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O aceno do ciclo 26

Um vento novo bagunça meus cabelos, enquanto vejo a mesma lua com um brilho diferente. Eu já esperava por este dia, desde aquele último, no ano passado. Como todos, paro de súbito para refletir tudo o que passou. Eu posso ser o mesmo, mas meus pensamentos variaram um pouco. Tanta coisa se passou desde então.

Como tudo mudou de um ano para o outro. Primeiro, a ordem era derrubar todos os inimigos que assim fizeram comigo, depois, ter uma nova visão de tudo. Parecia que estava renascendo tudo em mim e o resultado foi uma balança assustadoramente positiva, tão diferente da primeira.

Nascer na primavera tem lá suas vantagens, pois é o tempo de renascimento. Não tenho do que reclamar, a vida me presenteou de tantas formas que fica difícil escolher apenas um momento bom. Rememorar todos aqueles que por mim cruzaram é mágico. O que aprendi não está escrito. É uma pena que tantos outros desembarcaram. Na esperança, despeço com um aceno de até breve.

Levo de tudo isso uma esperança de que sempre que queremos, algo pode melhorar. É claro, a vida nunca é fácil, mas por favor, não tente pensar muito sobre isso. O medo faz parte de todo amadurecimento.

Bem, eu continuo. Olhar pra trás e seguir sem meus velhos erros. O que é bom continua? Talvez. Talvez cometer novos erros seja bom, quem saberá se não arriscarmos? Tentar algo diferente é bom para o ego e para a alma. Não tem como adivinhar. Valerá a pena? Eu não sei.

O que eu sei é que qualquer estrela que eu queira poderá fazer parte do meu caminho. Elas sempre serão bem-vindas em minha vida. O que importa é ser feliz, sendo quem sou e sem me importar com o que vão dizer. E quer saber? Todo mundo tem o direito de ser feliz a sua maneira, não cabe a ninguém repreendê-las. Talvez, essa seja a nova ordem. Ser feliz é o que importa agora.

Carta a quem um dia esteve

Talvez, algum dia, você não esteja mais aqui para este conto ler. Quando acontecer, tarde demais há de ser.

Alguns litros de confiança e dois ombros para chorar, suficientes para tudo começar. Um pouco de desconfiança e o passado marcado em minhas costas, não puderam destruir minhas asas de esperança. Um parceiro, um sábio, um velho e um tolo, para juntos as trevas enfrentar.

Quando, enfim, pude acreditar que um dia poderia encontrar alguém tão diferente do mundo, que todas suas concepções fossem contrárias a ele, eis que de minhas mãos, por algo tão bobo, este viesse para, enfim, sequestrar e sua mente amaldiçoar.

E foi então que te perdi.

Naqueles velhos tempos, prometemos que nada nos derrubaria, que tudo de alguma forma, sei lá como, se ajeitaria. E se um precisasse o outro auxiliaria. Eu não acho justo que chegaria o dia em que um dos dois falharia.

E isso, acredite, machuca tanto.

Eram esperançosas nossas palavras de coragem e luta para mostrarmos quem éramos. Éramos, na amizade, o melhor dos sentimentos.

Éramos o antídoto para tanto veneno.

Lembro quão difícil foi conquistar cada parte até que pudesse ter seu coração por inteiro, mas na fraqueza, você se entregou, fácil e por completo.

Agora nem mais as palavras me restam. Eu poderia te dizer “fique forte”, mas temo que elas sejam levadas pelo vento, como tantas outras sopradas a destino algum, perdidas no tempo.

Eu fui um velho tolo, mas era o que também deveríamos ser, por crer em coisas banais que também fazem a vida, a pena, valer. Mas se é assim o que o destino escreveu, basta-me apenas me conter:

“É o meu caminho sozinho, novamente a se perfazer.”

Shakira luta contra o vento

A apresentação faz parte da Oral Fixation Tour da colombiana.