O dia foi péssimo, você fica mal e a primeira coisa que você sente é raiva ou tristeza, quando não as duas juntas. Alguns se isolam, outros preferem gritar para Deus e o mundo e outros tentam descontar na primeira coisa que veem. E aí, alguém, querendo ajudar, senta-se ao seu lado e fazem aquela típica pergunta: “aconteceu alguma coisa?”. Obviamente, você não está com cabeça para responder.
Quando uma pessoa quer ajudar, mesmo que as intenções sejam as melhores, nem sempre conseguem ir pelo melhor método. As duas coisas mais comum que vemos, são pessoas que nos enchem de perguntas e outras que nos dizem palavras maravilhosas.
Pessoalmente, o primeiro caso, para mim, é o pior. Quando uma pessoa está neste estado, a última coisa que quer é falar alguma coisa, quanto mais responder inúmeras perguntas. No estado em que ela se encontra, tudo fica confuso e ela briga com si mesma para por todas as coisas no lugar. Algumas ainda respiram fundo e tentam responder a tudo na medida do possível e pode até dar certo, mas não se ela estiver muito alterada. Elevar o tom de voz é outro ponto impróprio que chamo a atenção para este caso.
As pessoas que falam bonitas coisas podem nos atingir diretamente no coração e nos fazer refletir, mas, de primeira instância, não é nada legal. Primeiro, a pessoa não encontra saída, exatamente por não ter motivos para brigar com quem diz isso. Pelo contrário, o efeito sai ao inverso: Brigamos com nós mesmos, exatamente por percebermos o quão errado estávamos. Todos já ouviram inúmeras frases e já leram textos que os motivaram, portanto, essa não é uma hora adequada para relembrá-los, pelo menos não de imediato, como já disse.
É importante ter em mente que muitos não gostam de contar seus problemas, portanto, respeite o sigilo que uma pessoa possa ter quanto a seu problema. Se ela não quer contar, é óbvio que este tipo de coisa não deve ser insistido.
Posso estar errado quanto a isso, mas o que penso é o seguinte: em primeiro lugar, por mais que a pessoa goste de ficar só nestes momentos, essa pode não ser uma boa solução. Sente-se ao lado da pessoa e tire o foco em que ela esteja, mesmo que você não saiba qual. Uma boa saída é sempre partir para o humor, alguma coisa inocente, infantil, algum acontecimento engraçado, às vezes até comparando sua infelicidade com alguma coisa não desagradável. Nada de piadas manjadas ou se fazer de engraçado. Também não comece contando sobre suas histórias trágicas ou sobre coisas ruins que lhe aconteceram. O que a pessoa precisa é de uma boa dose de auto-estima, não de mais pensamentos ruins.
Quando a pessoa der um sorriso, ou você perceber que ela já sente mais a vontade de conversar, aí sim é hora de dizer algumas palavras de ânimo, mas não exagere. Ouça, deixe-a falar algumas coisas, sem que seja pressionada. Isso é bom, pois alivia o coração e permite que a pessoa consiga reunir forças contra aquilo que luta. Depois, fica fácil conduzir, mesmo sendo com brincadeiras, histórias trágicas que se tornaram cômicas e até mesmo fazendo algumas perguntas. Isso varia de acordo com a situação.
Lembro-me, certa vez, numa noite de chuva, uma amiga minha, chorando, isolou-se da turma. No intervalo, resolvi sentar-me ao lado dela e logo soltei: “Isso não está certo! Chuva lá fora e chuva aqui dentro também? Precisamos mudar isso!”. Conquistei um sorriso e ganhei meu dia. Um ano mais tarde, os papeis se inverteram e ela fez o mesmo comigo. Só então, havia me dado conta o quanto aquilo era significativo.
Daí, pude concluir: O que adianta dizermos lindas palavras se a marca que deixamos em um coração entristecido não o faz renascer da escuridão em que ele se encontra? Se você conhece bem os pontos que precisa atingir, cativará uma pessoa e lhe deixará uma boa marca.
À Mayara, dedico este texto.
Uma ótima semana a todos.