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Best of You

Ei, eu sei que errei, mas será que eu posso te pedir apenas um minuto de atenção?

Lá se vai partindo o idiota novamente que fica aqui, com as próprias palavras, se arrependendo de uma ação impensada, mesmo depois de tanto tempo. Sim, esse sou eu, sendo obrigado a recomeçar mais uma vez.

Perfeição. Tá aí uma palavra distante de mim. Errei e acabei machucando seu coração.

Ei, mais peraí. Antes de partir, me sinto carregar a obrigação de te dizer algo. Essa sua lágrima escorre por meu pecado e sou eu quem não deve permitir que outra mais molhe o chão. Por favor, antes de me ver partir, permita que eu olhe em seus olhos pela última vez.

Eu já te vi lutar e sei que é uma pessoa forte. Isso que você sente agora não combina com você. Então, reaja! Dê o melhor que há em você.

Você tem esse jeito meio orgulhoso e não gosta quando as pessoas, mesmo as que mais te amam, te ajudam de certa forma. Pode te parecer um teste ou talvez você apenas resista pois esse é ‘seu jeito dramático de ser’. Você prefere brigar quando apenas tentam despertar o que há de melhor em você. Então, pare com todo esse orgulho e se permita crescer por um instante. Não há com o que se preocupar, você os conhece bem: são seus amores, são seus amigos, são sua família. Se preocupam à vera com você.

Já é um velho conhecido esse medo em seus olhos. Sua zona de conforto talvez seja capaz de cegá-lo. Que tal se mudar um pouco de sua rotina? Que tal se permitir conhecer um novo lugar para morar, encontrar novos amigos, estar mais próximo de quem tanto te ama. Deixe a insegurança de lado, tá na hora de olhar para um novo horizonte.

Sua confiança também pode ter se tornado um empecilho. Tornou-se difícil acreditar novamente após ter seu coração partido, eu sei como se sente. Mas seria saudável fazer de tal sentimento se esvanecer por algo tão estúpido? Sim, você deve continuar confiando! Transforme o que se tornou negativo em uma esperança de que há sim pessoas melhores do que a mim, velho tolo que ainda há muito o que aprender deste mundo.

E sabe por que mesmo assim mantenho essa preocupação, mesmo que não haja mais laços entre nós? Pois assim um dia você foi comigo. Você queria me ver crescer e estendeu sua mão quando mais precisei. Mesmo tão mal, você foi capaz de me fazer enxergar o que a vida sempre quis me ensinar. Com um tapa forte e inesperado, finalmente entendi o que sempre esteve à minha frente: Passos desenhados ainda não marcados por meus velhos sapatos.

Pois é, fica mais difícil agora seguir sem seus conselhos. Até tentei me enforcar, mas o legado de nossa amizade foi exatamente esse: você me deixou forte demais para que eu não desista tão fácil. Portanto, de mim o que resta é te deixar esta última mensagem, eu não poderia partir sem ela. Só espero que coração se permita tocar só mais essa vez.

Ok, você pode ir agora. Já tomei parte de seu tempo. Creio que você seguirá tirando de si o seu melhor, pois conheço muito bem alguém que já faz isso por você há um bom tempo. E esse alguém encontra-se aí do seu lado. Sempre esteve. E você sabe bem disso.

Quanto a mim, o que aqui dentro fica é um buraco sombrio que logo se extinguirá. Eu sei, eu sei. Também darei o meu melhor, também há alguém querendo o meu. Só há um problema: eu já tô cansado demais de começar tudo de novo.

Tempo que vale a pena

Um dia, um grande sábio me contou um segredo sobre o tempo: “Ele não volta”. Parece meio óbvio, não é? Apenas em teoria. 

Pare tudo o que estiver fazendo e pense por um instante. O tempo é um diamante precioso, você precisa saber usá-lo bem. Não deve desperdiçá-lo. Certo? Então, por que perdemos tempo, o tempo todo? 

Veja, por exemplo, num relacionamento de seis anos que se findou há pouco. Num belo dia, você está com alguém e lhe proporciona momentos inesquecíveis. Não tem o mesmo retorno. O que você faz? Releva, certo? Pois é. Acreditando ser um relacionamento eterno, você se despreocupa de coisas pequenas para fazê-lo durar. 

E o que é essa coisa tão pequena? O tempo. Sim! Chegamos ao ponto: o tempo é o que mais se desperdiça. 

Quando o relacionamento, antes perfeito, se acaba, qual a primeira coisa que você pensa? “Poxa, fiz tudo por ela e ela não zelou de mim por um momento. Perdi meu tempo!”. O que você fez? Sim! Apagou todas as boas lembranças por conta de um término ou pela razão dele. 

Você pensa que botou toda a confiança em uma pessoa e, com uma simples má ação, esse sentimento se vai por água abaixo. A culpa cria uma crosta por sua pele, sujando-o e fazendo você sentir nojo de si mesmo. “Foi perda de tempo esse tempo em que estivemos juntos”. 

E como agimos depois disso? Como nos confortamos por termos perdido tão valioso tempo quando poderíamos ter feito outras coisas? Perdemos mais tempo. Como? Trazendo de volta pela janela tudo o que havíamos jogado fora. Lembranças ruins vem à tona e sentimentos amargos tornam a nos visitar. E por quê? Vale a pena perder mais tempo com quem já perdemos tanto? 

Não pense apenas pelo lado de relacionamentos amorosos, mas nas amizades, nos trabalhos que você teve que pouco lhe valeram. Pense naquele curso que você não gostava e fez só para agradar a alguém. Liste tudo que foi ruim em sua vida, mas liste-as e as jogue fora. Pare de perder tempo com todas elas. Você já não perdeu o suficiente? 

Ponha sua confiança no que quiser. Arrependa-se, brigue, xingue, esbraveje. Faça um espetáculo com seus sentimentos, seja você mesmo, sim! E perca mais tempo. Mas, se for agir de tal modo, tire um aprendizado para sua vida. 

Fazemos várias escolhas ruins, jogamos muito tempo no lixo. Como não podemos recuperá-lo, tire disso uma experiência para que menos tempo seja desperdiçado. A vida é uma só, portanto, trate-a com carinho. 

Perca seu tempo, mas troque-o por experiência e faça valer a pena. 

Gravedigger

103 anos. Sinto ser este o meu último na Terra. Quem sou eu? Apenas mais um coveiro. Um coveiro que já viu o bastante nesta vida. Agora chegou minha hora, chegou minha hora de partir.

Já vi mães enterrarem seus bebês. Uma mãe que, lamentavelmente, perdeu seus dois filhos na Segunda Grande Guerra. Aquela guerra que, sem quaisquer motivos, matou tanta gente que não tinha nada a ver com os interesses daqueles que se nomearam nossos líderes.

É normal uma mãe ser enterrada pelos filhos, mas o contrário é inaceitável. Eu via dor em seus olhos. Os garotos levaram consigo as lágrimas maternas desesperadas por uma lastimável situação. Quanta dor. Ninguém naquele velório era capaz de expressar o que ela sentia.

Essa mulher, pobre, órfã, perdeu seu marido na guerra, perdeu seus filhos pela guerra. Sua vida era, agora, uma guerra perdida. Aquela dor não se transformava em rancor, não conseguia.

Ódio de quem? Do exército? Da guerra? Dos líderes. Quem ela poderia culpar? Era aquela uma situação sem culpados? Ou seriam culpados com motivos pífios? Por que eu sinto aquela dor e não posso ajudá-la? Será que também tenho culpa de fazer parte daquela realidade?

Vejo uma mãe sofrer e que posso fazer por ela? E o que ela poderá fazer de agora em diante? Estava só, estava confusa, seu coração estava partido. Seus filhos jamais voltariam.

A morte é algo intrigante, que te leva sem dor, sem piedade, sem arrependimentos. Basta um minuto distraído e ela te leva, sem destino.

E agora, me despeço. Depois de fazer parte de histórias como essa, deixo aqui meu legado. Quantos já enterrei? Não sei, mas agora chegou minha hora de ser enterrado. Encontrarei essas crianças e tantas outras pessoas para onde vou agora. Talvez.

Só peço que me enterrem a menos de meio palmo da terra, para que quando chova, ainda possa sentir as lágrimas dessas crianças, desses jovens e de todas as outras pessoas que um dia eu enterrei. Tantas, sem motivo algum.

> Indicado por: Marcelo Loriano