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O mineiro que adora trens

Quando eu era pequeno, o meu sonho de infância era ter aqueles trens de brinquedo.

Um primo mais velho tinha e eu adorava ficar vendo aquele trem andando nos trilhos, mesmo que de forma manual.

O tempo passou e eu sofri calado. A paixão por trens continua, mas eu ainda não realizei meu sonho. Porém, já fiz duas viagens maravilhosas de trem. Uma por Bento Gonçalves / RS e outra por Morretes / PR.

Lembro que em 2016, estava com um primo em Curitiba e descobrimos um passeio maravilhoso com destino a Morretes / RS. O passeio durava cerca de 2h e está listado entre um dos passeios de trem mais bonitos do mundo.

Leia: Roteiro Hypeness: um dos 10 passeios de trem mais bonitos do mundo é no Brasil

Apesar de já ter cerca de cinco anos, ainda me lembro de algumas coisas. Por exemplo:

O passeio durou mais do que duas horas, porque algo aconteceu no meio do caminho (não sei se tinha dado problema na viagem ou se tinha alguém amarrado nos trilhos do trem).

Estava fazendo tanto frio que, em uma parte do passeio, estávamos acima das “nuvens”, ou melhor, da neblina. E a visão é linda.

Podia ter durado mais o passeio, pois a vista, meu amigo…

Como nós fomos no inverno, o verde belo da natureza não estava tão verde assim, mas a paisagem era tão bonita que não cabia numa foto. O passeio era gostoso, tranquilo e contava com treze túneis (viagem que não é pra você, amigo claustrofóbico).

A guia turística também era um amor de pessoa. Apresentando e nos contando histórias, ela vez ou outra soltava uma piadinha bem-humorada, como: “aqui na cidade de Curitiba, o trem precisa andar mais devagar, a uma velocidade de 10km/h. Porém, ao sair, o trem atinge uma ultra-mega-power velocidade incrível de 20km/h”. Sim, é bobo, mas isso nos divertia.

Morretes, o destino, não é uma cidade grande, mas tinha lá seus atrativos. O que eu poderia mencionar é o prato típico de lá, o barreado, feito com carne de sol. Quem algum dia for lá, prove. É uma delícia.

Barreado | Receitas
Receitas Globo

O passeio foi tão bom que eu precisei até sair do trem pra andar à pé nos trilhos.

A viagem de trem existiu, mas a vontade de ter um trem de brinquedo, ainda não.

E você? Tem alguma viagem inesquecível?

A experiência de mochilar

Talvez fosse mais divertido sair por aí, viajando de planeta em planeta, pegando carona pelas naves, com um amigo que tenha vindo de um pequeno planeta próximo de Betelgeuse, carregando apenas sua tolha e um guia. Conhecer lugares impressionantes, povos interessantes e culturas diferentes, com crenças, línguas, sotaques e paisagens diferentes. O único revés seria nosso planeta destruído, mas aí seria mero detalhe.

Mas para mochilar, não é preciso sair de nosso planeta – pode-se fazer por este aqui mesmo (eu sei que você queria outras opções, mas vamos enaltecer aquilo que é nosso). E você pode encontrar povos, culturas, histórias, sotaques, tudo por aqui mesmo, sem precisar esperar uma nave Vogon para ser invadida.

Mochilar requer enfrentar certos desafios. É preciso ter coragem (ou enfrentar o medo), é preciso disciplina, algum dinheiro no bolso e vontade de conhecer o novo. Lembre-se de que estamos falando de mochilar, não de viajar, que tem certa diferença. Mochilar é colocar a mochila nas costas e partir, algumas vezes sem rumo, a fim de novos desafios.

Confesso que, apesar de precisar de algumas skills para tal quest (aspirantes de RPG entenderão), muitas eu tive que adquirir na marra, como a coragem (ter um nível aceitável de segurança nunca foi meu forte), disciplina então nem se fala (eu estava mais para ‘vamos ver no que vai dar’) e, apesar de ter economizado alguma grana, certas ocasiões na viagem eu preferi abrir mão para não gastar um pouco mais de dinheiro. Então, depois de ter prometido pra mim mesmo que algum dia faria uma viagem sozinho, resolvi fazer meu primeiro mochilão, passando pelo sul do Brasil, partindo de São Paulo.

Viajar por lugares desconhecidos gera muitas dúvidas. Você fica se perguntando o que irá acontecer, quais histórias acontecerão, quanto dinheiro irá gastar, quem você irá conhecer. Por tantas questões é que me batia certa insegurança.

Cada qual tem sua experiência e eu considero que ainda não tenho certa maturidade para dar dicas e sugestões para quem quer sair desbravando por aí, mesmo que tenha passado quase 30 dias fora, entre 8 cidades (apenas). Porém, posso dizer que a experiência é incrível.

A parte mais interessante foi de conhecer novos amigos e suas histórias, partilharmos momentos mágicos e únicos para cada um de nós, mesmo partindo de modos diferentes. Mesmo que eu tenha viajado sozinho, nunca estive sozinho, independente de qual destino. Entre tantas cidades, cheguei a dormir em 3 hostels (é esse o plural de hostel?) que são aqueles albergues em que você aluga uma cama apenas num quarto onde dormem muitos desconhecidos, o que me proporcionou essas amizades. Sim, pra quem gosta de sua privacidade ou de manter sua intimidade intacta, sugiro que evite a ocasião, mas pra mim valeu a pena.

Não se trata apenas de estar solteiro, é preciso ter um espírito aventureiro, como um casal mexicano que conheci em uma dessas viagens que resolveram se unir para desbravar toda a América Latina (achivement que ainda almejo). Eles buscavam hostels ao redor do mundo que trocavam sua mão-de-obra por um lugar para se hospedarem (com direito a comida, banho e cama). Se eu tenho coragem de fazer isso? Não ainda. Mas sei que muitos casais sequer se arriscariam, por ser uma realidade livre demais (e nômade). Agora, se você já tem toda uma vida já construída, com sua casa, seu emprego fixo, sua família e seus amigos e queira mochilar por um período muito longo, só será possível deixando tudo pra trás e dando a cara a tapa (exceções existem, porém ainda desconheço).

Quando voltei da minha longa viagem, os comentários que eu ouvia eram: “eu queria muito fazer isso que você fez, mas:
1 – isso não é pra mim
2 – não tenho coragem
3 – preciso ter minha privacidade
4 – meu(a) marido/esposa não gosta desse tipo de coisa”.
Percebi que sempre havia algum motivo que impedisse tais pessoas. Tudo bem, cada um tem seu motivo e é algo que eu não indicaria para todos, mas quem quiser fazer, faça, mesmo que por pouco tempo, como no meu caso. Você traz uma bagagem muito maior do que levou, de uma forma que a metáfora me permite dizer.

Este texto está um pouco genérico e, talvez alguns tenham ficado curiosos para mais detalhes de como foi minha viagem, porém como este é um texto um pouco longo, vou discorrendo um pouco mais das minhas experiências ao longo de outras postagens, não só desta viagem, como de outras que fiz. Mas deixo aqui uma dica simples, porém valiosa: mesmo que seja apenas para sua cidade vizinha, viaje! Você pode se surpreender.

Um abraço.

Créditos da imagem: Image by Free-Photos from Pixabay