poderia encontrar alguém tão diferente do mundo, que todas suas concepções fossem contrárias a ele, eis que de minhas mãos, por algo tão bobo, este viesse para, enfim, sequestrar e sua mente amaldiçoar.
E foi então que te perdi.
Naqueles velhos tempos, prometemos que nada nos derrubaria, que tudo de alguma forma, sei lá como, se ajeitaria. E se um precisasse o outro auxiliaria. Eu não acho justo que chegaria o dia em que um dos dois falharia.
E isso, acredite, machuca tanto.
Eram esperançosas nossas palavras de coragem e luta para mostrarmos quem éramos. Éramos, na amizade, o melhor dos sentimentos.
Éramos o antídoto para tanto veneno.
Lembro quão difícil foi conquistar cada parte até que pudesse ter seu coração por inteiro, mas na fraqueza, você se entregou, fácil e por completo.
Agora nem mais as palavras me restam. Eu poderia te dizer “fique forte”, mas temo que elas sejam levadas pelo vento, como tantas outras sopradas a destino algum, perdidas no tempo.
Eu fui um velho tolo, mas era o que também deveríamos ser, por crer em coisas banais que também fazem a vida, a pena, valer. Mas se é assim o que o destino escreveu, basta-me apenas me conter:
“É o meu caminho sozinho, novamente a se perfazer.”