Arquivo da tag: não

Sonhos Desvanecentes

Parece até piada, eu me vejo e não entendo quase nada. Aonde foi que me perdi do meu destino? Aonde foi que me deixei estacionado? Eu ainda estou tentando entender se está acontecendo mesmo ou se só estou me vendo sob outra perspectiva, enquanto você olha pra mim e faz de conta que não há nada torto. E só eu me sinto assim, nem sei há quanto tempo. 

Eu me lembro dos nossos passeios. O mesmo hambúrguer todo mês, naquela lanchonete que a gente costumava ir. E, depois, pegar o carro e sair por aí sob o pôr do sol, vendo o céu totalmente laranja enquanto a gente escutava uns ‘rock bem loco’ pra curtir como nunca. Tudo seguia bem. 

Planejávamos cada momento importante que iríamos viver, dividíamos nossos sonhos em cada amanhecer. Eu te contava meus medos e você me olhava nos olhos, me acalentava com seu sorriso depois me beijava os lábios pra me fazer mais forte. E como eu me sentia? Leve como pluma. 

Éramos tão perfeitos juntos que um dia resolvemos contar pra todo mundo o ‘você e eu’. O ‘Sim’ aconteceu. Assim como os cafés de todas as manhãs, as caminhadas do fim da tarde e os beijos pela noite. A gente perdia um tempão ali embaixo das cobertas. Mas o tempo que a gente perdeu, foi realmente o tempo que perdi. 

Mas aos poucos, o ‘sim’ virava ‘não’. O ‘não é você’, o ‘não sou eu’, o ‘não quero estar aqui’. Eu via todos os nossos sonhos e planos se desmancharem pouco a pouco e você parecia nem se preocupar. Nenhuma das minhas palavras importavam, você fingia que me ouvia e, depois de um tempo, nem isso mais. Até minhas atividades precisei parar de fazer com tanto tom de ameaça implícito em suas palavras ditas de forma tão doce. E você nega, mas eu sentia todo um boicote em minha felicidade por trás de cada ‘eu te amo’ que você me falava. O ‘eu’ ia deixando seus rastros pelo caminho até se perder por completo. 

Não, você não é a mesma pessoa, talvez tenha sido assim o tempo todo e eu não percebia por estar cegamente apaixonado. Estou aqui perdendo um tempo precioso deitado em seus braços, quando eu deveria estar lá sendo feliz comigo mesmo, mas não! Preferência ou desespero? Eu só sei que há tanto lá fora, mas estou aqui preso naquilo que insisto em chamar de sossego. Talvez, mais cedo, eu tivesse fugido daqui, mas tenho me estranhado tanto nesses últimos meses, que eu nem sei se seria capaz de fugir da pessoa que você me tornou. 

Sugestão do conto:

Foto de John Diez no Pexels

Roads Untraveled

Deparo-me com um amigo, deitado às sombras de uma grande macieira, olhos vermelhos, lágrimas no rosto. Ignoro meus problemas por um instante, pois este precisa de mim. Ele fora machucado.

Soldado  numa batalha que todos enfrentamos, este rapaz, meu melhor amigo, faz o tipo romântico, jeito raro em dias presentes. Flores, chocolates, passeios de mãos dadas por bosques, serenatas com violão, jantares a luz de velas com músicas românticas, fazem parte de seu generoso estoque de munição.

Esse meu amigo foi pego pelo amor há mais de dois anos, por uma bela ruiva de cabelos cacheados. Era mais velha, mas correspondia a seu amor. Os dois tiveram uma linda história de amor por esse tempo.

Confesso que, por ser meu melhor amigo, sentia certa ponta de ciúmes. Aquele tempo, antes dedicado a mim, fora partilhado e reduzido a ponto de eu ser apenas uma opção em sua amizade. Mas, respeitei, afinal não era sempre que ele encontrava alguém, também pelo fato de ser tímido.

Quem via de fora, imaginava que tudo estava bem. Quem estava por dentro, sabia que existiam seus problemas, mas nada fora do normal.

Entretanto, o tempo foi passando e ele fora descobrindo coisas terríveis. A garota não era tão boa e não correspondia da mesma forma. Ele tentara salvar seu namoro, imaginando que fosse algum problema com ele, mas não era. O problema era ela.

Traição, mentiras, omissões. Aos poucos, o garoto sentia seu coração se partir cada dia mais. Ele chorava, sentia-se mal, não acreditava que tudo aquilo poderia estar acontecendo a ele, um garoto romântico que fazia de tudo por ela.

Um dia, ainda apaixonado, ele resolveu terminar. Ela, apenas continuou a seguir sua vida, com outros caras, sem se importar com o amanhã.

Hoje, encontro-o ali, baixo àquela árvore, chorando, mesmo 3 meses depois. Eles nunca mais trocaram uma palavra, mas a garota continuava a seu coração.

“Amigo, não chore!

Não chore por caminhos que você nunca andou, não chore por aquilo que sempre tentou. Você deu o melhor de si mesmo, foi romântico, respeitou e foi sincero. Ela nem deu a mínima. Sei que esse é o pior tipo de dor que existe, quando você se entrega e não tem o mesmo retorno que espera.

A vida é injusta, sim! Mas pessoas maravilhosas como você estão tentando fazer deste, um mundo melhor. Nunca pare de tentar! Algum dia, você encontrará alguém para partilhar seu coração.

Não é porque uma pedra te derrubou algum dia que você tomará cuidado sempre em todo seu caminho. Quem sabe, algum dia, essa pedra não se torne sua aliada.

Desista desse seu coração quebrado e deixe os erros passarem, aprenda a perdoá-los e traga-os como um aprendizado. O amor que você perdeu não vale uma lágrima, não deve valer um pensamento seu, não vale tudo aquilo que te custou. Algum dia, você será grato pelo que passou.

Talvez esse amor que você sente aí dentro nunca acabe. Independente disso, sempre que você precisar, saiba que estarei aí, sentado a seu lado. Para te dar forças.

Algum dia, você será compensado pelo bom coração que tem. Só nunca o perca!”