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Up & Up

Dirigindo há algumas horas por esta estrada quente, onde o sol cobre nossas cabeças de forma tão escaldante, procurando pela água que nosso corpo exige e transpirando de tal forma que nossos rostos chegam a chover suor, dois corações partidos seguem viagem em busca de chuva.

O corpo já não aguenta toda essa pressão que o calor provoca. Estamos sendo guiados pelo carro, mas nem sabemos para onde esta estrada vai nos levar. Pode ser que o motor não aguente, pois o calor ataca sem piedade. Não há sinal de chuva, não há sinal de água. Não há um mapa ou guia. Somente dois amigos sem direção e um carro desgastado pelo tempo.

Por que machuca tanto? Por que esse sol tão forte? Será que não podemos ter um dia maravilhoso de chuva para despertar nossos ânimos? O corpo precisa de um tempo para se cicatrizar. Estar pronto para uma nova onda de mormaço. Só precisamos de um pouco de chuva.

Nem mesmo o canto dos pássaros se ouve mais. Talvez eles tenham se cansado de tentar. Perceberam que sua cantoria havia sido em vão. Não há mais motivos para a alegria. Dói. Dói. Preciso de chuva. Preciso de um pouco de água. Chego a me deitar sobre minhas pernas por desespero.

E quando essa dádiva inunda nosso locomotor, saímos um pouco para refrescar e costurar um pouco das feridas. A chuva é necessária, mas cruel, pois nos alimenta, nos sacia e se vai de repente. Quem não está acostumado sofre, pois tão pronto volta o sol e se adentra em nossas cicatrizes. Machuca. Somente quem já se expôs a ele entende minha dor.

Entenda que não é fácil, mas estamos juntos. Conseguiremos. Um pouco saciados e já podemos continuar. A trilha é longa, durará mais alguns anos e não dá pra desistir. Encarando nosso destino, o horizonte não se encontra perto, mas é nosso objetivo maior.

Se encontrar alguém pelo caminho, não feche sua mente. Use seu poder para que entenda, a quem quer que seja, que o sol pode ser nosso amigo e parar de nos queimar. Se refletirmos por uma fração de segundo, ele e a chuva podem se fazer em harmonia e nos dar um belo arco-íris. Nem só de vitórias que se vive. Cada aprendizado, uma nova conquista.

Pra cima é quem iremos mirar. Nosso “amigo” vermelho e laranja não poderá mais nos tocar. Os pássaros continuarão a cantar e as flores se desabrocharão. Para mim, para você, para todos nós. Não há motivos para sofrer. Não mais!

Dirigindo sob o sol escaldante, a procura de chuva para banharmos nossos corpos tão cicatrizados, pensamos em como nossos corações algum dia pode dar outra chance para o amor. A dor te faz querer dar um basta. Não pra mim. Não devemos desistir tão fácil dele. Acredite nele. Acredite no amor.

Por favor, nunca desista!

Longe de Mim, Encontrei o Amor – Part II

Leia a primeira parte do conto clicando aqui

Talvez, você não saiba, talvez não tenha decifrado em meus olhos, talvez você não tenha certeza do que estou sentido, mas sei bem o que você deve estar pensando: “Por que ela fugiu dos meus braços naquela noite?” Agora estou aqui, em meu quarto, triste por uma atitude tão tola.

Fiquei nervosa, eu sei. Todos aqueles flashes e olhares para a minha pessoa. Ah, como eu fiquei tímida, como fiquei nervosa. Meu pensamento quis dizer “sim”, meu coração quis dizer “sim”, minha boca estava quase dizendo “sim”, mas meus pés foram mais rápidos e me fizeram fugir dali.

Devo ter partido seu coração. Não me leve a mal. Quando vejo seu rostinho tão fofo, sorrindo pra mim com o olhar mais inocente do mundo, percebo o quanto ganhei na minha vida.

Já procurei tanto, mas quando estava quase desistindo de lutar, veio meu cúpido e me flechou de tal forma que não pude controlar.

Estou pronta para entregar meu coração a você, pois sei que é digno de cuidar bem dele como cuida tão bem do seu e sei como está disposto a enfrentar tantas barreiras que te aflige para lutar pelo nosso amor. E você não lutará só, pois lutarei sempre ao seu lado.

E era exatamente assim que eu escreveria nossa história. Parece ser tão simples quando rascunhamos lindos desenhos deste maravilhoso conto, apenas desenhando nós dois sentados à beira do mar, vendo o sol se pôr, de mãos dadas, com tantos corações voando, enquanto tocamos os lábios do outro.

Mas eu falhei. E com apenas um tropeçar, deixei que essa folha caísse no mar e se molhasse e ao tentar pegá-la, ela se rasgou, deixando-nos uma lágrima.

Desculpe-me por ter fugido. Agora estou aqui no quarto, desejando que você me dê uma nova chance para que eu possa ver você novamente, com esse seu olhar puro e encantador que me faz apaixonar. Sinto tanto sua falta. Será que não há um meio fácil de dizer tudo isso? Eu me sinto tão mal de estar aqui sozinha, esperando por você…

Quando estava prestes a perder minhas esperanças, eis que uma luz surge e penetra em meu ser.

*

  • Ei, psiu, gatinha…

Escuto alguém me chamar. Olho pela janela e vejo aquele velho amigo seu.

  • Acho melhor você vir aqui agora. Seu namorado está partindo, não podemos perder tempo!

Sem ao menos ter tido tempo de pensar, troco de roupa e corro para seu carro. Ele me explica tudo pelo caminho:

  • Você deu mancada, o rapaz está pensando que você não o quer.
  • Eu não tive culpa, fiquei muito nervosa! Se ao menos pudesse voltar no tempo.
  • Não há com o que se lamentar. Ele ficou muito mal e pegou o carro com a intenção de voltar para sua terra. Pedi que fosse te ver antes para ouvir uma explicação sua, mas ele disse que não acreditava mais no amor.
  • Preciso reconquistá-lo, mas como? Ele deve estar longe agora!
  • Se eu perguntasse a alguns dos meus amigos policiais, talvez saberíamos por onde ele já tenha passado.
  • Você tem amigos policias?
  • Sim, tenho alguns!
  • Tive uma ideia! Por favor, deixe-me no hotel que ele se hospedou. Eu explico tudo pelo caminho.
  • Tem certeza de que isso pode dar certo?
  • Acredite em mim! É minha última chance de ser feliz ao lado dele.

Correntes Invisíveis

O mundo ao nosso redor está se desmoronando. Vejo o chão empoçado de sangue. O sangue jorrado por tantas mentiras e injustiças que dominam todas essas pessoas que me cercam. 

Tento me manter forte, mas é psicologicamente impossível. Quase isso. Ataques em demasia provindos de lugares que menos espero querem me ver cair e implorar para que eu seja como eles. Eu me recuso todos os dias. 

Conheço-me bem. Viver todos os dias sob essa pele não é fácil. Minha insegurança me aterroriza, mas aprendo a vencê-la dia após dia para que nada possa me derrubar. 

Percebeu como sou? Sou como você, com medo de viver após cada manhã. Às vezes sinto meu coração quase parar de bater, mas deixo a emoção fugir e a razão fala mais alto. Não permitirei que me tirem a única coisa que tenho. Dignidade. 

Olhe agora nos meus olhos. Você me diz que quer morrer, pois esse seu mundo em que você se trancou está cada dia mais fraco. As trincas já se enferrujaram e a madeira já está toda corroída por esses cupins que nos enchem a cabeça de seus próprios fatos. “Você tem que ser como nós”, é como eles te falam, não é? Eu te entendo. 

Venha comigo, eu não permitirei que nossa morte venha tão prematuramente. Lutaremos juntos para encontrar nosso caminho e eles que se ferrem. Não nos subordinaremos, nem permitiremos que a tristeza nos visite. 

Quebre essas correntes invisíveis envoltas em suas pernas. Se não for capaz, eu até te dou uma mãozinha, mas sua ajuda é essencial.  Pare de se lamentar pelas coisas que você não consegue e pensar que pôr fim nisso tudo é a solução. Eu estou aqui, não estou? Sou a prova de que nós temos um espaço por aqui e invadiremos aqueles há quais ainda não pertencemos. 

Não temos que nos assemelhar a nenhum rótulo. Se somos tão parecidos, melhor caminharmos juntos, não? Portanto, vamos à luta. Não desista de mim. Luto a fim de aumentar minha força, mas se estivermos juntos, esse poder que carregamos se multiplica. 

Então, venha! É hora de recuperarmos nossas vidas e encontrarmos tantos outros que sofrem pelo caminho. Venha! Chegou nossa hora de vencer. 

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