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Sarah Smiles

Um pequeno cigarro de palha em minha boca, quase a seu destino. Ela em seu cavalo a trotar (imagine uma tão bela mulher em seu vestido provocante). Eu, bota, calça, uma fivela e meu chapéu de cowboy. Puxo meu cavalo e vou.

Essa é Sarah. Ela me notou, deu um sorriso, mas insistia em seu trote. Por onde ela ia, eu seguia com minha montaria.

Com seu olhar, me provoca. Uma corrida a galope é tudo que ela me pede em seu sorriso. Retribuo com o meu. Seu quadrúpede aumenta a velocidade e me faz ter a mesma reação. “Oah! Pangaré, que essa donzela vai ser minha”.

Sarah é o tipo de mulher que quer os homens a seus pés. Todos a seus pés e ela aos de ninguém. Dona do própria destino e detentora do mais belo e provocante sorriso. Essa é Sarah, tão frágil quanto um coice de mula.

Eu, que me importava com minha própria vida, sentado na varanda de casa, esperando o céu cair, mudei o rumo da própria prosa, quando subitamente, apareceu. Meu destino está com ela, mesmo que ela ainda não saiba.

Sarah me desafia com o rastro de poeira e adentra num daqueles Saloons de faroeste. Todos sabem que ela gosta de dançar e beber mais que qualquer xerife destas terras sem lei.

Ela e suas amigas estão agora no balcão, dançando sem pudor. Amarrei meu velho amigo ao lado do dela e não pude deixar de notar todos aqueles pistoleiros hipnotizados por sua estonteante beleza. Todas eram maravilhosas, mas o sorriso de Sarah tinha um “Q” especial.

Sarah sabe provocar. Dá-nos uma piscadela, salta do balcão e me puxa para um beijo. Tudo tão rápido que só me dou conta quando, em meio a palhas, sou rodeado com tantos olhos masculinos de inveja. Ela já não está mais naquela taverna. E, obrigado a correr, para não ouvir o grito daquelas pistolas farejadoras de sangue.

Ah, Sarah! Continue a me provocar. Meu destino está com você. Algum dia seu sorriso estará preso a meu laço e estaremos de volta para casa no galope de um mesmo cavalo.

Firework

Hoje acordei com mais uma missão: ajudar um grupo de pessoas abaladas pelo mal da sociedade: o julgamento. Ela não é feliz e quer que nenhum ser vivente seja. Mesmo que deem o seu melhor, sempre haverá algo de errado. Entenda: o erro está neles.

Quanta gente. Nenhuma alegria. Esses olhares tristes me dão certo frio na espinha.

“Vocês estão todos aqui pelo mesmo motivo?” – Perguntei.

A resposta foi única: Não! Cada um alegava uma dor diferente.

  • Minhas amigas são todas magras, saradas, enquanto estou 25kg acima de meu peso. Não consigo um namorado e todos me apelidam de algum animal pesado.
  • Tenho apenas 9 anos e tenho câncer. Meus colegas de escola têm medo de se aproximarem de mim, pois não querem se contagiar com minha doença incurável.
  • Todos os homens da minha família são bem-sucedidos. Eu não. Meu carro é antigo, ganho um salário que mal paga minhas contas, tenho quase 40 e não me casei.
  • Sou gay. Perdi meus amigos quando me assumi, minha família mal fala comigo e os que ainda tentam, dizem que devo me curar, se eu quiser ser salvo ou se eu não quiser apanhar pelas ruas.
  • Sou negra. Tratam-me como uma escrava, como um ser inferior. Já tentaram me estuprar, dizendo que eu vim a esse mundo apenas para servir.
  • Minhas tatuagens e meus piercings não me permitem arrumar um bom emprego, tratam-me como um criminoso, mesmo que minhas atitudes sejam executadas pensando no bem do próximo.

Eram problemas diversos, mas todos provindos de uma mesma razão: a sociedade não os aceitava por serem diferentes. Pressão, por não estarem num padrão. São tantas palavras ruins que é impossível não se sentirem como um frágil castelo de cartas, facilmente derrubado com um sopro.

Com alto e bom som, iniciei meu discurso:

“Prestem atenção no que tenho a dizer! Vocês estão se permitindo afundar num mar de sangue e lágrimas que lhes puxam sem qualquer piedade. Tem sido uma luta difícil com tantos obstáculos, já presentes numa velha rotina. Precisamos sair disso, juntos!

Fechem seus olhos. Tudo está tão escuro, não é? Se vocês repararem bem, perceberão um pequeno ponto de luz, ao longe. Caminhem até ele, façam-no crescer até que sejam capaz de senti-la.

Todos aqui tem algo especial que o torna único. Talvez você ainda não tenha descoberto qual o propósito de seguirem por essa jornada. Eu sugiro que tentem, quebrem mais a cara, arrisquem-se mais. Talvez vocês percam a fé por ser algo tão trabalhoso e não verem um resultado tão breve, mas sei que cada um de vocês aqui hoje, começando pequenos ou não, vão surpreender cada pessoa que teve a audácia de julgá-los, de desacreditarem e dizerem que foram fracos.

E quando vocês reencontrarem a fé, esse pequeno ponto os envolverá. Esse pequeno ponto é a luz que os faz brilhar, que os faz pessoas melhores, que os faz olharem nos olhos de cada um e dizer: eu sou capaz, eu sou vitorioso. E essa luz, brilhando em você, se explodirá no céu, como fogos de artifícios, admirando a todos esses olhos que não fizeram parte de sua luta.

Agora vão! Lutem! A vida é muito curta para vocês lamentarem seus fracassos. É hora de se desafiarem, é hora de conquistar seus troféus, é hora de vencerem.”

À sociedade julgadora, um apelo: vamos parar com as críticas e elogiar mais, ajudar mais, olhar o que há de melhor nas pessoas e fazer desse um lugar melhor para viver? Reflita sobre esses atos. Eu acredito que possamos mudar e fazer a diferença, então: vem comigo. Vamos limpar essa bagunça que deixamos em nossos quartos.

As leis no Brasil não tem eficácia!

Se em algum estranho dia dessa vida, alguém conseguir ligar o carro com um canudinho, por favor, me avisem!

Fonte: Jornal ESTV