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O romance de antigamente

Família reunida no churrasco. Papai assando aquela carne deliciosa, enquanto mamãe preparava a mandioca e o molho a campanha. Enquanto curtíamos o violão de nosso primo cantor e esperávamos por aquele pão de alho quentinho, conversávamos animados ao redor da mesa.

Depois de meu pai ter dado um susto no gato que havia derrubado as panelas de mamãe, muitos começaram a falar como era o relacionamento de cada um, quando resolvi perguntar à vovó como ela conheceu meu, hoje falecido, avó. Então, ela começou a contar.

“Nós vivíamos numa cidade pequena, onde nossa única diversão era dar voltas e voltar pela praça do centro. Não havia outro lugar que ficasse cheio na cidade. Na verdade, não havia outros lugares na cidade. A iluminação daquela praça era bonita, a fonte ainda funcionava e a estátua e as paredes não eram pichadas. Eu namorava Genóbio, um moço bonito que era muito paquerado pelas moças”.

“Gente, vocês viram o tanto que a Tereza engordou?”

PLOFT! Este foi o barulho da cara de minha prima levando um tomate pesado, após ter interrompido minha avó, sendo atirado por alguém na mesa (que ninguém sabia ao certo quem era).

– Yes! – comemorei baixinho, pra ninguém perceber que havia sido eu.

Após o olhar de recriminação de minha avó, seguido de uma risada alta, acompanhado da gargalhada de todos que estavam na mesa, vovó voltou a contar, de forma séria, sua história.

“Então, um belo dia, resolvi fazer vai-e-vem na praça. Vai-e-vem era quando todas as garotas do colégio desciam a rua, enquanto todos os garotos ficavam nos olhando nas calçadas, pensando quem eles gostariam de namorar. Menina, desce dessa mesa que você vai cair…”

Uma de nossas primas crianças estava dançando funk sobre a mesa, sem ao menos ter música. Puxamos a pobre garota de forma que ela caísse no chão.

“Então, seu avô, que era muito bonito, veio falar comigo, perguntando se eu queria tomar um sorvete na praça. Dias depois, Genóbio, com uma voz fina, que engrossava e depois afinava, veio chorando para meu lado:

– Você gosta dele! Você vai se casar com ele!

– Claro que não! De onde você tirou isso?

Olhei Genóbio de cima a baixo e vi como ele era feio e entendi porque nenhuma garota queria ele”.

Após ela dizer isso, todos na mesa ficaram assim:

Gringos 'roubam' meme da vilã Nazaré Tedesco e Twitter brasileiro ...

Inclusive a própria Nazaré, que não parava de ouvir a minha avó.

“Seu avô e eu começamos a namorar, mas escondidos, pois o pai dele não gostava de mim, pois eu era pobre e o pai dele achava que a pobreza era lixo. Eu era uma simples empregada doméstica, nos meus 17 anos. Mesmo assim, seu avô não desistiu de mim”.

Então, meu primo puxou o violão e começou a cantar:

Todos ali na mesa cantaram com ele. Continuamos a comer carne, comentando a história da vovó e como Genóbio estava certo, visto que ela se casou com meu avô, dois anos após começarem a namorar. Então, surgiu uma dúvida na mesa.

– O que aconteceu com Genóbio?

– Quem? – Minha avó perguntou.

– Genóbio, o cara que a senhora dispensou?

– Quem é Genóbio? De quem vocês estão falando?

E foi assim que jamais soubemos o destino do pobre Genóbio.

Naquele café

Frente a meu espelho, um sentimento estranho me bate. Um filme antigo se passa de leve em minha cabeça. Não, não parece que tudo se esqueceu. Ainda tenho vagas lembranças. Foi uma breve história, porém intensa e romântica. Hoje, apenas uma brisa amena que não mais me incomoda. 

Hoje, começo uma nova história. Não é estranho que, mesmo sendo a mesma pessoa, nem todos gostam de você? Lembro que era assim. Esse meu jeito simples não agradava aquela velha história que acabara de contar. Agora não. Sou o mesmo para outro alguém que vê com bons olhos quem vejo agora em meu espelho. 

Sabe essa música que está tocando? Ela toca em meu coração. Você a entende? E se eu te dissesse que nem sempre foi assim? Quando antes, em outro relacionamento, era comum eu ouvir coisas tolas sobre ela. Será que era tão difícil de entender o que sinto? Será que era tão difícil de entender que algo sinto? 

Combinamos de ir a um café para conversar. Imagino que você chegaria atrasado, mas não. Você me espera com um belo sorriso e se põe de pé ao me ver cruzar aquela porta. Sento-me ao seu lado e sou contagiado com essa sua alegria. Parece tão bobo, mas não sabe como me faz bem um pequeno gesto desse. Era a primeira vez que eu passava por momentos assim, tão belos. Tão singelos gestos que poderiam melhorar todo um dia. E eu não sei se você pode percebê-lo. 

Você me fala sobre sua família, sobre seu cachorro, sobre seus sobrinhos. Você me conta um pouco sobre sua vida e se interessa em descobrir a minha. Rimos por tantas coisas sem importância e isso me faz tão bem. 

E eu sei que pareço um pouco tímido, mas aquela situação é nova para mim. Ter alguém que possa se importar com algo que achava ser tão banal, pois me habituei a isso. Era assim no meu antigo relacionamento. Nada do que eu dizia parecia importante. Era um gesto egoísta, que só pude entender agora. Acreditava ser algo tão comum. Eu me perguntava: “Que droga! Por que relacionamentos são tão chatos e egocêntricos?” 

Mas você me mostrou que havia flores nesse jardim tão mal cuidado. Vi um pequeno botão se transformar num lindo girassol de esperança. Você se importa com o que eu dizia, você se importa com minhas aflições, você se importa em me ver sorrir. 

E nossos momentos me fazem tão bem que não quero que terminem tão rápido. Você me acompanha até o carro para que tudo se prolongue por alguns minutos. Você demora a se despedir. Quando nossos olhares se desencontram, vem-me, como um furacão, aquele sentimento de parar tudo e correr a seus braços e lhe abraçar para recuperar todo aquele tempo que perdi. Agora eu posso dizer, com toda a sinceridade, que aquele tempo ruim passou. 

Acreditei durante aquele tempo que a única coisa que o amor fazia era partir, queimar e acabar com nossos corações. Mas, foi depois que te encontrei naquele café, que vi que eu poderia recomeçar.

Créditos

Música de inspiração: Begin Again (Taylor Swift)

Imagem de destaque: Designed by ArthurHidden / Freepik

Que seja bom pra nós

Algo vem me despertar de um sonho bom que tive contigo. Olho para minha cama gigante e passo a mão num lençol frio e amarrotado. Meus olhos vão se abrindo lentamente à sua procura. Ao vencer a preguiça, finalmente, olho para o lado e me encontro sozinho, com os pés gelados. O cobertor está jogado no chão e lá fora chove. Levanto-me, vou à janela e vejo as gotas de orvalho escorregar pela vidraça. Ponho a mão e meu rosto contra aquela parede transparente que me separa do exterior de minha habitação. Minha mente viaja por um instante. Não, eu não devo partir.

Talvez fosse esta mais uma história de solidão, mas meu olfato sente o doce odor de um café sendo preparado. Meu sorriso se reflete naquela janela e o calor abraça meu corpo. Ouço gavetas se abrindo e talheres tilintando ao longe. Saio do quarto e fico ali, à espreita, observando quem abraçou minha solidão. Sorrio novamente, e, dessa vez, a imagem de alguém sorrindo reflete em meu coração. O mesmo sorriso que me despertou de uma lágrima, vestido com tão poucos trajes, preparando aquela bebida escura e amarga.

Devagar, me aproximo. Envolvendo aquele corpo num abraço, enquanto beijo sua nuca. Recebo novamente seu sorriso enquanto uma torrada nos é preparada. O silêncio não foi quebrado. O que nem era preciso, pois nossas almas se conectavam ali e um sabia o que no outro faltava.

E eu fiquei ali, sentindo seu cheiro, me perdendo em meus pensamentos, quando ainda éramos isolados pelo mundo. Você ali, sob o sol escaldante, o rosto sujo e o corpo suado e marcado pelas mentiras de quem um dia prometeu ser. Suas asas caídas e feridas não te permitiam mais voar.

Eu, em minha bondade, sentei-me ao seu lado e lhe disse algumas palavras. Alguma luz em mim me fez tocar seu coração. E você apenas me ouviu, com sua paciência. Eu nem sabia porque estava dizendo aquilo, mas sabia que era algo que você precisava ouvir. Pela primeira vez, você entendeu que sua asa quebrada não era sua culpa. E seu coração, tão quieto, me agradeceu.

Mas antes que seus lábios pudessem se mover, eu já estava de pé, caminhando para longe. Você, com o dom que alguém jamais teve, me viu de mãos dadas com minha solidão.

E você não me deixou partir.

Levantando-se em sua paz renovada, seguiu-me, cuidando de mim por alguns instantes. Quando me dei conta, estávamos frente ao outro, trocando um olhar sereno. E, no meio da multidão, naquela avenida barulhenta e lotada por pessoas sem cor, se fez nosso primeiro abraço. O que era breve, nos pareceu eterno.

Tomamos um café, trocamos nossos telefone, jantamos juntos. Dançamos muito naquela noite. Nunca mais nos separamos. Meu pensamento retorna, mas meu corpo continua ali, parado, sentindo seu cheiro e seu sorriso.

Vamos para a mesa de café e nos sentamos. “Como foi seu dia?” quebra nosso gelo. A conversa era animada e a refeição estava deliciosa. Nossas mãos esquerdas, onde reluz um pequeno aro dourado, se encontram. Se o tempo se abrir, será um belo dia para um passeio no parque.

Algo me veio despertar naquela manhã fria de domingo. Eu estava só na minha cama gigante e amarrotada. Procurei por você e não te encontrei. Mas você estava ali, na cozinha, preparando nossa primeira refeição. Não, não mais havia solidão. O que havia era apenas o caminho que nós dois escolhemos ser.

Não me machuca mais

Quando começamos a analisar uma situação por outra perspectiva, passamos a nos tornar mais racionais. Nossos olhos se abrem e, antes que o coração interfira, entendemos como uma relação passada teve bons e maus momentos e que durou o tempo certo. Saber que tudo tem seu fim é aceitar de forma madura que somos capazes de sentir, de nos impormos limites e de dizer, de cabeça erguida, que nem tudo foi feito para nós. E, assim, podemos seguir em frente e abraçar com afinco a nossa próxima jornada.

Olá, você se lembra de mim? Já faz algum tempo que nosso amor terminou. Claro que chorei, gritei, senti saudades e odiei seu nome. Por fim, os sentimentos se perderam. Voltei a viver. Acredito que tenha acontecido o mesmo com você.

Há algumas semanas, brincando com minhas memórias, lembrei-me de nossa história. Não, não estou pedindo um retorno, mas acho engraçado – e estranho também – de quando dizíamos que era tudo tão perfeito entre nós, quando prometíamos a eternidade ao outro, quando, com a voz manhosa, declamávamos o amor recíproco de outrora.

E aí, sem qualquer preparo, o destino rumou, distintos, nossos caminhos. O “nós” tornou-se o “eu e você”, distantes. Nossos corações não mais palpitavam em sincronia. Estranhos aos olhos do outro, partimos. Por um tempo, doeu. Depois, a solidão, apeteceu.

Embora nunca haja um porquê – ou assim o preferimos – tudo se acabou. Passamos a procurar novamente a nossa felicidade, pois ali já não mais cabia. Agora somos apenas história, de outras pessoas em outros lugares, de novos trilhos.

Eu só queria dizer a você uma última coisa. Lembrar-lhe como foi incrível estar ao seu lado. O que aprendi é algo que levarei pela vida. Eu aprendi a ouvir e respeitar você pelo tempo bom que tivemos. Os ruins se esvairão como a poeira, que não faço questão de carregar nem sob a sola dos meus sapatos.

Agora, finalmente posso partir, deixando para trás todos os meus rastros. A vida continua, independente de quem esteja comigo. A alma às vezes nos suplica que abandonemos aquilo que ela guardou tão profundamente, por isso dói tanto arrancá-lo dali. Mas, como as feridas, a alma se cicatriza e se permite pronta para a próxima. E a minha está.

Findo aqui, nesta carta, mais uma página, que o vento haverá de soprar.

Um Gesto Qualquer

Contrário ao velho ditado “Antes só que mal acompanhado”, ouço de minha prima que “a gente se acostuma a viver com a pessoa que está”.

Relacionamentos vazios, implantando a rotina, tornam-se normais. O que importa de verdade?

Conto-lhes o que a esta disse certa vez que, frustrada em meu ombro direito, pôs-se a reclamar por estar com alguém que pouco lhe despendia atenção.

Reflita comigo: Estou em um relacionamento agradável?

Olhe seu parceiro neste instante. Qual seu papel? Qual sua prioridade? Futebol, sexo e filmes de ação são as únicas coisas que lhe importam?

Solidão te impõe medo? Essa relação deveria te assustar mais. Quantas noites mais você pretende aguentar?

Você se queixa e sempre das mesmas coisas, todos os dias. Ele apenas “dá de ombros”. “Calma” e tudo volta ao normal. E assim, segue…

Você não o ama de verdade, você apenas se submete às suas vontades. Ele te dá carinho e o amor para conseguir o que quer. Quando não importa mais, você lhe abre um sorriso e lhe pede que estenda uma mão. Mendiga um gesto qualquer que ele ignora. Nada lhe importa mais. Talvez te procure amanhã para mais do mesmo.

Entenda sua situação e não se humilhe. O papel de um não pode ser apenas provisão. Respeito, cumplicidade, companheirismo. Ei, você sabe o significado dessas palavras?

Agora, me responda: É isso mesmo o que você quer para toda uma vida?

Frases de Reflexão

“Nunca diga que a vitória está perdida, pois são de batalhas que se vive a vida”

“A dúvida é um dos nomes da inteligência” – Jorge Luis Borges

“Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”

“Na amizade, não importa a quantidade, mas sim a qualidade”

“Tudo o que é bom dura o tempo necessário para ser inesquecível” – Fernando Pessoa

“Somos a resposta exata para aquilo que perguntamos”

“Bom de briga é aquele que cai fora” – Adoniran Barbosa

“A cada minuto que passamos com raiva, perdemos 60 felizes segundos” – William Somerset Maugham

“Tudo o que, um dia, você sonhou, num piscar de olhos pode acontecer. A vida repentinamente muda para quem acredita” – Rouge (modificado)

“Nunca é tarde para recomeçar e é sempre cedo para desistir”

“Que Deus te dê em dobro o que você desejar ao próximo”

“Viva cada dia, intensamente, como se fosse o último, porque um dia poderá ser”

“Se você ama uma pessoa que te faz sofrer, faça dela uma música. Você ouviu, gostou e hoje enjoou”

“Se não veio para ajudar, não atrapalhe”

“A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena” – Seu Madruga

“As pessoas não se tornam especiais pela forma de ser ou agir, mas sim pela profundidade que atinge nossos sentimentos”

“Nunca deixe que a saudade do passado ou o medo do futuro estraguem a beleza do hoje, pois há dias que valem um momento que valem por toda a vida”

“Chorar uma dor do passado no presente é criar outra dor e chorar novamente”

“Quem come e não reparte nada, fica com a barriga inchada” – Chaves

“As pessoas boas devem amar seus inimigos” – Seu Madruga

“Não ligue se rirem de você, pois o riso é a maior homenagem que um idiota presta a um gênio”