- Reaja! Você é capaz de erguer a cabeça e seguir. Seja guerreiro. Você pode se rebelar.
(…)
“Reaja!”. Essa frase me motivou a sair daquele chão frio, mesmo não sabendo de quem era. A liberdade estava próxima. Poucos passos e logo estaria longe dali.
Mas não posso sair. Há uma guerra ali dentro. Devo ficar e ajudar, devo me redimir de todo mal que fiz, transformando todos esses lacaios do poder em homens de bem. Fazer o mal é muito fácil, fazer o bem e se preservar deste lado, não. Entretanto, voltei à luz e eles também podem. Devo voltar.
Posso morrer. O que fazer? Essa dúvida machuca meus pensamentos, fere meus sentimentos. E se eu sair dali e ele me alcançar novamente? Ele, o mal. Sinto o gosto da liberdade que, todavia, se mostra a cada minuto mais distante. Sei que esse é um mal que nunca parará. O que fazer? Sou parte desse sistema, devo ser parte de sua destruição também!
Quando toda a guerra acabar, tudo voltará a ser o que era antes. Um poder, vários em seu poder. Não posso fugir desse controle. Não posso ter essa liberdade. Não apenas eu.
Sinto-me fraco para continuar, sinto-me em dúvida. Fui cruel. Não devo tomar minha liberdade. Perdi minha alma, perdi meu caráter.
“Não pense assim!” – dizia a mesma voz de antes, agora em matéria.
“Você não está só, você não perdeu sua alma. Seu arrependimento é válido. Aqueles homens foram consumidos pelo poder. Se você foi capaz de se libertar disso, eles também podem!
Vê, atrás de você? Quantos ali não perceberam o mesmo. Estão ensanguentados, com frio. Preferiram a liberdade. Compreendeu que todos merecemos respeito por igual, não vivermos em uma hierarquia de poder. Eles são jovens sedentos por liberdade e esperançosos por um futuro melhor.
Assim como eles, você ainda tem muito a provar. Já provou o gosto de sangue e fome desta terra, agora deve sentir o frescor da brisa e da água pura.”
Ele me mostra suas cicatrizes.
“Eu já fui um de vocês e os estive observando. Ajudei quem fosse preciso, como ajudei você. Fiz o que você almejou, recusando minha liberdade. Alguns são ingratos e acreditam que somos todos egoístas, que somos todos iguais, que somos todos maus, que não queremos ajudar ninguém. Nem todos somos assim. Somos ainda o que chamam de ‘a esperança da humanidade’ e assim que continuaremos a agir.
Por isso, vá! Vão. A liberdade os espera. Vocês têm muito a crescer, muito a ver. Acompanhem seus filhos, cuidem de suas famílias, preservem seus amigos, pratiquem o bem e a solidariedade. A vida é bela para continuar desperdiçando. Não sejam mais escravos de nada ou ninguém. O mundo ainda acredita em pessoas boas como vocês. Sejam a alegria, a felicidade, a verdade, a vida.
Espalhem coisas boas para o mundo. Não sejam escravos da maldade só porque muitos são assim. Não façam o mesmo que os tolos só porque é divertido. Tenham caráter, tenham moral. Tenham uma vida digna e plena, sem se preocuparem em recompensas. Sejam os verdadeiros humanos.
Vocês podem fazer este mundo ser o que quiserem.”
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