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A trajetória do mochileiro

Resolvemos dividir o livro “O guia do mochileiro das galáxias”, de Douglas Adams e o primeiro da série “O mochileiro das galáxias” em cinco partes de forma bem resumida.

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O Fim da Terra
Arthur Dent é o personagem principal e descendentes dos primatas – um terráqueo. Seu melhor amigo, Ford Prefect não, pois veio de Betelgeuse. Arthur está preocupado que sua casa será derrubada, pois uma galera que dirige tratores amarelos querem construir uma via, pois via são necessárias. Mas, Ford o chama para tomar umas cervejas num bar ali próximo, pois não importa o que aconteça com sua casa, o mundo será destruído. Arthur não acredita. Então, os Vogons aparecem e destroem a Terra, pelo mesmo motivos dos caras dos tratores amarelos – é preciso construir uma via galáctica interespacial.

Passeio com os Vogons
Toda terra é destruída, todas as informações e todos os habitantes, exceto um – Arthur, salvo por seu amigo Ford, por terem conseguido se penetrar na nave dos Vogons levantando o polegar. Quem os ajudou foi uma turminha que cozinha para os vogons – os melhores da galáxia. Arthur passa a acreditar na história de Ford (impossível não, nessa altura), mas não tem muito tempo pra conversar, visto que são expulsos da nave, após um dos Vogons ler o seu tão temível poema.

Vogons Poetry GIF | Gfycat
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Carona de Ouro
Expulsos da nave e com pouquíssimo tempo de sobrevivência, Arthur e Ford são capturados pela nave do presidente da Galáxia Zaphod Beeblebrox que viaja com Trillan, outra terráquea que havia fugido do planeta com Zaphod um tempo antes da terra ser destruída com o intuito de estudar melhor a galáxia (ela é astrofísica). Zaphod roubou a nave coração de ouro, que conta com um gerador de improbabilidade infinita com o intuito de fazer buscas pela galáxia, mas no final das contas nem ele mesmo sabe o que está procurando. É aqui também que conhecemos Marvin, o robô superinteligente que sofre de depressão e reclama que faz tarefas que não condizem à sua inteligência e de portas que suspiram satisfatoriamente toda vez que se abrem para alguém passar por elas.

10 mandamentos do Rei da Galáxia – Obrigado Pelos Peixes!
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Encomendas de planetas aqui
Eles descobrem o planeta de Magrathea, que, até então, parecia uma lenda. Um planeta, aparentemente, inabitável, mas que os recebem com duas olgivas. Por sorte, conseguem escapar. Eles posam e se separam em dois grupos: Trillian, Zaphod e Ford entram num local e desaparecem. Arthur e Marvin ficam vigiando o local. Aparece Slartibartfast, que conta que Magrathea é um planeta que constrói planetas por encomenda e que a Terra foi um supercomputador projetado para responder à pergunta fundamental da Vida, do Universo e tudo mais, algo encomendado por dois “ratos” – espécie considerada a mais inteligente vivente no planeta terra.

Revolução dos Ratos
Antes de projetarem a terra, os dois seres, os ratos, desenvolvem o segundo computador mais inteligente. Ele deveria responder a grande questão da vida, do universo e tudo mais, porém, ele alega que demorará cerca de 7 milhões de anos para respondê-la. Então, num mega evento, com muitas pessoas, os descendentes dessas duas criaturas retornam, mas a resposta não é satisfatória: 42. O próprio computador alega que eles nem sabem a pergunta para tal resposta e, para isso, seria necessário construir um computador mais inteligente do que esse. E aí, eles encomendam a terra. Porém, há poucos minutos de a resposta ser revelada, os Vogons aparecem e destroem o planeta para construírem uma via intergaláctica.

E aí, a história continua no livro 2: “O Restaurante no Fim do Universo”

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O filme do mochileiro das galáxias

Foram os golfinhos que tentaram nos alertar da destruição prévia do planeta terra, mas nós nunca entendemos a mensagem. Por isso, eles nos deixaram e junto, uma mensagem: “Até mais e obrigado pelos peixes”.

Introduzindo

Em 2005, a série de rádio de sucesso e, posteriormente, série de livros de Douglas Adams, o Guia do Mochileiro recebe sua versão em filme homônimo dirigido por Garth Jennings, produzido pela Walt Disney Pictures em outubro de 2003, dois anos após a morte do escritor. Mesmo sabendo que filmes geralmente não seguem a risca dos livros, o filme deixou muito a desejar e eu te digo o porquê.

Piadas sem sentido

Se você leu o primeiro livro, consegue entender bem o que se passa em cada cena. Porém, se você apenas assistiu ao filme, creio que muitas interrogações pairam em sua cabeça. O filme começa com a destruição da terra, após uma conversa entre Arthur Dent e Ford Prefect, regrada de 3 canecas de chopps (alguém reparou numa senhora que fica parada olhando para o rumo dos protagonistas sem motivo aparente?), mas a conversa toma outro rumo quando Arthur, sem prévio aviso, começa a contar sobre como conheceu Tricia Mcmillan.

Já de cara, é perceptível como o filme perde muito do humor do escritor, como na parte em que Ford apenas oferece cerveja para os operários que querem destruir a casa de Arthur, ao invés de confundi-lo. Na obra, há todo um diálogo sobre como não há diferença se for Arthur ou qualquer outra pessoa (inclusive, o próprio operador de trator) que ficasse ali deitado, enquanto eles vão tomar uma cerveja no bar ali do lado. Arthur ainda vai sem problemas com Ford, sem esboçar qualquer sinal de preocupação, seja porque vai perder sua casa ou o seu planeta.

Outro ponto: se a toalha é um item tão importante, tanto que ganhou uma página exclusiva no livro e um dia a ser comemorado em nosso ano, por que no filme sua importância foi resumida a uma fala de Ford? “Cadê a toalha?”

Também fica a dúvida: como Ford foi parar na Terra e o que ele estava fazendo lá? Outras piadas que envolvem deixar seres intergaláticos confusos, como na cena em que os seguranças dos Vogons vão expulsá-los da nave e a única frase que eles dizem é “Resistir é inútil” (poxa, gente, tinha toda uma questão filosófica aí).

Uma das melhores partes

Confesso que adoro o fato de transformarem a cena de revelação da pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais em um grande evento: com um grande público que vibrava a cada sentença que o super computador diz: “A resposta para a questão fundamental da vida, o universo e tudo mais é…”

(Pausa dramática)

42.

MagratheaA origem de tudo

O grande computador diz aos criadores que, não basta saber a resposta, é preciso entender qual a pergunta fundamental para a vida, o universo e tudo mais. Por isso, eles precisam construir um supercomputador de 10 milhões de anos para a questão. Entretanto, dois dias antes de encontrarem a resposta, os – transformados em – ratos (a primeira espécie mais inteligente da terra, seguido dos golfinhos e depois os humanos) veem a Terra ser destruída pelos Vogons. Por isso, eles precisam partir para Magrathea, um planeta onde ricos podem encomendar seu próprio planeta (alguém encomenda a segunda Terra).

Finalizando

O filme é mediano, mas ilustra boa parte do livro, para quem precisa de um reforço, visto que o livro precisa de uma atenção um pouco maior para aqueles que não estão acostumados com o humor no estilo britânico de Douglas. Entretanto, muitas piadas se perdem, pois muitas frases soltas são jogadas do nada no mesmo filme (como a cena em que Ford começa a girar uma manivela na nave Vogon e apenas diz que nada está acontecendo ou quando Arthur aperta um botão e apenas aparece a mensagem: “não aperte este botão novamente). Neste caso, a ordem é ignorar a piada (qual?) e seguir vendo o filme.

Lições sobre como voar

Introdução
O Guia do Mochileiro das Galáxias diz o seguinte a respeito de voar:
Há toda uma arte, ele diz, ou melhor, um jeitinho para voar. O jeitinho consiste em aprender como se jogar no chão e errar. Encontre um belo dia e experimente.

Primeiros passos: Se jogue!
A primeira parte é fácil.
Ela requer apenas a habilidade de se jogar para a frente, com todo seu peso, e o desprendimento para não se preocupar com o fato de que vai doer. Ou melhor, vai doer se você deixar de errar o chão.

Erre o chão!
Muitas pessoas deixam de errar o chão e, se estiverem praticando da forma correta, o mais provável é que vão deixar de errar com muita força. Claramente é o segundo ponto, que diz respeito a errar, que representa a maior dificuldade.

Problemas de quem não erra o chão
Um dos problemas é que você precisa errar o chão acidentalmente. Não adianta tentar errar o chão de forma deliberada, porque você não irá conseguir. É preciso que sua atenção seja subitamente desviada por outra coisa quando você está a meio caminho, de forma que você não pense mais a respeito de estar caindo, ou a respeito do chão, ou sobre o quanto isso tudo irá doer se você deixar de errar.
É reconhecidamente difícil remover sua atenção dessas três coisas durante a fração de segundo que você tem à sua disposição. O que explica por que muitas pessoas fracassam, bem como a eventual desilusão com esse esporte divertido e espetacular.

A dica de ouro é: Distraia-se!
Contudo, se você tiver a sorte de ficar completamente distraído no momento crucial por, digamos, lindas pernas (tentáculos, pseudópodos, de acordo com o filo e/ou inclinação pessoal) ou por uma bomba explodindo por perto, ou por notar subitamente uma espécie
muito rara de besouro subindo num galho próximo, então, em sua perplexidade, você irá errar o chão completamente e ficará flutuando a poucos centímetros dele, de uma forma que irá parecer ligeiramente tola.

Balance e flutue, flutue e balance!
Esse é o momento para uma sublime e delicada concentração.
Balance e flutue, flutue e balance. Ignore todas as considerações a respeito de seu próprio peso e simplesmente deixe-se flutuar mais alto.

Foco!
Não ouça nada que possam dizer nesse momento porque dificilmente seria algo de útil.
Provavelmente dirão algo como: “Meu Deus, você não pode estar voando!”
É de vital importância que você não acredite nisso: do contrário, subitamente estará certo.

Aperfeiçoe seu voo
Flutue cada vez mais alto.
Tente alguns mergulhos, bem devagar no início, depois deixe-se levar para cima das árvores, sempre respirando pausadamente.

NÃO ACENE PARA NINGUÉM.
Quando você já tiver repetido isso algumas vezes, perceberá que o momento da distração logo se torna cada vez mais fácil de atingir. Você pode, então, aprender diversas coisas sobre como controlar seu vôo, sua velocidade, como manobrar, etc. O truque está sempre em não pensar muito a fundo naquilo que você quer fazer. Apenas deixe que aconteça, como se fosse algo perfeitamente natural.

A parte final: O pouso!
Você também irá aprender como pousar suavemente, coisa com a qual, com quase toda certeza, você irá se atrapalhar ― e se atrapalhar feio ― em sua primeira tentativa.

Clubes privados de voo – faça amizade com quem também está neste ramo.
Há clubes privados de voo aos quais você pode se juntar e que irão ajudá-lo a atingir esse momento fundamental de distração. Eles contratam pessoas com um físico inacreditável ― ou com opiniões inacreditáveis ―, e essas pessoas pulam de trás de arbustos para exibir seus corpos ― ou suas opiniões ― nos momentos cruciais. Poucos mochileiros de verdade terão dinheiro para se juntar a esses clubes, mas é possível conseguir um emprego temporário em um deles.

Texto retirado de “A vida, o universo e tudo mais”, componente da saga “O mochileiro das galáxias”, de Douglas Adams