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A primeira vez – De tudo

Quando se é tímido, tudo talvez fique duas ou três vezes mais difícil do que o normal. Falar ao telefone, falar em público, começar numa nova escola ou na academia, ingressar num grupo qualquer. Tudo isso (e um pouco mais) é algo que nos faz perder o sono por dias.

Ok, hoje vamos falar sobre a primeira vez de tudo, de uma forma geral. Enfrentar o desconhecido, sabendo pouco ou quase nada daquilo que se enfrenta pela primeira vez.

Pensa só: você se matricula numa faculdade ou numa academia, vai fazer entrevista de emprego, vai se mudar de cidade ou até mesmo vai a um show de rock sozinho. Antes de ir, aposto que seus pensamentos se multiplicam (muitos deles são negativos) e te atormentam por dias.

Você se identificou com as questões acima ou acha que a maioria só é difícil por conta das novas mudança? Se você respondeu “sim” para a segunda, então talvez você não entenda o peso de uma timidez, pois, além do “medo” tradicional do novo, há um “medo” maior por não sabermos o que ou quem encontraremos. Se passaremos vergonha, por exemplo, de levantarmos um peso de 5kg perto dos nossos colegas marombas (que levantam 10 vezes mais) ou de um professor nos perguntar algo que ainda não sabemos sabemos, enquanto todos na sala aguardam, em silêncio, por uma palavra nossa.

E que tal ficarmos em trajes de banho na aula de natação ou sermos arrastado para uma balada indesejada? Aí a gente enrubesce, trava, tropeça, não sabe o que fala e, cada risada ao fundo, é como se fosse uma ofensa que nos machuca.

Sabe, talvez a timidez seja um bloqueio invisível, que só nós enxergamos. Por vezes, as pessoas nem se preocupem com o que estamos fazendo (quando na mais simples ação) e, muitas vezes, quem nos atende já viu coisa pior (e o nosso nervosismo seja apenas algo trivial). Quem nos vê nessa situação (que apontamos como constrangedora, mesmo que não seja), talvez não saiba lidar com tímidos, talvez não se importe, talvez não tenha tato para a situação que estamos passando ou talvez também seja tímido.

Sim, amigo tímido, é difícil fazermos algo pela primeira vez (segunda, terceira, quarta, quem sabe), mas se nunca enfrentarmos o que nos atormenta, jamais sairemos do lugar, jamais amadureceremos. E sabe como a gente enfrenta? Com pensamento positivo e um sorriso no rosto? Talvez, mas também precisamos de treino. É hora de olharmos para o espelho e mandarmos aquele discurso, como se estivéssemos apresentando um trabalho para milhares de pessoas, é dividindo o nosso “monstro” em pedaços para atacarmos cada parte do seu corpo até que ele possa ser completamente derrotado, simulando pequenas ações que iremos enfrentar mais tarde. E, se possível, pedirmos ajuda, conselho ou até mesmo a companhia de alguém que conhece ou que já passou por algo semelhante. Você não está só e nem será o primeiro (ou o último) a enfrentar esse mal.

Agora pense: um jogador não treina sempre, mesmo tendo disputado milhares de partidas profissionais de futebol? Então porque crermos que estamos prontos para todas as situações? Somos propensos a errar, mas também propensos a acertar. Basta tentarmos.

Vai ser difícil, sim! Em todas as vezes. Mas, e aí, vamos deixar esse monstro da primeira vez nos vencer sempre?

Um forte abraço a todos os meus amigos tímidos.

Uma geladeira que abre assim

Essa história aconteceu há milhares de anos, mas vou recontá-la como se fosse natal de 2019.

Natal, eu e mamãe andando pelas ruas da cidade.

Nenhuma dessas pessoas é minha mãe. Eu tô ali

Procuramos por uma geladeira que ela queria (juro, gente, descobri o que era Fost Free nesse dia, aheuaehuae)

E aí, ela para na frente de um vendedor, completamente sério, que estava de costas para uma fileira de geladeiras:

– Moço, eu quero uma geladeira que abre assim…

Terminou de falar e fez o movimento de como se abre uma geladeira qualquer.

O vendedor, ainda muito sério, fixou-se em frente à geladeira mais próxima (que era dessas duplex bastante comum) e abriu a geladeira da mesma forma que ela havia feito com o movimento. Neste instante, minha mãe fechou a geladeira com toda a força, mais do que o vendedor, aparentando um movimento brusco e grosseiro.

– Não, não é dessas que estou falando.

Neste instante, não me aguentei de tal cena e comecei a rir, de forma que eu não pudesse parar tão fácil. Tive que sair de perto para que o vendedor não percebesse minha falta de educação. Neste momento, minha mãe explicava, exatamente o que ela queria. E, então, voltei ao normal.

No fim, ainda tive que me deparar a outra cena protagonizada por minha mãe: ela havia se esbarrado em outro vendedor, distraído, e quase caiu no chão.

Bom, não vou dizer que ela só foi comprar essa geladeira anos mais tarde

O que rola no facebook (25)

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Tempos difíceis

Dá pra perceber quando serão tempos difíceis quando nem a luz do dia aparece na minha cama pra me acordar, exceto o lustre que cai próximo da cabeça (poxa, até senti um caco em minha língua). E você ri do cabelo que nem penteei ainda.

Tá dando tudo errado. Eu rolei da cama e caí ali no chão, quase me corto com o resto do lustre espatifado. Solto um gemido de ‘me deixe aqui no chão’ e fico ali esfregando a cara no piso gelado. Nem era pra eu ter saído da cama. E você ri da minha falta de coragem.

Serão tempos difíceis, tempos pelos quais nem me atrevo a lutar, tempos em que até o banho vira sofrimento (sério, você não ia nem querer sentir meu cheiro), tempos em que minha ansiedade por fazer algo direito mais ataca. O coração até palpita mais rápido que eu mesmo (tá, eu sou apenas uma lesma imóvel no quarto). E você fica aí rindo da minha falta de mobilidade.

Eu me rastejo até o outro quarto, pego minhas baquetas, bato com força na minha bateria, mas o barulho (como os próprios vizinhos chamam) nem levanta meu astral. Depois jogo uma delas na parede que ricocheteia para minha testa (imagina se pega no olho). E aí o prato cai na minha perna e meus olhos reviram de dor (agora tenho que voltar ao outro quarto pra vestir uma calça que esconda o roxo). E você fica aí rindo quando eu apanho.

A perna mancado, a outra arrastando e eu nem sei como a falta de ânimo me fez levar até a cozinha. Faço meu ovo frito, meu bacon frito, minhas batatinhas fritas (meu café muito bem saudável, aceita?) e meu refrigerante zero (não quero engordar), mas nem elas saciam minha fome. E você ri da minha falta de apetite. Talvez uma maçã… não, esqueça! Isso não faz bem à saúde.

Na parede da sala, minhas fotos de 6 anos atrás parecem tão felizes, de uma jovem loira (magra, olhos azuis, sorriso ardente, linda e muito humilde) que conquistou o mundo e que agora não é capaz nem de pegar o controle da própria tv de led que comprou de seu intocável salário. O DVD cheio de poeira (quem é que ainda usa isso?) e um filme que nunca vi (Norris, é você?). E você ri da minha falta de entretenimento (e, talvez, da modéstia que ficou lá no passado).

Sinceramente, eu até ia contar mais do meu dia, mas acabei pegando no sono de novo, deitada no sofá. Tempos difíceis essas manhãs de domingos. Você fica aí rindo de mim só porque nos divertimos ontem a noite e hoje eu só tô o porre (opa!). Vai lá, chama seus amigos para rirem de mim, eu nem ligo mesmo… (amanhã já tô de boa!).

Foto de kira schwarz no Pexels