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O pôr-do-sol estava lindo de se ver. Estávamos os seis sentados naquela areia frente ao mar. Com alguns instrumentos, tocávamos algumas canções que mais gostávamos. Entre uma música e outra, elevávamos o que dizíamos ser uma forte amizade que nasceu só pouco depois de nascermos. E, assim, nascemos. 

Éramos muitos ali, mas meu coração insistia em ouvir apenas a você. Meio a tantos timbres descompassados era o seu silêncio que me fazia sorrir. Sentados em volta da fogueira, sobre aquela areia, a conversa me vinha falha e as respostas me saíam trôpegas, só para não parecer distraído por você. Eu sorria, meio por descuido e olhava ao redor para saber se algum olhar havia percebido. Um sorriso discreto respondia que sim. Enrubesci. 

A noite ia caindo, as estrelas surgindo e o papo ia ficando, aos poucos, mais escasso. Ficamos só nós, dois bobos, sentados sob aquele céu brilhante e generoso. O sono ia me pesando, e meu corpo pedia leito em seus braços, mas você não me deixava dormir. Nem te culpo por querer esse tempo nosso, porque sua companhia era meu carinho e o único desejo que jamais faria era querer te ver aqui sozinho. 

E não me importa quanto tempo nos resta, importa agora só o que é nosso, esse momento que partilho com você. Pois amanhã, quando o dia acabe e for a hora de partir, meu pensamento ainda será você. E não importa se ficarmos distantes, se estivermos mais longe do que Rio e São Paulo ou se pudermos apenas nos falar por áudio, ainda quero estar com você. 

Quando tocar nossa canção, dance, mesmo que desajeitado. Quando tocar nossa canção, cante, mesmo que desafinado. Há lembranças que nos fazem bem, há saudades que valem a pena. Há histórias que ainda há muito que escrever. Porque, se algum dia for pra ser, mesmo que demore alguns anos, a nós a luz haverá de ascender. 

O aceno do ciclo 26

Um vento novo bagunça meus cabelos, enquanto vejo a mesma lua com um brilho diferente. Eu já esperava por este dia, desde aquele último, no ano passado. Como todos, paro de súbito para refletir tudo o que passou. Eu posso ser o mesmo, mas meus pensamentos variaram um pouco. Tanta coisa se passou desde então.

Como tudo mudou de um ano para o outro. Primeiro, a ordem era derrubar todos os inimigos que assim fizeram comigo, depois, ter uma nova visão de tudo. Parecia que estava renascendo tudo em mim e o resultado foi uma balança assustadoramente positiva, tão diferente da primeira.

Nascer na primavera tem lá suas vantagens, pois é o tempo de renascimento. Não tenho do que reclamar, a vida me presenteou de tantas formas que fica difícil escolher apenas um momento bom. Rememorar todos aqueles que por mim cruzaram é mágico. O que aprendi não está escrito. É uma pena que tantos outros desembarcaram. Na esperança, despeço com um aceno de até breve.

Levo de tudo isso uma esperança de que sempre que queremos, algo pode melhorar. É claro, a vida nunca é fácil, mas por favor, não tente pensar muito sobre isso. O medo faz parte de todo amadurecimento.

Bem, eu continuo. Olhar pra trás e seguir sem meus velhos erros. O que é bom continua? Talvez. Talvez cometer novos erros seja bom, quem saberá se não arriscarmos? Tentar algo diferente é bom para o ego e para a alma. Não tem como adivinhar. Valerá a pena? Eu não sei.

O que eu sei é que qualquer estrela que eu queira poderá fazer parte do meu caminho. Elas sempre serão bem-vindas em minha vida. O que importa é ser feliz, sendo quem sou e sem me importar com o que vão dizer. E quer saber? Todo mundo tem o direito de ser feliz a sua maneira, não cabe a ninguém repreendê-las. Talvez, essa seja a nova ordem. Ser feliz é o que importa agora.