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Wonderful Life

Um banquinho, um violão, um dia ensolarado ao lado de tantas árvores. Ventava, não muito forte. Um amigo a quem devo tanto. Momentos incríveis. Amizade, sentimento forte. Sinceridade, respeito, confiança. Cumplicidade. Quando se pode contar com alguém.

Uma frase define: “Alguém que sabe todos os seus defeitos, mas que sempre estará próximo.”

Amizade não define cor, credo, política, sexo, distância ou opiniões. Amizade não se explica, sente-se. Amizade é isso. Somos nós. Somos você e eu.

Agora feche seus olhos, ouça a canção que lhe dedico. Nada define o que vivemos. Não seria a mesma coisa com outra pessoa. Não teria o mesmo significado, nem a mesma força. Momentos simples que se tornam tão boas lembranças. Momentos que não gostaria de ter com outro alguém.

Sei que pode me ouvir com o coração, onde quer que esteja, pelo que quer que esteja passando. Vê-me a seu lado? Sim, estou aí, olhe bem. Sempre estarei. Sente-se só? Sente-se assustado? Estou aqui para lhe dar o ombro.

Compartilhar, palavra tão pouco usada, mas tão bem praticada. Lembra-se das gargalhadas? Das raivas? Dos sucessos? Das tristezas? A companhia se fez luz e destruiu a escuridão que nos ladeava.

Bastava um aperto no peito e uma ligação para ouvir, com voz distante, de coração definhado, a me dizer: “Preciso desabafar” e eu iria correndo. Era uma troca justa: uma lágrima por um sorriso. No final das contas, tudo havia valido e nada entre nós transformava-se em dívida.

Fora um sentido “a mais”, algo que valeria a pena prosseguir. Quando um buraco sob meus pés se abria, você estendia suas mãos para me tirar dali. Era imperdoável sentir-me assim.

E agora, nosso caminho se bifurca. Cada um com seu próprio destino, seus próprios sonhos. O mesmo olhar distante que se encontra pela última vez, prestes a partir. Um violão sem mais afinação, que será tocado apenas com uma mão. Uma canção de uma nota só.

O que aconteceu? Não deveríamos ser uma dupla? Vozes em harmonia? Por que tem que ser assim? Não sei, mas não há o que fazer. Era hora de seguir sem olhar pra trás. Serão lembranças a partir daqui. Um tempo bom que não se regressará.

Adeus, velho amigo. Espero que trilhe por bons caminhos. Desejamos bem a quem nos queira o mesmo e sei que conto com essa tal reciprocidade. Viva bem. Só lhe peço que jamais me esqueça, pois, onde quer que esteja, sempre haverá alguém para se lembrar dessa amizade, não importa quanto tempo passe.

Sou grato pelos maravilhosos dias que passamos. Jamais te substituirei, pois sei que nossos caminhos cruzar-se-ão no mais tardar.

O Outono e a Saudade

Sozinha. É assim que prefere estar?

Pelo tempo em que estivemos juntos, apeguei-me a você. Você sempre foi tão linda, tão doce. Eu me apaixonei depois de um tempo, ao ver seu sorriso todos os dias, poder acordar e ver seus longos cabelos espalhados pela cama. Aquele doce frescor quando você saía do banho. Era a razão da alegria de todos os meus dias árduos e cansativos.

Eu te amei e continuei te amando de tal forma que jamais pudesse me imaginar com outro alguém. Acostumei-me a todos os seus defeitos, àquela rotina, às vezes chata, às vezes tão divertida. Fizemos grandes planos, tivemos nossos filhos, nossos cachorros.

E esse sentimento não se foi. Continuo a te amar e continuarei até que meus dias se findem, mas isso não parece ser o suficiente. Toda aquela primavera, de amores inocentes, passando pelo verão quente e excitante, chegou ao outono, onde tudo começa a se esfriar. E agora sinto que devo partir.

É essa a realidade que você quer para nós? Completava-te da mesma maneira que você a mim e isso me fazia tão bem. Quero te encher de esperanças, mas não posso me tornar algo insistente em sua vida. Se é como queira, devo partir.

Você diz que sempre cuidou de mim, mas não quero saber só desse passado. Quero que cuide no agora e no futuro, até ficarmos velhinhos e nos despedirmos para o mais além. Você diz que sempre me amou, mas uma pessoa não é capaz de amar a outra sem nunca ter se amado. Você diz que nossa hora chegou. Nosso amor era apenas um tempo pré-determinado?

E agora? Para onde vou? Quem curará suas ferias quando eu partir? Quem te roubará dos braços da solidão quando aos prantos vocês cair? Quem te fará erguer-se quando de joelhos não se permitir sair? Quem lhe dará forças? Quem lhe aliviará de todas as dores?

Se devo partir, o farei. Deixo nossas lembranças e levo comigo uma eterna saudade. Não se arrependa de tal decisão, pois breve poderei estar nos braços de alguém, para cuidar-lhe das feridas. Espero que fique tudo bem.

Foto de Guillaume Meurice no Pexels